“Sempre dissemos que essa é uma situação de emergência e que, aos poucos, teremos de voltar à normalidade, com leis”, disse o chanceler Werner Faymann, que indicou que essa volta seria “passo à passo”.
Na semana passada, Viena já havia fechado a fronteira, causando caos do lado húngaro. Agora, adverte que uma solução à médio prazo terá de ser a distribuição de refugiados entre os países do bloco. Nesta semana, a Comissão Europeia irá detalhar a proposta de criar 160 mil lugares para os refugiados em todo o continente.
O governo da Alemanha, aplaudido pelos refugiados pela acolhida, também apontou que a generosidade terá um limite e que o país não deveria ser “sobrecarregado”. Para Berlim, a decisão de receber milhares de pessoas foi “excepcional” e Angela Merkel começa a ser cobrada publicamente por seus parceiros conservadores, que exigem a volta dos controles.
Diplomatas consultados pelo Estado, informaram que negociações intensas entre os governos da Áustria, Hungria e Alemanha devem continuar nos próximos dias.
Em entrevista à imprensa austríaca, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, indicou que vai endurecer o controle na fronteira com a Sérvia. O fluxo de refugiados foi possível depois que Viena e Berlim fecharam um acordo para permitir a circulação dos refugiados, presos na Hungria há dias. A maioria dos imigrantes conseguiu chegar a Áustria de trem.
Solidariedade. Famílias dirigiram centenas de quilômetros levando refugiados em seus carros, entidade de caridade distribuíram roupas e donas de casa cozinharam para os estrangeiros. O papa Francisco pediu que todas as paróquias e cristãos da Europa recebam refugiados.
“Que todas as paróquias, todas as comunidades religiosas, todos os santuários da Europa, recebam uma família”, disse o pontífice em sua missa de domingo no Vaticano. “O evangelho nos pede para estar perto dos abandonados.” Duas famílias seriam levadas ontem mesmo para a Santa Sé.
Na cidade húngara de Gyor, o Estado presenciou como um comboio de 130 carros austríacos e alemães se dirigiam para Budapeste para ajudar a transportar os refugiados para fora da Hungria. “Não vamos os deixar a pé”, disse a austríaca Madelaine Enzberger, em um furgão.
Questionada se não temia ser detida pelas autoridades húngaras, que decretou ser ilegal contribuir para a viagem dos refugiados, ela parecia determinada. “Por isso somos muitos.”
Em Budapeste, um campo de refugiados improvisado na estação de trem se transformou em centro de ajuda. Centenas de pessoas trouxeram sapatos para calçar os refugiados, enquanto outros sopravam bolhas de sabão para alegrar as crianças sírias. Em Nickelsdorf, na Áustria, doações eram oferecidas aos refugiados na estação de trem.
“As pessoas estão mandando um recado duro aos governos: os refugiados são bem-vindos”, disse Melissa Fleming, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados.