Chanceler de Nicolás Maduro critica xenofobia no Brasil e diz venezuelanos que cruzam as fronteiras por motivos econômicos não podem ser considerados refugiados
Pelas definições das convenções internacionais, refugiados são pessoas que fogem de uma situação de perseguição e que, caso retornam ao seus países, teriam suas vidas ameaçadas. "Não existe perseguição política", garantiu o chanceler.
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Arreaza faz campanha em Genebra para tentar impedir que a ONU adote uma resolução condenando o governo de Nicolás Maduro. Sua função é ainda a de tentar das outra narrativa à crise que assola o país e a região.
Depois de encontros em Genebra, Arreaza conversou com o Estado e com uma agência internacional de notícias sobre a situação no país.
A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, mencionou em seu discursos casos de desnutrição e abusos nos últimos meses. Qual foi sua resposta a ela?
Estamos muito orgulhosos como latino-americanos de ter a primeira mulher da região que foi eleita por seu povo como presidente e que chega para defender o mais sagrado, que é defender os seres humanos. Ela herda o trabalho do Alto Comissário que acaba de sair (Zeid Al-Hussein), com quem tivemos uma péssima relação. Uma relação de apontar o dedo, que emitia relatórios sem qualquer rigor metodológico. Acreditamos que com Bachelet se pode começar um novo tipo de cooperação. Vamos estabelecer um mecanismo de informação oportuno, pertinente e permanente com ela. É uma nova etapa.
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Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
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Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Venezuelanos seguem parao Peru pelarodovia Panamericana em Tulcán, no Equador. Ogoverno equatoriano anunciou que venezuelanos que entrem no país dever... Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Crianças venezuelanas posam para foto em frente a monumento brasileiro na fronteira com a Venezuela, em Pacaraima, Rondônia. Moradores da cidade expul... Foto: Photo by Mauro PIMENTEL / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Mulher venezuelana aguarda do lado de fora de um escritório colombiano de imigração, próximo da ponte internacional de Rumichaca, antes de cruzar a fr... Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Migrantes venezuelanos aguardam na fronteira entre Tulcán, no Equador, e Ipiales, na Colômbia. O governo de Bogotá afirmou estar preocupado com o aume... Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFPMais
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O governo do Equador anunciou que passará a exigir a apresentação de passaporte dos venezuelanos que desejem entrar no país. Muitos não têm o document... Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Venezuelanos fogem de crise econômica e política no país. Nesta semana, entraram em vigor medidas de reforma econômica que, segundo o governo, têm com... Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Fila de venezuelanos para receber café da manhãem uma paróquia de Pacaraima, em Roraima. População busca abrigo no Brasil, mesmo diante do forte movim... Foto: Photo by Mauro Pimentel / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Venezuelanos caminham pela rodovia Panamericana em Tulcán, no Equador. Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFP
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Mulher venezuelana aguarda no escritório de migração equatoriano na ponte internacional de Rumichaca, antes de cruzar a fronteira entre Equador e Colô... Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFPMais
Em busca de refúgio: venezuelanos se espalham entre fronteiras com o Brasil, Colômbia e Equador
Migrante venezuelano na ponte internacional de Rumichaca, fronteira entre Tulcán, no Equador, e Ipiales, na Colômbia. Foto: Photo by Luis ROBAYO / AFP
Vimos situações de tensão na fronteira e de violência entre brasileiros e venezuelanos. O que pede o governo venezuelano ao Brasil no que se refere à proteção?
Repatriamos mais de 2 mil venezuelanos de toda a região. Eles estão fugindo da xenofobia e da discriminação. Na Venezuela, só de colombianos temos mais de 6 milhões. Temos peruanos, espanhóis, chilenos. Jamais houve uma amostra de xenofobia. Nos dói muito que em países como Brasil ou Peru haja xenofobia contra venezuelanos que estão migrando.
O que o sr. pode pedir aos governos da região?
O que podemos pedir aos governos? Onde houver migrantes venezuelanos, que os governos respeitem as leis internacionais. A mobilidade humana é um direito. A migração é um direito e deve proteger o cidadão que esteja em seu território, como a qualquer outro. E que coordene com o nosso governo. Temos acelerados planos para repatriar os venezuelanos. Eles chegam em centenas por dia. Espero que tenhamos melhor comunicação com os países a partir do diálogo bilateral, não na OEA ou em reuniões onde a Venezuela não participa. É com a Venezuela que tem de se falar para atender aos venezuelanos migrantes. Ou os brasileiros que estão no sul da Venezuela. Não é ignorando a Venezuela que se pode solucionar o problema.
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O senhor vai se reunir com o Alto Comissário da ONU para Refugiados. O que a Venezuela vai pedir nesse encontro?
O Acnur é apenas para refugiados. Somos um país receptor de refugiados, historicamente. Mas temos visto como se está utilizando a figura (dos refugiados). Claro, os Estados tem responsabilidades. Por exemplo, se você vai ao Peru e não tem passaporte, você é dito que, se solicita um refúgio, deixam entrar para trabalhar. Isso é um desvio das leis internacionais. Um refugiado é uma pessoa que, pelas convenções de Genebra, está sendo perseguido ou que sua vida corre perigo se volta ao país. No caso venezuelano, a migração é claramente econômica e de fato estamos repatriando venezuelanos do Peru, do Brasil e até de Miami. Portanto, não existe perseguição política.
Inflação: Quanto se gasta para fazer compras na Venezuela
1 / 13Inflação: Quanto se gasta para fazer compras na Venezuela
Queijo: 7,5 milhões de bolívares
O preço equivale a US$ 1,14 e foi registrado em um mini-mercado em Caracas, capital da Venezuela, em 16 de agosto. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Pacote de absorventes: 3,5 milhões de bolívares
O preço foi registrado em um mini-mercado na vizinhança de Catia, em Caracas, e corresponde a US$ 0,53. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Um quilo de arroz: 2,5 milhões de bolívares
O preço corresponde a US$ 0,38 e foi registrado em 16 de agosto, na capital Caracas. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
500 g de margarina: 3 milhões de bolívares
O preço foi registrado em um mini-mercado informal na vizinhança de Catia, de baixa renda, em Caracas. O custo do produto corresponde a US$ 0,46. Foto:
1 quilo de cenouras: 3 milhões de bolívares
O custo corresponde a US$ 0,46 e foi registrado em um mercado informal em Caracas. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
1 quilo de farinha de milho: 2,5 milhões de bolívares
O preço equivale a US$ 0,38. O registro foi feito no dia 16 de agosto, em um mercado de Catia, região de baixa renda em Caracas. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Sabonete: 3,5 milhões de bolívares
No dia 16 de agosto, o preço foi registrado em um mini-mercado da capital venezuelana. O preço corresponde a US$ 0,53. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Pacote de fraldas: 8 milhões de bolívares
O custo equivale a US$ 1,22 e foi registrado no dia 16 de agosto, em Caracas. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
2,4 quilos de frango: 14,6 milhões de bolívares
O preço é o equivalente a US$ 2,22 e seu registro foi realizado no dia 16 de agosto. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Um rolo de papel higiênico: 2,6 milhões de bolívares
O preço foi registrado em um mini-mercado informal de um bairro de baixa renda, em Caracas. O valor corresponde a US$ 0,40. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
1 quilo de macarrão: 2,5 milhões de bolívares
O valor é equivalente a US$ 0,38 e foi registrado no dia 16 de agosto, em um mini-mercado informal. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
1 quilo de carne vermelha: 9,5 milhões de bolívares
O preço equivale a US$ 1,45 e foi registrado em mercado informal de Caracas. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
1 quilo de tomates: 5 milhões de bolívares
Preço é o equivalente a US$ 0,76 e foi registrado em um pequeno mercado informal no bairro de Catia, em Caracas. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Então não existem refugiados?
Não. Bem, talvez alguém esteja sendo perseguido por alguma máfia ou um grupo. Mas não pelo Estado, em absoluto. Qualquer venezuelano que tenha saído por razões econômicas volta a seu país tranquilamente. Essa é uma matriz que tentaram impor.
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E a eleição no Brasil?
É logo mais. Que ganhe quem o povo queira. Tomara que pudesse participar (da disputa) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Certamente ganharia no primeiro turno. Mas isso é um tema interno do Brasil.