PUBLICIDADE

Milhares protestam em Madri contra governo de esquerda do presidente Pedro Sánchez

Manifestação em ano eleitoral ocorre após revogação do crime de sedição pelo Executivo, principal acusação que levou nove líderes separatistas catalães à prisão em 2017

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

Milhares de pessoas protestaram neste sábado,21, em Madri, capital da Espanha, contra o governo de esquerda do primeiro-ministro Pedro Sánchez, em uma manifestação apoiada pelo partido de extrema direita Vox.

Entre bandeiras vermelhas e brancas, os manifestantes pediram a renúncia de Sánchez. Alguns deles seguravam cartazes com a foto do chefe do governo e a frase “traidor”.

Segundo dados da delegação do governo, mais de 30 mil pessoas foram à Praça de Cibeles, no centro da cidade, para participar do protesto. Os organizadores afirmam que foram mais de 700 mil.

Manifestantes em Madrid empunhavam cartazes chamando o primeiro-ministro Pedro Sánchez de traidor  Foto: Víctor Lerena/EFE

PUBLICIDADE

A manifestação foi convocada por uma dezena de grupos e organizações de direita e tem o apoio do conservador Partido Popular (PP), principal sigla da oposição, e da formação de extrema-direita Vox.

Ela ocorreu depois que o governo revogou o crime de sedição, a principal acusação pela qual a Justiça espanhola condenou nove líderes separatistas catalães por seu papel na tentativa fracassada de independência da região em 2017.

O crime foi substituído por outro, com pena de prisão menor. A oposição de direita quer reverter a medida quando voltar ao poder. Os conservadores também se opõem a uma lei histórica contra a violência sexual que endurece as penas para estupro, mas suaviza as penas para outros crimes sexuais.

Protestos organizado por movimentos de direita contra o governo de esquerda de Pedro Sánchez reuniu 30 mil pessoas no centro de Madrid, segundo a polícia; organizadores falam em 700 mil Foto: Susana Vera/REUTERS

Santiago Abascal, líder do Vox, garantiu ter ido com “milhares de espanhóis” a uma manifestação contra “o pior governo da história” de Espanha, que “atropelou a Constituição ao prender os espanhóis”, aludindo ao confinamento devido à pandemia, enquanto deixa livres estupradores, terroristas e golpistas”. E pediu uma “mobilização permanente e massiva até a expulsão do poder do autocrata Pedro Sánchez”.

Publicidade

O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, não participou da manifestação, mas incentivou os membros da formação a comparecer. A maioria das pesquisas indica que o PP poderia vencer as eleições gerais marcadas para o final do ano, embora precisasse do apoio do Vox para governar.

Cartaz em protesto em Madrid contra o governo de esquerda diz: 'um bom cidadão obedece. Confia no teu governo', e pede a demissão do gabinete  Foto: Susana Vera/REUTERS

A Espanha também realiza eleições municipais em uma dúzia de regiões em maio.

O governo de Sánchez, que carece de maioria parlamentar, foi forçado a negociar com separatistas bascos e catalães a aprovação de projetos de lei, irritando a direita.

Os conservadores o acusam de ter eliminado o crime de sedição para garantir o apoio do partido independentista catalão ERC. O governo, por outro lado, defende que a sedição é um crime ultrapassado que deveria ser substituído por outro mais de acordo com os padrões europeus.

Entenda o motivo dos protestos em Madrid

PUBLICIDADE

Em nome da reconciliação, o governo da Espanha concedeu indulto, em junho, aos nove líderes separatistas catalães presos pela tentativa de secessão de 2017, anunciou o primeiro-ministro, , nesta segunda-feira, 21, em Barcelona.

“A razão fundamental dos indultos é sua utilidade para a convivência”, argumentou Pedro Sánchez. Ele explicou que mesmo compreendendo os motivos da rejeição à medida por parte do separatismo mais radical e da oposição de direita, seu governo optou por abrir caminho para a reconciliação e o reencontro.

“Com este ato, retiramos materialmente nove pessoas da prisão, mas somamos simbolicamente milhões e milhões de pessoas à convivência”, insistiu.

Publicidade

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anuncia a concessão de indulto aos separatistas catalães, em junho de 2022 Foto: Javier Barbancho/ AFP

O presidente regional catalão, o separatista moderado Pere Aragonès, afirmou que com essa decisão, o governo espanhol corrige uma sentença do Tribunal Supremo que foi injusta, porque organizar um referendo não pode ser crime.

Campanha intensa

Apesar da proibição por lei, o governo regional, então presidido pelo independentista Carles Puigdemont, organizou um referendo sobre autodeterminação em 1º de outubro de 2017, marcado por cenas de violência policial que percorreram o mundo.

No dia 27 do mesmo mês, o Parlamento catalão declarou unilateralmente a independência, à qual o governo espanhol, então presidido pelo conservador Mariano Rajoy, respondeu destituindo o executivo catalão e colocando a comunidade autônoma sob tutela.

Perseguidos pela justiça, os líderes separatistas fugiram da Espanha, como Puigdemont, ou foram presos, como o então vice-presidente catalão e líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Oriol Junqueras.

O ex-governador catalão, Carles Puigdemont, um dos nove presos em 2017 por conduzir um referendo de separação da Catalunha da Espanha  Foto: Francois Lenoir/REUTERS

Em outubro de 2019, o Tribunal Supremo condenou nove líderes separatistas a penas de entre 9 e 13 anos de prisão, uma sentença que desencadeou manifestações em massa na Catalunha, algumas delas violentas.

Rejeitado pelo Tribunal Supremo, o indulto também não possui um apoio majoritário: segundo uma pesquisa Ipsos, 53% dos cidadãos espanhóis são contra, embora 68% dos catalães aprovem a medida.

A direita acusa Sánchez de tomar essa medida motivado unicamente pelo seu desejo de se manter no poder, já que seu governo minoritário precisa do apoio de parte dos independentistas no Congresso.

Publicidade

No entanto, a esforçada campanha do governo deu frutos, e na última semana recebeu o apoio aos indultos da patronal, tradicionalmente contra o separatismo, assim como dos bispos catalães./AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.