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Morre pastor que foi conselheiro de presidentes dos EUA

Billy Graham levou o papel de evangelista a novo nível, pregando em estádios lotados e espalhando sua influência pelo mundo

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Por Redação

NOVA YORK - O reverendo Billy Graham, filho de um fazendeiro da Carolina do Norte que pregou para milhões de pessoas em eventos em estádios – que chamou de “cruzadas” –, morreu ontem em sua casa aos 99 anos. Ele se tornou o pastor de presidentes e o evangelista cristão mais conhecido dos EUA durante mais de 60 anos.

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Graham enfrentou vários problemas de saúde em seus últimos anos, incluindo câncer de próstata, hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e sintomas da doença de Parkinson.

Billy Graham morreu nesta quarta, aos 99 anos, em sua residência; ele é considerado o pastor mais ouvido da história Foto: Monica Almeida/The New York Times

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Ele espalhou sua influência em todo o país e pelo mundo por meio de uma combinação de convicção religiosa, imponente presença de palco e o uso perspicaz de rádio, televisão e avançadas tecnologias de comunicação. Uma conquista central foi incentivar os protestantes evangélicos a recuperar a influência social que chegaram a exercer.

Mas, em seus últimos anos, Graham manteve distância do movimento político evangélico rejeitando apoiar candidatos e evitando questões sensíveis, cruciais para os conservadores religiosos. “Se eu entrar em tais assuntos, eles dividirão o público em relação a um problema que não é aquele que estou promovendo”, disse ele em entrevista, em 2005. “Estou promovendo apenas o Evangelho.”

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Graham levou o papel de evangelista a um novo nível, tirando-o das tendas de lona nas pequenas cidades dos EUA para os palcos de estádios lotados nas principais cidades do mundo. Ele escreveu 30 livros e foi o primeiro a usar novas tecnologias de comunicação para fins religiosos. Durante sua “cruzada global” em Porto Rico, em 1995, seus sermões foram traduzidos simultaneamente para 48 idiomas e transmitidos para 185 países via satélite.

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A posição de Graham como líder religioso era incomum: ao contrário do papa ou do dalai-lama, ele não falava para uma igreja em particular (embora ele fosse da Batista do Sul dos EUA) ou para uma pessoa em particular. Às vezes, ele parecia ocupar o papel de clérigo nacional. Ele leu as Escrituras no funeral do presidente Richard Nixon, em 1994, e ofereceu orações na Catedral Nacional para as vítimas do 11 de Setembro. Graham ajudou George W. Bush a deixar de beber, antes de se tornar presidente, e recebeu Barack Obama em sua casa, na Carolina do Norte, em 2010.

Seu alcance era global e ele foi recebido até mesmo por líderes como Kim Il-sung, da Coreia do Norte, que o convidou para pregar em igrejas autorizadas de Pyongyang. Quando mais jovem, Graham se tornou um modelo para aspirantes a evangelistas, levando muitos jovens a copiar seus gestos. O pastor, no entanto, não foi isento de críticas. 

Billy Graham prega para milhares de pessoas no Madison Square Garden, em Nova York, em 1957 Foto: Larry Morris/The New York Times

No início de sua carreira, alguns importantes líderes e teólogos protestantes o acusaram de pregar uma mensagem simplista de salvação pessoal que ignorou a complexidade de problemas sociais como o racismo e a pobreza. Mais tarde, os críticos disseram que ele mostrava ingenuidade política ao manter um relacionamento público com Nixon, mesmo algum tempo depois do escândalo de Watergate.

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Em 2007, a Associação Evangélica Billy Graham, com 750 funcionários, estimou que ele havia pregado o Evangelho para mais de 215 milhões de pessoas em mais de 185 países e territórios desde o início de suas cruzadas, em Michigan, em 1947. Ele alcançou outra centena de milhões pela TV e no cinema. “Isto não é evangelismo em massa”, Graham gostava de dizer, “mas evangelismo pessoal em escala de massa”.  / NYT,  TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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