Nicarágua e Coreia do Norte consolidam laços com abertura de embaixadas

Anúncio de abertura de embaixadas em Manágua e Pyongyang foi feito pela vice-presidente Rosario Murillo após Kim Jong-un enviar felicitações a Daniel Ortega pelo aniversário da revolução sandinista

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Por Redação

MANÁGUA - A Nicarágua pretende abrir em breve uma embaixada na capital da Coreia do Norte e, em sinal de reciprocidade, Pyongyang também terá uma embaixada em Manágua, segundo a vice-presidente do país e esposa de Daniel Ortega, Rosario Murillo. O anúncio foi feito após o líder norte-coreano felicitar o país pelo aniversário de 44 anos da revolução sandinista. Opositor exilado criticou decisão.

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“Nos reunimos com o representante do irmão Kim Jong-un, que também nos enviou uma bela mensagem, e assumimos o compromisso de abrir embaixadas”, disse Murillo a meios de comunicação oficiais. Segundo ela, a intenção é “estreitar as relações que já duram décadas” e afirmou que entregou um pedido de agrément para ter um embaixador residente em Pyongyang.

Com isso, Manágua se juntaria a Brasil, Venezuela, Cuba e México que já possuem representação diplomática na Coreia do Norte. “Vamos retribuir para trabalhar juntos a partir dessas representações em políticas sociais, culturais, diplomáticas, fortalecer nossas relações de décadas”, disse a vice-presidente.

O ditador Daniel Ortega e sua vice e esposa, Rosario Murillo durante as comemorações do aniversário de 44 anos da revolução sandinista, em 19 de julho de 2023 Foto: Cesar Perez/Presidência da Nicarágua/AFP

Manágua já teve uma representação na Coreia do Norte nos anos 80, mas a embaixada foi fechada depois que Daniel Ortega perdeu as eleições de 1990 para Violeta Barrios de Chamorro.

No último dia 17 de julho, Kim Jong-un enviou uma carta a Ortega o felicitando pelo aniversário da revolução que derrubou a ditadura de Somoza. “Por ocasião do 44º aniversário do triunfo da revolução popular sandinista, estendo minhas felicitações a você, ao governo e ao povo da Nicarágua, e desejo maior sucesso em seu trabalho para alcançar o progresso e a prosperidade na defesa da soberania do país”, dizia a carta divulgada pelo governo nicaraguense.

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Crítica

O líder da oposição nicaraguense, Félix Maradiaga, criticou o governo Ortega pelo anúncio da embaixada. “Considero uma decisão irresponsável, que não só isola ainda mais a Nicarágua, mas também envolve o país em conflitos geopolíticos estrangeiros com um custo desnecessário para os cidadãos”, disse Maradiaga, que foi libertado da prisão e expulso para os Estados Unidos pelas autoridades da Nicarágua em 9 de fevereiro, junto com outras 221 pessoas.

“A Coreia Norte é um dos países mais fechados do mundo. Além da própria abertura da embaixada, o que realmente preocupa é que a política externa de manter relações com países perigosos como Coreia do Norte, Rússia e Irã seguem um rumo cada vez mais desenfreado e irresponsável”, observou.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un Foto: Korean Central News Agency/Korea News Service via AP

“Já é amplamente sabido que essas relações só geram maior isolamento para a Nicarágua, e que não trazem nenhum benefício econômico ou comercial para os setores exportadores do país”, acrescentou. Para o líder da oposição, esse tipo de relacionamento “distancia ainda mais dos mercados altamente competitivos para nossos produtos, como Europa e Estados Unidos, com os quais ainda temos acordos de livre comércio”.

Em sua opinião, esse tipo de relação do governo sandinista “baseiam-se no profundo antiamericanismo de Ortega e nos aproximam perigosamente de cenários geopolíticos de conflito nos quais não deveríamos estar envolvidos”./EFE

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