Os ataques da Rússia à Ucrânia têm mirado civis. Na manhã desta quarta-feira, 22, mísseis russos atingiram um prédio residencial na cidade de Zaporizhzhia. Em segundos, o edifício foi tomado pelo fogo e fumaça em plena luz do dia, deixando apartamentos em chamas.
O projétil acertou o prédio por volta de 12h50 no fuso local (7h50 no horário de Brasília), onde residiam crianças e adultos. Segundo o prefeito interino da cidade, Anatolii Kurtiev, em entrevista ao jornal ucraniano The Kyiv Independent, 25 pessoas estão feridas e uma não resistiu.
O ataque russo foi confirmado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Em postagem no Twitter, o líder da Ucrânia compartilhou o vídeo que flagra o momento quando o míssil atingiu o prédio. No registro, é possível ver motoristas acelerarem os carros enquanto pedestres correm na tentativa de escapar da explosão.
A colisão dos mísseis russos no prédio residencial em Zaporíjia aconteceu horas depois que um ataque de drones em uma escola secundária de Kiev matou quatro pessoas.
“A Rússia está bombardeando a cidade com selvageria bestial. O estado terrorista procura destruir nossas cidades, nosso estado, nosso povo”, escreveu o Zelensky em seu canal no Telegram.
Para o líder ucraniano, os frequentes ataques terroristas devem ser encarados como atos de crueldade e não devem ser normalizados como ‘apenas mais um dia’, nem “na Ucrânia ou em qualquer outro lugar da Europa, ou do mundo. O mundo precisa de maior união e determinação para derrotar o terror russo mais rapidamente e proteger vidas”.
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Zelensky publicou um tuíte enumerando os últimos trágicos episódios no solo ucraniano, entre eles, além dos mísseis, os ataques de mais de 20 drones assassinos iranianos e inúmeras ocasiões de bombardeio. “E isso tudo apenas ontem, na última noite de terror russo contra a Ucrânia. Cada vez que alguém tenta ouvir a palavra ‘paz’ em Moscou, outra ordem é dada para esses ataques criminosos”, descreveu.
Segundo a rede de televisão britânica BBC, com os ataques noturnos das forças russas às cidades ucranianas, Zelensky visitou nesta quarta-feira, 22, a cidade de Bakhmut, ponto focal da guerra, região que a Rússia tenta capturar por meses.
Com os conflitos, a cidade está em ruínas. Por mais de sete meses, foi palco de combates ferozes enquanto as forças russas tentavam obter ganhos territoriais para agradar o Kremlin.
Em comunicado oficial obtido pela BBC, o gabinete presidencial disse que Zelensky falou com militares nas posições de linha de frente de suas forças armadas em Bakhmut e agradeceu por seus esforços para defender a Ucrânia.
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Mísseis de cruzeiros russos foram destruídos pelo Ministério da Defesa da Ucrânia na cidade de Djankoi, grande centro rodoviário e ferroviário russo, localizado no norte da península da Crimeia, na noite desta segunda-feira, 20. O armamento, usado em navios de guerra, tinha como destino à frota do Mar Negro. Pessoas que transitavam próximo ao local registraram a explosão; um homem de 33 anos ficou ferido.
Em comunicado oficial, a Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia disse que os mísseis de cruzeiro eram do tipo Kalibr-NK, com alcance operacional superior a mais de 2.500 quilômetros contra alvos terrestres e 375 quilômetros contra alvos marítimos.
Em seu perfil no Telegram, Oleg Kriutchkov, assessor de Ihor Ivin, chefe do governo de Djankoi empossado pela Rússia, disse que todos os drones miravam em locais civis. “Um foi atingido sobre a escola técnica da cidade e caiu entre a área escolar e uma residência estudantil. Não há instalações militares nas proximidades”, escreveu. Em sua postagem, Kriutchkov aponta que o ataque foi aparentemente uma “vingança” pela anexação de Djankoi pela Rússia desde 2014, alguns dias depois que Moscou comemorou o nono aniversário da aquisição da região.
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