QUITO - O esquerdista Andrés Arauz e o direitista Guillermo Lasso batalham ferozmente uma semana antes da eleição presidencial no Equador, onde a base social do Pachakutik, braço político do maior movimento indígena do país, pode ser decisiva para definir a corrida.
No último sábado, 3, o presidente do movimento indígena equatoriano, Jaime Vargas, declarou apoio a Arauz. "Suas propostas têm nosso apoio absoluto no movimento indígena do Equador", disse o líder da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), durante uma reunião pública com Arauz, celebrada na comunidade Kofán Dureno, na província amazônica de Sucumbíos.
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"Sou presidente do movimento indígena do Equador e vim aqui apoiar a proposta das nossas nacionalidades", declarou Vargas, segundo vídeo publicado nas redes sociais.
Arauz, um economista de 36 anos, agradeceu o apoio e escreveu no Twitter: "estamos construindo a unidade nacional, pondo o Equador à frente", mensagem que ilustrou com uma fotografia erguendo as mãos ao lado do dirigente.
Após a derrota do candidato do Pachakutik, Yaku Pérez - que não conseguiu chegar ao segundo turno após ficar 0,35 ponto percentual atrás de Lasso no número de votos - o partido havia se distanciando dos dois candidatos nas urnas, deixando a dúvida de para onde iriam os 20% de eleitores que os apoiaram no primeiro turno. A Conaie havia incentivado o voto nulo no segundo turno.
Os candidatos, no entanto, continuaram buscando apoio entre setores indígenas, que protagonizaram protestos contra o governo em outubro de 2019 e participaram de revoltas populares que depuseram três presidentes entre 1997 e 2005.
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Arauz, afilhado político do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), e Lasso, ex-banqueiro conservador e adversário ferrenho do ex-presidente, se enfrentam para substituir o impopular Lenín Moreno.
Várias pesquisas colocaram Arauz na frente com quase uma dezena de pontos - ele venceu o primeiro turno com 32,72% dos votos, 13 pontos a mais que Lasso.
Mas a última pesquisa da Market prevê um "empate técnico" entre Arauz, de 36 anos, candidato do partido União pela Esperança (Unes), e Lasso, de 65 anos, fundador do movimento Criando Oportunidades (Creo).
Segundo a pesquisa, 50% votarão em Arauz e 49% em Lasso, uma diferença de cerca de 70 mil votos.
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Com essa projeção, as perspectivas para a votação de 11 de abril são "totalmente incertas", afirma Blasco Peñaherrera, diretor da Market, à Agência France-Presse, acrescentando que "esse capítulo não está encerrado". Peñaherrera destacou que embora seja o segundo colocado, o "crescimento" eleitoral de Lasso é "muito maior" do que o de Arauz. O número de indecisos, que ao final do primeiro turno girava em torno de 35%, caiu para 8%.
Uma pesquisa da Cedatos, encerrada em 30 de março, mostrou Lasso com 52% e Arauz com 48%.
A vitória no primeiro turno, apoiada na imagem do ainda popular ex-presidente Correa, deu a Arauz alguma vantagem sobre Lasso. "Embora qualquer um dos dois possa vencer, parece-me que as chances de Arauz são maiores", afirmou o cientista político Santiago Basabe, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Para ele, em caso de vitória de Arauz, "o primeiro ponto da agenda do governo será, sem dúvida, a volta de Correa".
Para Peñaherrera, os resultados das últimas pesquisas são reversíveis. "Nas urnas, vimos mudanças violentas em quase todos os processos eleitorais". /AFP