Nicarágua, Venezuela, Cuba e Palestina; veja a lista de países que podem entrar no Brics

A cúpula de Kazan vai decidir a forma e o conteúdo da segunda expansão seguida do grupo, incentivada por Pequim e Moscou

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Por Redação

O Brics pode aumentar ainda mais o número de membros após a 16ª cúpula dos líderes do bloco, que começou nesta terça-feira, 22. Depois da ampliação de cinco para dez países no ano passado, a Rússia convidou mais de 30 países e organizações para acompanharem a cúpula como observadores.

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O Estadão teve acesso à lista de candidatos que podem entrar após o evento sediado em Kazan, na Rússia. Constam os seguintes países: Argélia, Azerbaijão, Bahrein, Bangladesh, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Honduras, Indonésia, Kuwait, Laos, Malásia, Mianmar, Marrocos, Nicarágua, Nigéria, Palestina, Paquistão, Senegal, Sri Lanka, Sudão do Sul, Síria, Tailândia, Turquia, Uganda, Venezuela, Vietnã e Zimbábue.

Atualmente o bloco é composto por Índia, Brasil, China, Rússia e África do Sul, além dos membros que entraram no ano passado: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Arábia Saudita (esta última ainda não respondeu ao convite de adesão e enviará o ministro de Relações Exteriores).

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de uma reunião bilateral com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, durante o primeiro dia da cúpula do Brics, em Kazan, Rússia  Foto: Alexander Nemenov/AFP

Expansão

A cúpula de Kazan vai decidir a forma e o conteúdo da segunda expansão seguida do grupo, incentivada por Pequim e Moscou. A do ano passado levou mais de uma década para ocorrer. Agora, em ritmo acelerado, a negociação avançou para a criação de uma categoria especial de países “parceiros”. Devem ingressar nessa condição outros dez países - de uma lista que chegou a 34 pedidos de adesão.

O Brasil apoiou o ingresso de outros países, como Colômbia e Angola, mas eles não constam da lista de quem manifestou o interesse em adesão agora. A expectativa do Itamaraty é que ao menos dez novos membros sejam de fato aprovados como “parceiros”. Todos dependem de aprovação por consenso dos atuais membros - na prática, isso confere o poder de veto.

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A reunião é vista no Kremlin como uma grande oportunidade para o presidente russo Vladimir Putin demonstrar que o país não está sozinho, e fazer um desafio direto ao Ocidente. Tanto Moscou quanto a China de Xi Jinping buscarão se projetar como líderes do chamado Sul Global e utilizar-se disso para pressionar os aliados por um novo sistema econômico que os afaste dos Estados Unidos.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, abraça o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante uma reunião bilateral na cúpula do Brics, em Kazan, Rússia  Foto: Alexander Zemlianichenko/AP

Nicarágua e Venezuela

A expectativa é que, dos países latino-americanos, o Brasil barre explicitamente o ingresso da Nicarágua, por causa da recente expulsão do embaixador brasileiro de Manágua, pelo ditador Daniel Ortega. Integrantes do Planalto lembram que houve quase um rompimento total de Ortega com o governo Lula. Cuba, Bolívia e Honduras completam a lista da região.

No caso da Venezuela, há um impasse no governo sobre como lidar com Caracas. A relação de Lula se deteriorou com o ditador Nicolás Maduro, e o governo brasileiro se nega a reconhecer sua alegada reeleição, diante dos indícios de fraude. A entrada não seria positiva para o governo Lula. Celso Amorim fez ressalvas e manifestou que o bloco deve se manter influente, com países expressivos.

Porém, integrantes do Planalto ponderam que vetar a Venezuela poderia piorar a crise política vizinha que o Brasil tenta mediar. Por isso, ainda avaliava-se a possibilidade de o Brasil se abster, o que na prática liberaria a entrada do país - um desejo de russos e chineses. Questionado especificamente sobre a Venezuela, o chanceler Mauro Vieira disse ao chegar a Kazan que “todos os países candidatos têm chance” de serem aceitos como associados.

No entanto, nos bastidores, há favoritos como a Turquia - por causa da relevância geopolítica - e outros com problemas no caminho, a exemplo do Paquistão.

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A diplomacia brasileira joga contra o tempo, procura desacelerar o ritmo e tenta emplacar a tese de que os novos associados sejam escolhidos segundo certos critérios, diante do apetite por expansão de Rússia e China. O receio é que tentem atropelar em cima da hora. Entre os fatores a serem avaliados, estão peso político e distribuição regional, alinhamento à agenda de reforma da governança global, rejeição a sanções não autorizadas pelas Nações Unidas e relações amigáveis com todos os membros./com informações de Felipe Frazão e Carolina Marins