O governo da Nicarágua anunciou no sábado, 6, o rompimento de “todas as relações diplomáticas” com o Equador após a invasão policial à embaixada mexicana em Quito, que culminou na prisão do ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.
“Diante da ação inusitada e condenável, convertemos em nossa Decisão Soberana de romper todas as relações diplomáticas com o governo equatoriano”, disse o governo do presidente Daniel Ortega em um declaração.
Com esta decisão, Manágua envia também um sinal ao Panamá. Os dois países passam por uma situação similar: o ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014) está refugiado há dois meses na embaixada da Nicarágua na Cidade do Panamá, para escapar de uma pena de prisão por lavagem de dinheiro.
A chocante operação em Quito, sem precedentes semelhantes no mundo, levou o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, a romper imediatamente as relações diplomáticas com o Equador pelo que descreveu como uma “violação flagrante do direito internacional e da soberania do México”.
O governo Ortega manifestou a sua solidariedade com o México e recordou que retirou o seu embaixador de Quito em 2020, depois de o governo equatoriano ter retirado o refúgio na sua embaixada em Londres do australiano Julian Assange, que divulgava documentos confidenciais dos EUA na sua rede WikiLeaks.
“Nossa solidariedade e apoio, em qualquer ação legal que possa surgir disso, ao Presidente do México, Dom Andrés Manuel López Obrador”, afirmou o governo Ortega. “No dia 1.º de setembro de 2020 retiramos nossa Embaixada em Quito e com esta Declaração formalizamos o rompimento de todas as relações diplomáticas”, acrescentou.
Governos da América Latina apoiam o México
Mais de uma dezena de governos latino-americanos apoiaram o México em sua crise diplomática com o Equador e denunciaram a invasão de sua embaixada em Quito pela polícia, qualificado de “improcedente” pela OEA.
A operação das forças de segurança culminou na detenção do ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, procurado pela Justiça de seu país e que se refugiava na sede diplomática mexicana.
Em um comunicado, o Itamaraty condenou “nos mais firmes termos” a medida levada adiante pelo governo equatoriano. É “uma clara violação” de convenções internacionais que estabelecem que “os locais de uma missão diplomática são invioláveis”, e constitui um “grave precedente” que merece um “enérgico repúdio”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina emitiu um comunicado condenando a invasão da embaixada mexicana em Quito, ao mesmo tempo em que pede a plena observância das disposições da Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954 e da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
O governo de Javier Milei lembrou no documento que a Argentina “recentemente concedeu essa condição (de asilo diplomático) a líderes políticos venezuelanos e aguarda a emissão dos respectivos salvo-condutos”.
Saiba mais
A Secretária-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse por sua vez em um comunicado que “rejeita qualquer ação violadora ou que ponha em risco a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas” e disse que os países não podem “invocar normas de direito interno para justificar o descumprimento de suas obrigações internacionais”.
“Neste contexto, manifesta solidariedade a quem foi vítima das ações impróprias que afetaram a Embaixada do México no Equador”.
A organização chamou ao “diálogo entre as partes” e considerou “necessária uma reunião do Conselho Permanente da OEA”.
Países como Venezuela, Cuba, Bolívia, Chile, Panamá e Costa Rica também se manifestaram com notas de solidariedade ao México e repúdio ao governo do Equador./com AFP
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