Netanyahu vai a Moscou e consegue de Putin novo impulso eleitoral

Três dias após aparecer, ao lado de Bolsonaro, na primeira foto com um líder mundial no Muro das Lamentações, premiê israelense obtém do Kremlin gesto de impacto, a repatriação após 37 anos do cadáver de um militar, encontrado na Síria

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Foto do author Cristiano  Dias

O presidente russo, Vladimir Putin, entrou na campanha eleitoral de Israel ao receber nesta quinta-feira, 4, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, no Kremlin. A reunião entre os dois ocorreu a cinco dias da votação que ameaça tirar Netanyahu do cargo. Com a ajuda que deu, Putin repete os gestos de outros líderes, como Donald Trump e Jair Bolsonaro, que também estenderam a mão ao premiê em encontros recentes.

Vladimir Putin (direita), recebeBinyamin Netanyahu (esquerda) no Kremlin, em Moscou Foto: (AP Photo/Alexander Zemlianichenko, Pool)

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Ainda na quinta-feira, 4, no Kremlin, Putin ofereceu mais do que um aperto de mão a Bibi. Em tom solene, ele anunciou a entrega do corpo de um sargento israelense, desaparecido na guerra do Líbano, em 1982, que foi encontrado na Síria. “Nossos aliados militares sírios determinaram o local”, disse Putin em comentários divulgados pelo Kremlin. “Estamos muito felizes de que Israel poderá dar a ele as honras militares necessárias em casa, e seus parentes poderão levar flores ao seu túmulo.” 

Zachary Baumel tinha 21 anos quando desapareceu na batalha pelo vilarejo de Sultan Yacoub, um caso que provoca comoção em Israel há 37 anos. Seu corpo foi recuperado em um cemitério nos arredores de Damasco. Exames de DNA confirmaram a identidade de Baumel, que já havia sido reconhecido pelas inscrições em hebraico de seu uniforme e a identificação do Exército de Israel nas botas.

Netanyahu ficou exultante. Ele trava uma das eleições mais disputadas de sua carreira política contra o general Benny Gantz, ex-comandante das Forças Armadas, e qualquer empurrãozinho pode significar a reeleição. 

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“A volta de Baumel é um dos momentos mais emocionantes de todos os meus anos como primeiro-ministro”, disse Netanyahu. “É a recompensa da dívida moral que temos com todos os soldados israelenses e com suas famílias.” 

Putin tem apoiado líderes populistas em várias partes do mundo. Na Síria, a barganha foi permitir os bombardeios de Israel a posições iranianas em troca do reconhecimento de Netanyahu da presença russa no país. Receber o israelense em Moscou seria um preço baixo a pagar pelo pacote completo.

“Israel não precisa da Rússia, mas Netanyahu precisa”, diz Tehilla Shwartz Altshuler, pesquisadora do Israel Democracy Institute. “Netanyahu tenta atrair o voto dos judeus que deixaram a União Soviética, uma população de quase um milhão de habitantes, cujos votos de filhos e netos, nascidos em Israel, valem quase 20 assentos na Knesset (Parlamento israelense), suficiente para decidir uma disputa acirrada”. 

Segundo ela, esses eleitores conservadores tendem a votar em partidos da direita mais conservadora, como o Yisrael Beitenu (Israel Minha Casa), de Avigdor Lieberman, ex-aliado de Netanyahu. 

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Em Israel, Netanyahu vem usando seus encontros com líderes internacionais – Trump, Bolsonaro e Putin – para transmitir uma imagem de experiência e capacidade de construir alianças, rompendo o isolamento diplomático de Israel, quase uma obsessão nacional. 

Segundo o jornal Haaretz, Netanyahu tenta passar a ideia de que, se o novato Benny Gantz for eleito, o delicado equilíbrio que ele construiu nesses anos entrará em colapso.

As pesquisas de opinião variam pouco. A maioria aponta um empate entre o Likud, partido de Netanyahu, e o Azul e Branco, legenda de Gantz. Os dois teriam cerca de 50% dos votos – 25% para cada um –, algo em torno de 30 deputados no Parlamento de 120 cadeiras. 

O vencedor depende de como ficará a outra metade, fatiada entre vários partidos. Até agora, segundo pesquisa da Universidade de Tel-Aviv, a coalizão chamada de “direita religiosa”, ligada a Netanyahu, obteria 67 cadeiras. A centro-esquerda, grupo ligado ao general Gantz – que é um conservador de centro –, ficaria com 53 deputados. / COLABOROU RODRIGO TURRER 

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