Nova presidente do Peru propõe antecipar eleições após mortes em protestos

Dina Boluarte anunciou que enviará projeto de lei ao Congresso; ela ainda decretou estado de emergência nas regiões afetadas pela onda de protestos desde a queda de Pedro Castillo

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Por Redação

LIMA - A presidente do Peru, Dina Boluarte, vai enviar ao Congresso um projeto de lei para antecipar as eleições gerais para abril de 2024. Essa é uma das reivindicações dos grupos que tomaram as ruas peruanas em uma onda de protestos desde a queda do ex-presidente Pedro Castillo. Ao menos duas pessoas morreram nas manifestações.

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“Decidi tomar a iniciativa de chegar a um acordo com o Congresso para antecipar as eleições gerais para abril de 2024. Nos próximos dias apresentarei ao Congresso um projeto de lei para antecipar as eleições”, disse Boluarte, em discurso nesta segunda-feira, 12.

A nova presidente tomou posse na última quarta-feira para substituir Castillo, destituído do cargo e preso depois de tentar um golpe e ordenar a dissolução do Congresso. Ainda no discurso desta segunda-feira, Boluarte explicou que a decisão de antecipar as eleições e não terminar o seu mandato em julho de 2026, como inicialmente previsto, seria uma “forma mais ampla de entender a vontade dos cidadãos”. Ela também ressaltou que a aprovação da lei implica reformas constitucionais, as quais devem ser “tramitadas de forma célere”.

“No período que decorre até à data da realização das eleições gerais antecipadas, o meu governo vai também promover a aprovação no Congresso da República de uma lei de reforma do sistema político que permita um sistema de governo democrático, transparente e participativo”, afirmou.

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“Convoco todas as forças políticas do país, das regiões e províncias, as autoridades, a sociedade civil e o povo peruano a participar deste processo para que uma onda de vontade democrática e responsabilidade nacional nos guie para estabelecer as bases jurídicas, institucionais e democráticas para um Peru unido, livre e socialmente justo”, disse.

Estado de emergência

Também nesta segunda-feira, a preseitne do Peru declarou estado de emergência nas áreas afetadas pela onda de protesto que ocorre no Peru nos últimos dias e que resultou na morte de duas pessoas.

Neste domingo, 11, dois manifestantes morreram na cidade de Andahuaylas, na região andina austral de Apurimac, quando participavam de um protesto pelas eleições antecipadas e pela renúncia de Boluarte.

Apoiadores do ex-presidente Pedro Castillo se protegem de gás lacrimogêneo lançado pela polícia durante confrontos em uma manifestação exigindo sua libertação e o fechamento do Congresso peruano  Foto: Ernesto Benavides/AFP

“Lamento profundamente a morte de nossos compatriotas em Andahuaylas, Apurímac, minha terra. Expresso minhas sentidas condolências a seus familiares”, disse Boluarte. Por causa dos protestos, o aeroporto de Andahuaylas foi fechado.

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Em nota, o Ministério dos Transportes e Comunicações explicou que o aeroporto “tem sofrido ataques e atos de vandalismo” desde a tarde de sábado, que “afetaram a pista e os equipamentos essenciais à prestação do serviço de navegação aérea”. Ainda segundo a corporação, os grupos “incendiaram a sala do transmissor, a sala de combustível” e cercaram o terminal, onde se encontram 50 membros da Polícia Nacional.

As manifestações, que se repetiram em outras regiões do país, pedem eleições antecipadas e a renúncia de Boluarte, que tomou posse na última quarta-feira após a destituição pelo Congresso de seu antecessor Pedro Castillo. O então presidente foi retirado do cargo após ordenar a dissolução do Parlamento e anunciar que formaria um executivo de emergência, governaria por decreto e convocaria uma assembleia constituinte e uma reorganização do sistema judicial.

Além de Andahuaylas, o outro local com maior incidência de protestos trata-se do município de Chala, na região sul de Arequipa. Segundo a polícia, cerca de 2.000 manifestantes bloquearam o trânsito na rodovia Panamericana Sur. No centro de Lima, centenas de pessoas também protagonizaram confrontos em torno do Congresso. /EFE

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