Navio iraniano em Paranaguá recebe alimentos via barcaças vindas do continente

Ao menos 20 tripulantes do Bavand, que não pode reabastecer com a Petrobrás em virtude de sanções americanas, estão parados no mar há mais de um mês

PUBLICIDADE

Por Julio Cesar Lima

CURITIBA - As sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos ao Irã estão se refletindo em águas brasileiras. Dois cargueiros iranianos fundeados próximos ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense, não conseguem deixar o País em consequência de um impasse judicial. A tripulação dos navios vive embarcada e conta com a ajuda do continente para receber mantimentos. Eles comercializam milho e ureia, base da balança comercial entre os dois países. 

Um dos navios, o MV Bavand, está carregado com 48 mil toneladas de milho e deveria ter retornado ao Irã dia 8 de junho, enquanto o MV Termeh espera, desde o dia 9 de junho, abastecimento para ir até o Porto de Imbituba (SC), para receber uma carga de milho também. Ele está um pouco mais afastado do porto, a cerca de 20 quilômetros do cais.

O cargueiro iraniano Bavand está parado perto do Porto de Paranaguá, no Paraná, por falta de combustível Foto: João Andrade/REUTERS

PUBLICIDADE

Segundo a assessoria dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), os navios vêm recebendo alimentações por meios de barcaças que se deslocam do continente até eles. O Bavand tem 20 tripulantes e nenhum deles saiu do navio desde o começo do impasse.

Em nota, a Petrobrás explicou sua opção por não abastecer os navios. “Caso a Petrobrás venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao risco de ser incluída na mesma lista, sofrendo graves prejuízos decorrentes dessa sanção. Vale ressaltar que existem outras empresas capazes de atender à demanda por combustível”, informa.

Publicidade

Além disso, a Petrobrás alega que os navios carregariam ureia, que também estariam sujeitas a sanções norte-americanas. “Os navios contratados pela empresa importadora encontram-se sancionados pelos Estados Unidos e listados na Specially Designated Nationals and Blocked Persons List (SDN), da Office of Foreign Assets Control (OFAC). Além disso, há notícia de que esses navios vieram do Irã carregados com ureia, produto também sujeito a sanções norte-americanas”. 

A assessoria da Appa também informou que nenhum barco chegou a carregar no local. “Nenhuma das embarcações movimentou ou vai movimentar carga pelos terminais paraenses. Para abastecer, os navios não precisam atracar”, informou.

As agências responsáveis pelos navios, a Unimar e Friendship não se manifestaram. Procuradas pela reportagem se limitaram a dizer que “não havia nada a declarar”, conforme contatos com suas bases em Imbituba e em Santos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.