‘Não queremos ser ilha de prosperidade cercada de miséria’, diz Lula na Bolívia

Presidente defendeu integração regional e ‘estabilidade fiscal’ em discurso para empresários em Santa Cruz de La Sierra

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Foto do author Jéssica Petrovna

ENVIADA ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA, BOLÍVIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil não quer ser uma “ilha de prosperidade cercada de miséria” ao defender os investimentos na América do Sul no fórum com mais de 300 empresários que encerrou sua visita à Bolívia.

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“Um país do tamanho do Brasil não pode crescer sozinho. É preciso que o Brasil faça com que os nossos parceiros, os nossos vizinhos cresçam junto porque não queremos ser uma ilha de prosperidade cercada de miséria por todos os lados”, disse o petista.

“Se os americanos tivessem feito isso, não teria uma América Latina empobrecida, exportando trabalhadores, que agora passaram a ser vistos como inimigos. Agora resolveram dizer que nós latino-americanos estamos prejudicando a economia americana”, acrescentou.

Lula se reúne com o presidente da Bolívia Luis Arce, Santa Cruz de La Sierra.  Foto: Ipa Ibanez/Associated Press

Ao falar sobre a situação da economia local, o presidente apontou a derrocada econômica dos últimos anos na Bolívia. E ressaltou que o crescimento requer estabilidade.

“Economia não tem mágica. Tem palavras-chaves que não podemos desperdiçar. Primeiro, é estabilidade e credibilidade. Segundo, é estabilidade na economia. Terceiro, é estabilidade fiscal. Quarto, é estabilidade jurídica. Quinto, é estabilidade social. Essas cinco e mais a palavra que interessa a todos os empresários que é previsibilidade”, disse Lula.

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Na semana passada, o petista afirmou que estava comprometido com a responsabilidade fiscal e com o cumprimento de metas. Foi uma sinalização para o mercado após as altas sucessivas no dólar, influenciadas por declarações do petista, que trava um embate com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Integração regional

No seu discurso, o presidente lembrou de iniciativas como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) — que tentou reativar sem sucesso — e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) ao afirmar que é preciso transformar o discurso de integração em ações práticas. “Coisas práticas quem faz, são vocês empresários”, disse no Fórum Empresarial Brasil-Bolívia promovido pela Apex em paralelo à visita oficial de Lula a Bolívia.

Como parte das iniciativas que visam o desenvolvimento regional, o petista destacou os projetos de infraestrutura, que visam facilitar o comércio e os atos firmados com o presidente Luis Arce.

Entre os acordos está a formalização do acordo para aumentar a geração de energia elétrica na usina de jirau, em Rondônia, com a elevação da cota de alagamento até 90 metros. Os recursos elétricos gerados a partir da mudança serão compartilhados entre os países.

Os acordos preveem ainda o aumento de investimentos para produção de fertilizantes, a exploração de minérios como lítio e gás, o desenvolvimento de infraestrutura e cooperações nas áreas de meio ambiente, transição energética e agricultura.

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