Os investigadores da Rússia encontraram a caixa preta do avião em que viajava o chefe do grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin, nesta sexta-feira, 25, dois dias depois da queda do jato particular que matou todas as dez pessoas a bordo. A retirada dos corpos foi concluída e os testes de DNA estão em andamento para confirmar a identidade dos passageiros, informou o comunicado divulgado em canal oficial do Telegram.
“Também estão sendo recolhidos itens e documentações importantes para a apuração de todas as circunstâncias do acidente” diz o texto. “A investigação verificará cuidadosamente todas as versões possíveis do ocorrido”, conclui.
Apesar dos avanços desta sexta, no entanto, a análise da caixa preta é um processo que leva tempo. O mesmo vale para teste de DNA dos corpos que estavam todos carbonizados.
A inteligência americana aponta que uma explosão teria levado a queda do jato da Embraer que voava de Moscou para São Petersburgo com Ievgueni Prigozhin, o seu braço direito Dmitri Utkin e outros integrantes do grupo Wagner além dos três tripulantes. Um agente americano que falou em condição de anonimato com a agência AP contou que, por essa avaliação inicial, é “muito provável” que Prigozhin fosse o alvo da explosão. Ainda de acordo com essa fonte, a queda do avião estaria em linha com o “longo histórico de silenciamento dos críticos” de Vladimir Putin.
O chefe do grupo de Wagner entrou para a lista de desafetos do presidente russo mortos em circunstâncias misteriosos dois meses depois de liderar um motim contra o Kremlin, o que alimentou as suspeitas sobre a queda abrupta do avião. Na quinta-feira, o dia seguinte a morte do mercenário, Putin falou sobre o caso pela primeira vez. Ele elogiou o que chamou de “contribuição” na Ucrânia e prometeu uma investigação completa. Analistas internacionais, no entanto, questionam se a Rússia vai de fato permitir uma apuração transparente sobre o que aconteceu no voo.
Diante das suspeitas e especulações, o Kremlin foi enérgico ao negar que esteja pro trás da morte dos mercenários. “É uma mentira absoluta”, declarou o porta-voz Dmitri Peskov. “Há muita especulação em torno do acidente de avião e a trágica morte dos passageiros, incluindo Ievgeni Prigozhin, e já sabemos em que sentido isto é especulado no Ocidente”, acrescentou.
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Juramente de lealdade à Rússia
A morte do chefe dos mercenários deixa uma questão em aberto: como fica o grupo Wagner? O Kremlin disse que não sabe. “Sobre seu futuro, não posso dizer nada no momento, eu não sei”, respondeu Peskov.
Mesmo assim, a Rússia parece decidida a evitar mais problemas como o motim de junho e determinou que os paramilitares devem jurar lealdade à bandeira russa. Segundo decreto assinado nesta sexta por Vladimir Putin, a medida visa “formar as bases espirituais e morais para a defesa da Federação Russa”. A determinação se aplica às formações voluntárias — termo frequentemente usado para se referir aos grupos mercenários, como observou o The Moscow Times.
Pelo decreto também serão obrigados a fazer o juramento os grupos que “contribuem na execução de tarefas das Forças Armadas”. A conflituosa independência dos mercenários em relação à Defesa russa estava no centro da tensão que culminou no motim do grupo Wagner.
Em junho, o ministro Sergei Shoigu, determinou que “todos os grupos e unidades que executam tarefas de combate” deveriam assinar um contrato com a Defesa russa. A recusa de Ievgeni Prigozhin levou o grupo Wagner a ser retirado da guerra na Ucrânia, segundo decisão anunciada dias depois do motim./ COM INFORMAÇÕES DE EFE, AFP e AP
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