Não há "solução mágica para o Iraque", conclui comissão

Relatório do Grupo de Estudo do Iraque foi entregue a Bush nesta quarta-feira; presidente prometeu agir "de forma oportuna" e reconheceu "duras avaliações"

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Por Agencia Estado
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Mais de três anos após a invasão americana, a situação no Iraque é "grave e perigosa", e não há uma "solução mágica" para a guerra. Esta é parte da conclusão de uma comissão bipartidária de estudos sobre o país árabe, cujo relatório foi entregue ao presidente americano, George W. Bush, nesta quarta-feira. Ao receber as conclusões do Grupo de Estudo do Iraque, Bush prometeu agir "de forma oportuna" e reconheceu a repórteres que a comissão, liderada pelo ex-secretário de Estado James Baker III, fez "duras avaliações" das condições no Iraque. O relatório da comissão adverte que a "não existe uma fórmula mágica" para a situação, disseram autoridades que leram o estudo e que pediram para não serem identificadas, já que o trabalho só será divulgado ao público depois que for apresentado a líderes do Congresso, ainda nesta quarta-feira. Membros do grupo, cujo relatório consumiu oito meses de trabalho, reuniram-se com Bush na Casa Branca pouco antes do almoço nesta quarta-feira. O grupo teria recomendado que haja uma mudança gradual da missão das tropas dos Estados Unidos no Iraque, com o foco deslocando-se do combate para o treinamento e o apoio a unidades iraquianas com o objetivo de retirar as forças de combate americanas a partir de 2008. Também haveria a sugestão de concentrar o foco nos esforços diplomáticos e buscar um maior engajamento dos vizinhos do Iraque na busca de estabilização do país - incluindo o Irã e Síria, considerados Estados párias pela administração Bush. O grupo advertiu que, se a situação continuar se deteriorando, existe o risco de ela "entrar num caos que pode provocar o colapso do governo do Iraque e uma catástrofe humanitária. "As conseqüências podem ser severas. Uma tendência rumo ao caos poderá provocar o colapso do governo do Iraque e uma catástrofe humanitária. Países vizinhos poderiam intervir. A estatura global dos EUA seria comprometida. Os americanos poderiam ficar ainda mais polarizados, e a Al-Qaeda poderá ter uma vitória de propaganda", acrescentaram os autores. Além disso, o grupo afirma haver a necessidade de um comprometimento renovado e sustentado dos EUA com uma paz abrangente entre árabes e israelenses em todas as frentes: Líbano, Síria e a promessa de junho de 2002 de Bush, quando foi proposta a solução de dois Estados para Israel e Palestina. Bush tem rejeitado estabelecer um cronograma para a retirada de tropas e diz que não está procurando "nenhum tipo de saída graciosa do Iraque". Proposta de ameaça Ainda segundo pessoas próximas à comissão, o grupo também recomendou a Bush que ameace reduzir o apoio militar e econômico ao governo do Iraque caso ele não cumpra metas estabelecidas de melhoria na segurança. O grupo afirma que o governo do premiê iraquiano, Nuri al-Maliki, precisa mostrar ao seu próprio povo, aos Estados Unidos e ao resto do mundo que "merece apoio contínuo". "Os Estados Unidos não devem assumir um compromisso por tempo indeterminado de manter um grande número de soldados norte-americanos no Iraque", disse o relatório. O Grupo de Estudo do Iraque - formado por cinco republicanos e cinco democratas - é liderado pelo amigo da família Bush e ex-secretário de Estado republicano James A. Baker III e pelo ex-congressista democrata Lee Hamilton. O ex-vice-presidente democrata Al Gore, que perdeu por uma estreita margem a eleição presidencial para Bush em 2000, destacou nesta quarta-feira que o estudo do grupo é apenas mais um de vários sendo promovidos internamente pela administração Bush. "Todos eles falam basicamente a mesma coisa: esse é um desastre absoluto. É o maior erro de estratégia da história dos Estados Unidos", avaliou ele na rede NBC.

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