CAIRO - Mediadores dos Estados Unidos e países árabes fizeram progressos significativos na madrugada desta segunda-feira, 13, para intermediar um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que levaria a libertação de dezenas de reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza desde os atentados de 7 de outubro de 2023. Autoridades americanas consideram que o acordo pode ser fechado ao longo desta semana, antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 20.
Quatro autoridades relataram progresso nas negociações. Segundo elas, os próximos dias serão críticos para encerrar mais de 15 meses de guerra no enclave palestino. Eles falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a discutir as negociações.
Uma autoridade do governo dos EUA informada sobre as conversas disse que os dois lados estão mais próximos do que nunca, mas o acordo ainda pode desmoronar. Essa fonte se recusou a prever uma data para que o acordo saia porque a situação segue muito incerta.
Duas outras fontes, incluindo uma associada ao Hamas, disseram que ainda havia uma série de obstáculos para o acordo. Em várias ocasiões no ano passado, os líderes dos EUA disseram que estavam prestes a fechar um pacto, mas as conversas terminaram em fracasso.
Outra pessoa familiarizada com as negociações disse que houve um avanço durante a noite e que havia um acordo proposto na mesa. Os negociadores israelenses e do Hamas agora o levarão de volta aos seus líderes para aprovação final.
Negociação
O Catar estaria pressionando o grupo terrorista Hamas para aceitar o acordo, enquanto o enviado do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Witkoff, estaria pressionando os israelenses por um acordo. Ele se juntou às negociações recentemente e esteve na região nos últimos dias.
Mediadores americanos apontaram que as próximas 24 horas seriam cruciais para o acordo. Uma autoridade egípcia disse que houve um bom progresso durante a noite, mas que provavelmente levaria mais alguns dias para a finalizá-lo. Ambos os lados estão buscando um acordo antes da posse de Trump.
Questionado sobre as negociações em uma coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse que “progresso foi feito, e espero que em pouco tempo veremos as coisas acontecendo.”
Um oficial do Hamas afirmou que uma série de questões contenciosas ainda precisam ser resolvidas, incluindo um compromisso israelense de acabar com a guerra e detalhes sobre a retirada das tropas israelenses e a troca de reféns e prisioneiros.
Negociações travadas
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, junto com Egito e Catar, passou mais de um ano tentando intermediar um acordo para encerrar a guerra mais mortal já travada entre israelenses e palestinos e garantir a libertação de dezenas de reféns sequestrados.
Mas as negociações estão travadas. O Hamas disse que não libertará os reféns até o fim da guerra, enquanto o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu prometeu continuar a campanha até a “vitória total” sobre o Hamas.
Em discussão agora está um cessar-fogo em fases. Netanyahu sinalizou repetidamente que está comprometido apenas com a primeira fase, uma libertação parcial dos reféns em troca de uma interrupção nos combates. A possibilidade de um cessar-fogo duradouro e outras questões seriam negociadas após o início da primeira fase. O Hamas exigiu uma retirada total e o fim completo da guerra, e espera que esta primeira fase leve a esse resultado.
Base de Netanyahu
Um acordo pode enfraquecer a coalizão de Netanyahu, que inclui dois partidos de extrema direita que ameaçaram deixar o governo se Israel fizer muitas concessões. Membros da oposição prometeram dar a Netanyahu o apoio que ele precisa para aprovar um acordo para a libertação dos reféns.
Dez membros da ala mais dura da coalizão de Netanyahu enviaram uma carta o primeiro-ministro expressando sua oposição a um acordo que não permita que soldados israelenses mantenham presença em partes estratégicas da Faixa de Gaza. Netanyahu espera que a perspectiva de uma administração Trump convença seus parceiros de extrema direita a permanecerem no governo.
Saiba mais
A guerra começou no dia 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto. Após o ataque, Israel iniciou uma operação na Faixa de Gaza, que contou com invasão terrestre e bombardeios aéreos e já deixou mais de 46 mil mortos no enclave palestino, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de terroristas do grupo. /com AP