Mulher que foi sentenciada à morte e quase fuzilada na Indonésia se prepara para voltar para casa

Mary Jane Veloso conseguiu um perdão de última hora após expor em depoimento como foi enganada por uma organização criminosa

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Por Redação

Uma filipina que estava no corredor da morte na Indonésia e que quase foi executada por fuzilamento em 2015 retornará para casa esta semana, conforme um acordo entre os países, informaram autoridades nesta segunda-feira, 16.

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Mary Jane Veloso, que passou quase 15 anos em uma prisão indonésia por tráfico de drogas, conseguiu um perdão de última hora, após expor em depoimento como uma organização criminosa a enganou, tornando-a uma cúmplice involuntária e transportadora de drogas.

Veloso foi transferida no final de domingo para uma prisão feminina na capital da Indonésia, de onde será enviada de volta às Filipinas na manhã de quarta-feira, 18, disse I Nyoman Gede Surya Mataram, oficial do Ministério da Imigração e Correções, em uma entrevitsa coletiva.

Mary Jane Veloso acena para a mídia enquanto deixa a Prisão Feminina de Yogyakarta para sua transferência para a capital, Jacarta, em preparação para sua repatriação às Filipinas  Foto: Slamet Riyadi/AP

“Milagre quando havia perdido a esperança”

A repatriação de Veloso foi possível graças a um “arranjo prático” assinado entre os dois países em 6 de dezembro, após uma década de apelos por parte das Filipinas. Em uma entrevista emocionada à Associated Press na semana passada, ela descreveu seu retorno como “um milagre quando eu já havia perdido toda a esperança”.

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“Por quase 15 anos, estive separada de meus filhos e pais, e não pude ver meus filhos crescerem,” disse ela. “Espero ser dada uma oportunidade de cuidar de meus filhos e de estar perto de meus pais.”

Veloso, que completará 40 anos no próximo mês, foi presa em 2010 em um aeroporto na cidade indonésia de Yogyakarta, onde as autoridades descobriram cerca de 2,6 quilos de heroína escondidos em sua bagagem. Mãe solteira de dois filhos, foi condenada à morte.

Seu caso causou indignação pública nas Filipinas. Ela viajou para a Indonésia em 2010, onde sua recrutadora, Maria Kristina Sergio, teria dito que um trabalho como empregada doméstica a aguardava. Sergio também teria fornecido a mala onde as drogas foram encontradas.

Em 2015, a Indonésia transferiu Veloso para uma prisão em uma ilha, onde ela e outros oito condenados por tráfico de drogas estavam programados para serem executados por fuzilamento, apesar das objeções de seus países de origem: Austrália, Brasil, França, Gana e Nigéria.

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A Indonésia executou os oito, mas Veloso obteve uma suspensão da execução porque Sergio foi presa nas Filipinas dois dias antes.

Mais de 500 pessoas no corredor da morte

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime diz que a Indonésia é um grande centro de tráfico de drogas, apesar de ter algumas das leis antidrogas mais rígidas do mundo, em parte porque organizações criminosas que traficam drogas visam sua população jovem.

As últimas execuções da Indonésia, de um indonésio e três estrangeiros, foram realizadas em julho de 2016.

Cerca de 530 pessoas estão no corredor da morte na Indonésia, a maioria por crimes relacionados a drogas, incluindo 96 estrangeiros, segundo dados do Ministério da Imigração e Correções divulgados no mês passado.

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Cinco australianos que passaram quase 20 anos em prisões indonésias por tráfico de heroína retornaram à Austrália no domingo, com base em um acordo firmado entre os governos da Indonésia e da Austrália.

A Indonésia recentemente concordou, em princípio, em devolver um francês e uma britânica, ambos no corredor da morte, para seus países de origem./AP

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