Nicolás Maduro: quem é o presidente venezuelano, qual sua relação com Lula e por que está no Brasil

Esta é a primeira visita de Maduro ao Brasil desde 2015; governo Bolsonaro não reconheceu sua reeleição

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Por Redação
Atualização:

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, está desde domingo, 28, no Brasil. A visita, feita a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se deve a uma reunião com o líder brasileiro, realizada na segunda-feira, 29, e à participação da cúpula dos países sul-americanos, a Unasul, nesta terça-feira, 30, em Brasília.

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Esta é a primeira visita de Maduro ao Brasil desde 2015, ainda no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a presença do venezuelano chegou a ser barrada por uma portaria publicada em agosto de 2019, que ainda proibia a vinda de outras autoridades do país latino-americano.

Para Lula, a vinda de Maduro foi “um momento histórico”, mas a retomada das relações diplomáticas não foi vista com bons olhos pela oposição e mobilizou críticas de políticos como Sérgio Moro (União Brasil-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Quem é Nicolás Maduro?

Nicolás Maduro nasceu em 23 de novembro de 1962 em Caracas, capital da Venezuela. Presente na política desde 1990, Maduro pertence ao Partido Socialista Unido da Venezuela e chegou a ocupar o cargos de Ministro das Relações Exteriores, antes de ser eleito o vice-presidente do país em 2012, na mesma chapa do então presidente Hugo Chávez. No mesmo ano, assumiu de forma interina a presidência, cargo que, então, assumiu definitivamente em 2013, quando Chávez morreu de câncer.

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Em 2018, Maduro foi reeleito para mais seis anos de mandato, por meio de um processo eleitoral com denúncias de fraude, protestos e uma alta taxa de abstenção. As acusações foram negadas por Maduro. Mesmo assim, o resultado não foi reconhecido pela oposição venezuelana - que chegou a pedir uma nova votação - nem por dezenas de nações, como Estados Unidos, Argentina, Canadá, Chile e México, além do Brasil.

Desde 2013, quando Maduro assumiu o governo, a Venezuela sofreu um declínio econômico histórico, além de uma onda de protestos violentos. A economia do vizinho latino-americano encolheu 75% durante a década que ele passou no poder, e cerca de 7 milhões de venezuelanos emigraram do território. O governo de Maduro, por sua vez, vinculou a emigração em massa a uma “campanha da direita” e afirmou que a população iria retornar com o resultado de medidas econômicas sancionadas em 2018.

Nicolás Maduro acenando a jornalistas ao chegar no encontro de países da América do Sul, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, nesta terça-feira, 30. Foto: AP Photo/Andre Penner

Apagões de energia, taxa de desemprego batendo 60%, altos índices de mortalidade materna, escassez de alimentos e medicamentos estão entre os problemas enfrentados por venezuelanos.

A oposição também acusa Maduro de autoritarismo, violação de direitos humanos, perseguição a opositores e restrições à imprensa. Críticas a ele são raramente vistas na mídia nacional, especialmente pelo fato de que o governo domina as emissoras de TV locais.

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Em 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU), a partir da investigação de casos de assassinatos, tortura, agressões, violência sexual e desaparecimentos, acusou a Venezuela de cometer “violações flagrantes”, equivalentes a crimes contra a humanidade, afirmando que Nicolás Maduro esteve envolvido em uma “violência sistemática” desde 2014, com o objetivo de reprimir a oposição política.

Como resposta do governo venezuelano, o então embaixador da Venezuela na ONU, Jorge Valero, descreveu a iniciativa das Nações Unidas como “hostil” e que a ação fazia parte de uma iniciativa encabeçada pelos Estados Unidos para atacar o governo da Venezuela.

As acusações de autoritarismo se devem a ações do governo de Maduro em ocasiões como no ano de 2016, quando ele obteve da Suprema Corte a decisão de retirar os poderes da Assembleia Nacional. Com isso, o poder de atuação do Legislativo foi retirado.

Relação entre Lula e Maduro

A presença de Nicolás Maduro no Brasil foi encarada com positividade pelo governo Lula, que descreveu a visita como um “momento histórico”. Desde o seu início, o governo petista retomou de imediato as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela, cortadas durante o governo Bolsonaro, que aceitava como presidente do país vizinho o líder oposicionista Juan Guaidó.

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“A Venezuela sempre foi um parceiro excepcional para o Brasil, mas, por conta das contingências políticas e os equívocos, o presidente Maduro ficou oito anos sem vir ao Brasil, e o Brasil ficou muito tempo sem ir a Venezuela, e nós temos um pequeno problema de ordem política, de ordem cultural, de ordem econômica e de ordem comercial”, disse Lula.

Ex-líder sindicalista, Maduro se descreve como socialista. Sua relação consolidada com o presidente Lula é herança do governo chavista, com o qual o governo do líder petista já mantinha proximidade diplomática. Segundo o presidente, durante a visita nesta segunda-feira, 29, a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.

Presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, e presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao fim de uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto na segunda-feira, 29. Foto: AP Foto/Gustavo Moreno

Em 2020, durante as eleições realizadas em novembro, o PT emitiu um comunicado manifestando solidariedade ao governo do país vizinho e afirmando que as eleições “foram realizadas pelo governo constitucional, apesar da crise provocada pelo bloqueio comercial e financeiro e das ameaças militares”.

“Compreendemos que a realização das eleições é a resposta democrática aos golpistas que conspiram, dentro e fora do país, contra o governo constitucional e o processo de transformação iniciado pelo ex-presidente Hugo Chavez”, dizia o comunicado.

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Por que Maduro está no Brasil

O líder chavista é um dos 11 governantes latino-americanos que desembarcaram em Brasília para o encontro da Unasul (União das Nações Sul-americanas), nesta terça-feira, 30, no Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia brasileira. Antes do encontro, Lula recebeu, na segunda-feira, 29, no Palácio do Planalto, o presidente venezuelano.

Líderes reunidos na Cúpula de Líderes da América do Sul, realizada nesta terça-feira (30) no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

A Unasul foi criada em 2008, por uma iniciativa de Lula, na gestão 2003-2010, e por Hugo Chávez. A proposta do encontro é fomentar a integração entre as nações e que possibilitar o debate entre as lideranças sobre medidas de integração, infraestrutura e cooperação em áreas como saúde, educação, proteção do meio ambiente, segurança alimentar e combate ao crime organizado nas fronteiras.

O encontro reúne todos os chefes de estado da América do Sul, com exceção da presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrenta impedimentos constitucionais.

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