A polícia da Nigéria prendeu ao menos 67 pessoas acusadas de serem homossexuais e de participarem de um suposto casamento homoafetivo no sul do país, no estado do Delta.
“Prendemos 67 supostos homossexuais em um hotel onde celebravam uma cerimônia de casamento entre dois deles na cidade de Ekpan”, disse à EFE, por telefone, o porta-voz da polícia estadual, Bright Edafe.
“Invadimos o hotel depois que um deles, um travesti que se dizia ator, foi interceptado a caminho da cerimônia”, explicou Edafe.
Segundo o porta-voz, após “um interrogatório detalhado, confessou fazer parte de um clube gay” e levou os agentes ao local onde ocorria o suposto casamento entre dois homens.
Edafe afirmou que um dos participantes admitiu ter praticado sexo anal durante a celebração e destacou que a polícia encontrou no local garrafas de bebida alcoólica e outras drogas, como maconha.
“O casamento entre pessoas do mesmo sexo e a homossexualidade são ilegais na Nigéria. Não estão permitidos porque são estranhos à nossa cultura e não são naturais”, disse o porta-voz da polícia.
Os detidos foram obrigados a posar publicamente na delegacia da cidade hoje, uma prática que expõe pessoas da comunidade LGBTQIA+ à violência e à discriminação na sociedade, ao revelar a sua identidade.
A homossexualidade é perseguida na Nigéria e é considerada um crime que acarreta penas de prisão até 14 anos, embora possa significar morte por apedrejamento em algumas partes do norte do país, onde se aplica a sharia (lei islâmica), embora na prática, os condenados acabam sofrendo flagelações.
Por outro lado, o casamento homoafetivo é explicitamente proibido no país desde 2014.
Uma das situações mais graves contra este grupo nos últimos anos na Nigéria foi a acusação de 47 pessoas detidas em uma festa em 2018, embora o caso tenha sido finalmente arquivado em 2020.
Dos quase 70 países que criminalizam as relações entre pessoas do mesmo sexo no mundo, mais de 30 estão na África, onde a maioria das leis deste tipo são herdadas do período colonial e foram reforçadas por outras normas posteriores. /EFE
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