Balanço de mortes no conflito político que completa hoje 100 dias varia de 295 a 448
PUBLICIDADE
Por Redação
MANÁGUA - Um grupo de homens encapuzados intimidou os trabalhadores da empresa ND Medios, um dos grupos de comunicação mais importantes da Nicarágua, informou ontem o jornal El Nuevo Diario, em meio a uma crise que deixou entre 295 e 448 mortos, segundo balanço de organizações distintas.
Missa na Catedral de Manágua em homenagem a Rayneia Gabrielle Lima, morta a tiros Foto: REUTERS/Jorge Cabrera
PUBLICIDADE
“Elementos encapuzados e armados se instalaram na noite de quarta-feira diante das instalações da empresa de comunicação ND Medios, que publica os jornais El Nuevo Diario, Metro e Q’hubo, para projetar na fachada do edifício um vídeo com propaganda contra os protestos, que qualificaram de terrorismo”, denunciou o grupo de mídia.
De acordo com o jornal, os paramilitares, que chegaram em caminhonetes, estacionaram no meio da rua em frente do prédio, no norte de Manágua, e projetaram um vídeo no qual se lia: “justiça para as vítimas do terrorismo golpista”. Testemunhas disseram que eles apontavam armas para o edifício. “Os funcionários que ainda estavam dentro das instalações tiveram de deixar o local por uma saída de emergência por sua segurança”, informou El Nuevo Diario.
Minutos depois do incidente, o governo publicou em suas redes sociais que o grupo dera composto por “cidadãos que buscam justiça”. “A direção desta empresa de jornalismo considera este um ato de intimidação, que atenta contra a liberdade de imprensa, por isso fará uma denúncia à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), da qual El Nuevo Diario é sócio”, ressaltou o grupo de mídia.
Mascarados já tinham realizado um ato similar em uma sucursal do Banco da Produção (Banpro), na noite de terça-feira, o que também foi informado minutos depois pela mídia do governo nicaraguense. Desde o início dos protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega, em 18 de abril, vários meios de comunicação foram atacados por desconhecidos, o que custou a vida do jornalista Ángel Gahona. Ela levou um tiro enquanto transmitia ao vivo uma manobra policial na cidade de Bluefields.
De acordo com a ONG Associação Nicaraguense Pró Direitos Humanos (APNDH), 448 pessoas morreram desde abril, 2.800 ficaram feridas e 595 estão desaparecidas. O secretário-executivo da ONG, Álvaro Leiva, disse ontem que esses números são preliminares, pois o grupo teve dificuldades para confirmar casos registrados em áreas de difícil acesso. Já a CIDH diz que 295 pessoas morreram nos 99 dias de crise, a mais sangrenta desde os anos 80, quando Ortega também era presidente. / EFE
A crise na Nicarágua em imagens: 100 dias de protestos
1 / 21A crise na Nicarágua em imagens: 100 dias de protestos
Nicarágua 1
Os protestos na Nicarágua começaram no dia 18 de abril, quando a população foi às ruas contra a reforma da previdência social no país. Logo nas primei... Foto: EFE/Jorge TorresMais
Nicarágua 2
A maior reclamação era de que as medidas não evitariam a falência do INSS e aumentariam o desemprego e a informalidade, diminuindo o consumo e a compe... Foto: AFP PHOTO / INTI OCONMais
Nicarágua 3
Já nas primeiras ocasiões, a imprensa foi censurada. O canal 100% Noticias, que transmitia os protestos ao vivo, foi retirado do ar. Em um protesto no... Foto: Jorge Torres/EPA/EFEMais
Nicarágua 4
O governo do presidente Daniel Ortega culpou "pequenos grupos de oposição" de serem os responsáveis pela revolta. No dia 22 de abril, ele revogou a re... Foto: EFE/Jorge TorresMais
Nicarágua 5
Em 23 de abril, o número de mortos subiu para 31, quando policiais invadiram a Universidade Politécnica da Nicarágua e mataram quatro estudantes. Nest... Foto: EFE/Paolo AguilarMais
Nicarágua 6
O número de mortos estava em 34 no dia 25 de abril, quandocentenas de nicaraguenses marcharam com velas acesas pelas ruas da capital, Manágua, pedindo... Foto: EFE/Jorge TorresMais
Nicarágua 7
Além das 34 mortes, 66 pessoas feridas estavam internadas e, destas, 12 apresentavam estado crítico de saúde. Dos mortos, a maioria recebeu tiros na c... Foto: REUTERS/Jose CabezasMais
Nicarágua 8
Em 6 de maio, o número de mortos estava em 45 e o Parlamento - dominado por partidários de Ortega - criou uma comissão para investigar as mortes. Grup... Foto: REUTERS/Oswaldo RivasMais
Nicarágua 9
Após 24 dias desde o início dos protestos, 50 pessoas haviam morrido, segundo as ONGs. Em 11 de maio, 21 estudantes foram intoxicados enquanto partici... Foto: Oswaldo Rivas/ReutersMais
Nicarágua 10
Em 17 de maio, cerca de 60 mortes haviam sido registradas e o número de feridos estava em 500. Neste momento, a Comissão Interamericana de Direitos Hu... Foto: AFP PHOTO / DIANA ULLOAMais
Nicarágua 11
No início de junho, 114 pessoas haviam morrido, incluindo um estrangeiro. A cidade de Masaya, que fora reduto dos rebeldes na década de 80, havia se t... Foto: REUTERS/Oswaldo RivasMais
Nicarágua 12
Em 16 de junho, cerca de 200 mortes eram contabilizadas. Governo e oposição fizeram um acordo para que organizações internacionais verificassem as fat... Foto: REUTERS/Jorge CabreraMais
Nicarágua 13
Em 7 de julho, Ortega declarou que não anteciparia as eleições, o que elevou as tensões pelo país e motivou mais protestos.Barricadas foram levantas p... Foto: EFE/Bienvenido VelascoMais
Nicarágua 14
Quatro dias depois, em 11 de julho, a CIDH calculava em 264 o número de mortes e em 1,8 mil o número de feridos.A Igreja havia retomado a mediação dos... Foto: Mais
Nicarágua 15
Em 16 de julho, as mortes se aproximavam de 300 e a situação piorou quando grupos armados pró-governo e policiais começaram a cercar universidades ocu... Foto: Mais
Nicarágua 16
Em 17 de julho, o Parlamento aprovou uma lei sobre terrorismo que, segundo a ONU, poderia ser utilizada para criminalizar protestos pacíficos. No mesm... Foto: AP Photo/Alfredo ZunigaMais
Nicarágua 17
Na ocasião moradores ergueram barricadas de até dois metros de altura para se proteger. Trinta e sete caminhonetes cheias de agentes da polícia antimo... Foto: REUTERS/Oswaldo RivasMais
Nicarágua 18
Em 20 de julho, no aniversário da Revolução Sandinista,Ortega pediu aos manifestantes para acabar com que considera uma tentativa de "desestabilizar o... Foto: REUTERS/Oswaldo Rivas TPX IMAGES OF THE DAYMais
Nicarágua 19
Ainda em 21 de julho, dezenas de mães que procuravam seus filhos presos ou desaparecidosforam expulsas por agentes do governo e ameaçadas com armas de... Foto: Marvin Recinos / AFPMais
Nicarágua 20
Em 23 de julho, a estudante universitária brasileiraRaynéia Gabrielle Lima foi morta a tirosquando voltava para casa depois de um plantão hospitalar n... Foto: Reprodução / FacebookMais
Nicarágua 21
A comunidade internacional voltou a pressionar Ortega e pedir eleições antecipadas.O Brasil condenou a morte da estudante, pediu que o caso seja inves... Foto: REUTERS/Jorge CabreraMais