ANCARA - Um novo terremoto de 6,4 graus de magnitude abalou nesta segunda-feira, 20, a Província de Hatay, na Turquia, deixando pelo menos 3 mortos e 213 feridos, segundo ministro do Interior turco, Suleyman Soylu.
Hatay foi uma das mais afetadas pelos terremotos de 6 de fevereiro que deixaram pelo menos 41 mil mortos só no país, além de outros 5 mil na vizinha Síria. Segundo a agência de gerenciamento de desastres da Turquia, AFAD, um segundo tremor de magnitude 5,8 também foi sentido até em países vizinhos.
Lutfu Savas, prefeito de Hatay, disse que vários prédios desabaram após o novo terremoto prendendo pessoas dentro. Acredita-se que os soterrados sejam pessoas que voltaram para casa para se abrigar do intenso frio ou estavam tentando resgatar móveis e outros bens.
O tremor, com epicentro ao sul da cidade de Antioquia, ocorreu às 20h04 no horário local (14h04 de Brasília), segundo dados do Observatório Kandilli, em Istambul. Ainda não há informações sobre a profundidade do novo tremor, o que contribui para avaliar a capacidade de danos na superfície.
O canal de televisão NTV disse que o terremoto causou o colapso de alguns edifícios danificados. A Agência Anadolu, estatal da Turquia, disse que o terremoto foi sentido na Síria, Jordânia, Israel e Egito.
O vice-presidente turco, Fuat Oktay, disse que inspeções de danos estão em andamento em Hatay e pediu aos cidadãos que ficassem longe de prédios danificados e seguissem cuidadosamente as instruções das equipes de resgate. Tanto Antioquía como a cidade de Samandag ficaram no escuro, o que dificulta determinar se há pessoas presas nos edifícios que caíram ontem.
A AFAD exortou os cidadãos a manterem-se afastados da costa como precaução contra “o risco de o nível do mar subir até 50 centímetros”.
Feridos na Síria
Na vizinha Síria, a agência de notícias estatal SANA informou que mais de 130 pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital na cidade de Aleppo, como resultado da queda de destroços de prédios pelo novo tremor.
Alguns meios de comunicação nas regiões de Idlib e Aleppo relatam que alguns edifícios desabaram e os serviços de eletricidade e internet foram interrompidos em partes da região. De acordo com os meios de comunicação locais, muitas pessoas fugiram de suas casas e estão se reunindo em áreas abertas.
Enquanto isso, a Defesa Civil Síria da oposição síria, também conhecida como Capacetes Brancos, emitiu um alerta pedindo aos residentes no noroeste do país controlado pelos rebeldes que sigam as diretrizes divulgadas anteriormente sobre terremotos e como sair de edifícios.
A Sociedade Médica Sírio-Americana, que administra hospitais no norte da Síria, disse que tratou vários pacientes - incluindo um menino de 7 anos - que sofreram ataques cardíacos provocados pelo medo após o terremoto.
O tremor de magnitude 7,8 que atingiu o país em 6 de fevereiro matou mais de 41 mil pessoas só na Turquia e mais de 5 mil na vizinha Síria. As autoridades turcas registraram mais de 6.000 tremores secundários desde então.
O governo turco já havia encerrado, no último domingo, grande parte das operações de buscas, deixando somente nas duas província mais atingidas de Kahramanmaras e Hatay. Quase duas semanas após o abalo sísmico, as equipes ainda encontravam sobreviventes entre os escombros.
Consequências
A agência de saúde da União Europeia alertou para o risco de surtos de doenças nas próximas semanas devido à situação após os terremotos. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças disse que “doenças transmitidas por alimentos e água, infecções respiratórias e infecções evitáveis por vacinas são um risco no próximo período, com potencial para causar surtos, principalmente porque os sobreviventes estão se mudando para abrigos temporários”.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que enfrentará eleições em maio ou junho, diz que seu país começará a construir dezenas de milhares de novas casas já no próximo mês. Erdogan disse que os novos edifícios não terão mais de três ou quatro andares, construídos em terreno mais firme e com padrões mais elevados e em consulta com “professores de geofísica, geotécnica, geologia e sismologia” e outros especialistas.
“Queremos evitar desastres... deslocando nossos assentamentos das terras baixas para as montanhas (mais sólidas) tanto quanto possível”, disse em um discurso televisionado durante uma visita à província de Hatay. O líder turco disse que os monumentos culturais destruídos serão reconstruídos de acordo com sua “textura histórica e cultural”.
Segundo Erdogan, cerca de 1,6 milhão de pessoas estão atualmente alojadas em abrigos temporários.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, havia concluído nesta segunda mais cedo uma visita de dois dias à Turquia, onde reiterou o apoio dos Estados Unidos após o terremoto. Na sua visita de domingo às zonas afetadas pelo terremoto, Blinken anunciou uma ajuda suplementar de 100 milhões de dólares às vítimas do desastre, após um primeiro pacote de 85 milhões. /AP, AFP e EFE
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