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Ex-senador do Haiti é condenado à prisão perpétua nos EUA pelo assassinato de presidente em 2021

Joseph Joel John é o terceiro de 11 suspeitos detidos e acusados em Miami a serem condenados pela morte de Jovenel Moïse

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Por Redação
Atualização:

Um juiz federal em Miami, nos Estados Unidos, condenou na terça-feira, 19, um ex-senador do Haiti à prisão perpétua por conspirar para matar então presidente do país, Jovenel Moïse, em 2021, o que causou uma turbulência sem precedentes no país caribenho.

Joseph Joel John é o terceiro de 11 suspeitos detidos e acusados em Miami a serem condenados no que os promotores dos Estados Unidos descreveram como uma conspiração arquitetada tanto no Haiti quanto na Flórida para contratar mercenários para sequestrar ou matar Moïse, que tinha 53 anos quando foi morto em sua casa perto da capital haitiana, Porto Príncipe, em 7 de julho de 2021.

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Em outubro, John, um conhecido político e oponente do partido Tet Kale, do qual o presidente assassinado fazia parte, se declarou culpado de propiciar veículos e outros recursos para o magnicídio. O fato de parte da trama ter sido esquematizada na Flórida foi o que permitiu que a Justiça dos Estados Unidos reivindicasse jurisdição sobre o caso, no qual prendeu e apresentou denúncias contra 11 pessoas.

Joseph assinou o acordo de confissão de culpa com o governo na esperança de obter uma redução na sua pena. Em troca, ele prometeu que cooperaria com a investigação. Às vezes, os procuradores dos EUA recomendam que os juízes reduzam a sentença se determinarem que a pessoa condenada colabora com a investigação. A redução pode ocorrer meses ou anos após a sentença.

Uma pessoa segura uma fotografia do falecido presidente haitiano Jovenel Möise durante uma cerimônia memorial no Museu do Panteão Nacional em Porto Príncipe, Haiti, em 20 de julho de 2021. Foto: AP Photo/Matías Delacroix/Arquivo

“Plano confuso, fora de controle”

O juiz federal José E. Martínez proferiu a pena máxima em audiência em Miami que durou cerca de 30 minutos. Na audiência, Joseph pediu misericórdia e disse que nunca planejou matar o presidente haitiano. Vestindo camisa e calça bege de prisioneiro, ele estava algemado e tinha algemas nos tornozelos enquanto ouvia a decisão do juiz sentado ao lado de seu advogado.

“Acontece que o plano ficou confuso, fora de controle”, disse Joseph. O plano mudou para matar o presidente “mas nunca foi minha intenção”, acrescentou.

O juiz disse que consideraria uma redução da pena se o governo solicitasse, mas após listar o ex-senador haitiano, Martínez ordenou-lhe prisão perpétua. “Quer você tenha tentado ou não o assassinato, você entra em território perigoso”, disse Martínez.

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Informante confidencial entre os condenados

As outras duas pessoas condenadas no caso são o empresário haitiano-chileno Rodolphe Jaar e o oficial reformado do exército colombiano Germán Alejandro Rivera García. Ambos foram condenados à prisão perpétua.

Joseph, cidadão com dupla nacionalidade haitiano-americana e ex-informante confidencial da Agência Antidrogas dos EUA, declarou-se culpado este mês e aguarda sua sentença em fevereiro de 2024. Mais sete réus aguardam julgamento no próximo ano no sul da Flórida.

De acordo com as acusações, Joseph, Jaar, Rivera, Vincent e outros, incluindo vários cidadãos com dupla nacionalidade haitiano-americana, participaram numa conspiração para raptar ou matar o presidente do Haiti. Entre os participantes estavam cerca de 20 ex-soldados colombianos.

Mais de 40 presos

Em 7 de julho de 2021, um comando de mercenários colombianos assassinou Moïse, de 53 anos, a tiros em sua residência particular de Porto Príncipe, sem que houvesse a intervenção de seus guarda-costas.

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Joseph foi preso na Jamaica em janeiro e em março concordou em ser extraditado para os EUA. O governo haitiano também prendeu mais de 40 pessoas por seus supostos papéis no assassinato.

Desde o assassinato de Moïse, o Haiti tem assistido a uma onda de violência entre gangues que levou o primeiro-ministro a solicitar o envio de uma força armada. O Conselho de Segurança da ONU votou no início de outubro o envio de uma força multinacional liderada pelo Quénia para ajudar a combater os bandos. As autoridades não realizaram nenhuma eleição desde 2016 e a Presidência está vacante desde o assassinato de Moïse./AFP e Associated Press.

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