Cientistas respondem qual a melhor forma de confortar alguém que está triste

Um corpo de pesquisa limitado, mas crescente, sugere que uma das formas mais poderosas de apoiar alguém também é a mais simples: começar uma conversa

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Por Melinda Wenner Moyer

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando um amigo, parceiro, membro da família ou colega de trabalho está chateado, você provavelmente já se perguntou qual a melhor forma de fazê-lo se sentir melhor. Deixá-los desabafar? Oferecer uma barra de chocolate? Dar-lhes espaço para que possam chorar? A abordagem ideal depende da pessoa e do contexto, dizem os especialistas. Mas um corpo de pesquisa limitado, embora crescente, sugere que uma das formas mais poderosas de acalmar os sentimentos de uma pessoa é começar uma conversa.

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As palavras desempenham um papel poderoso na formação das emoções das pessoas porque os humanos são uma espécie social. Os cérebros das pessoas estão perfeitamente sintonizados com as informações que recebem dos outros e estão “constantemente usando isso como feedback para mudar seus comportamentos e respostas”, disse Razia Sahi, doutoranda em psicologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que estuda como as interações sociais influenciam as emoções das pessoas. “As outras pessoas se importam muito com o que pensamos.”

Mas as palavras que usamos para confortar os outros importam, pois algumas formas de apoio verbal foram consideradas mais úteis do que outras. Em um pequeno estudo publicado em 8 de dezembro, por exemplo, Sahi e seus colegas descobriram que as pessoas consideram a validação - frases como “Eu entendo por que você se sente assim” ou “Isso parece muito difícil” -especialmente reconfortante.

Cientistas indicam que a melhor forma de ajudar alguém que está triste é ouvindo esta pessoa. Foto: Nik Shuliahin/Unsplash

Outras formas de feedback, como ajudar alguém a reconhecer que as coisas vão melhorar ou encorajar uma pessoa a ver a situação de uma nova perspectiva, também podem ajudar, sugere a pesquisa. E, às vezes, esses tipos de respostas podem até ser mais úteis do que frases de validação a longo prazo. “Diferentes estratégias atendem a diferentes necessidades”, disse Karen Niven, professora de psicologia organizacional na Sheffield University Management School, na Grã-Bretanha, que estuda como as pessoas influenciam as emoções daqueles ao seu redor.

Aqui está um guia baseado na pesquisa para apoiar amigos, colegas e entes queridos em momentos de necessidade.

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Valide suas emoções

Uma descoberta consistente da pesquisa é que dizer às pessoas que elas não deveriam se sentir tão mal normalmente as faz se sentir pior. Em um estudo de referência publicado em 2012, os pesquisadores ouviram 228 telefonemas entre clientes irritados e representantes de atendimento ao cliente que lidavam com questões e reclamações relacionadas a cobranças médicas. Quando os representantes diziam aos clientes chateados para “se acalmarem” ou “relaxarem”, os clientes geralmente ficavam mais irritados.

Esse tipo de estratégia sai pela culatra porque sugere que os sentimentos da pessoa “podem ser inapropriados ou que sua emoção pode ser mais intensa do que a situação exige”, explicou Sahi. Inadvertidamente, envia a mensagem de que elas estão exagerando, o que, paradoxalmente, apenas as torna mais emocionais.

“Não há evidências em nenhum estudo de que isso funcione bem”, disse a Dra. Niven.

Em seu novo estudo, que envolveu dois experimentos, Sahi e seus colegas perguntaram a 318 pessoas que tipo de feedback dos outros elas gostariam mais de receber depois de vivenciar um conflito com alguém que conheciam (uma briga com um amigo ou colega de quarto, por exemplo, ou sentimentos de traição). A validação foi o vencedor claro. Os participantes disseram que comentários afirmativos como “Imagino que foi difícil” são mais reconfortantes do que outros tipos de feedback que tentavam ajudar uma pessoa a mudar seu pensamento sobre o problema, como “Tente ver os dois lados da situação " ou “Tente focar no copo meio cheio em vez de meio vazio”.

“Quando as pessoas ouvem você e dizem que o entendem, você se sente confiável, se sente cuidado, se sente conectado”, disse Sahi, “e sentir-se conectado a outras pessoas é extremamente, extremamente importante para nós”. Como nossos ancestrais tinham mais chances de sobreviver quando eram membros de um grupo, o desejo de ser aceito pelos outros “é um instinto de sobrevivência que incutimos em nós”, ela explicou.

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Ajude-os a criar estratégias (se estiverem abertos a isso)

Embora as frases de validação possam fazer as pessoas se sentirem melhor no momento, elas não necessariamente as ajudarão a resolver seus problemas ou resolver suas emoções negativas a longo prazo, disse a Dra. Niven. Portanto, se elas estiverem abertas a isso, falar sobre como superar um obstáculo específico ou solucionar um conflito pode dar a um amigo ou colega chateado uma sensação de controle sobre a situação, disse a Dra. Niven. Isso pode ajudar a aliviar suas emoções e até resolver o problema completamente.

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No entanto, nem todos são receptivos a tal abordagem, porque pode parecer uma invalidação, disse Sahi. Então, primeiro, ouça como eles discutem sua situação,ela disse. Pesquisadores descobriram que as pessoas dão dicas sobre o que querem com base nas palavras que usam. Se elas se concentram em suas emoções dizendo algo como: “Sinto que eles não se importam comigo”, provavelmente estão apenas procurando validação. Se, por outro lado, elas disserem que gostariam de se sentir diferentes, ou que querem saber como resolver um problema, então elas estão “convidando você a ajudá-las”, explicou Sahi.

Se elas aceitarem ajuda na solução de problemas, maneje com cuidado

Se você acha que a outra pessoa está aberta para permitir que você a ajude a criar estratégias, você ainda pode querer começar validando seus sentimentos, disse a Dra. Niven. Diga a elas que você entende por que elas se sentem assim ou que você teria reagido da mesma forma. Estudos descobriram que as pessoas são mais receptivas a conselhos depois de se sentirem emocionalmente apoiadas do que se não tivessem recebido nenhuma validação.

Em seguida, tente uma estratégia de solução de problemas. Os participantes do estudo de Sahi acharam uma abordagem chamada “distanciamento temporal” mais útil. Isso envolve ajudar as pessoas a entender que, embora as coisas possam estar ruins agora, provavelmente melhorarão com o tempo. As pessoas preferiram essa abordagem a estratégias destinadas a fazê-las se sentirem mais otimistas (como a frase “copo meio cheio”) ou sugestões para tentar ver a situação do ponto de vista de outra pessoa. Não está claro por que essa abordagem foi preferida, mas talvez fosse porque não parecia conflituosa ou invalidante, disse a Dra. Niven, que não participou da pesquisa.

Outra coisa que pode ajudar é considerar como a pessoa chateada forneceu apoio a você no passado, disse Sahi. Seu estudo descobriu que as pessoas que tendiam a fornecer conselhos para resolução de problemas a outros também preferiam receber esse tipo de conselho quando estavam chateadas.

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Alguns problemas, porém, podem precisar de uma intervenção mais séria. Talvez um amigo esteja negando um relacionamento abusivo e você queira ajudá-lo a reconhecer a gravidade da situação. Nas circunstâncias em que você pode querer desafiar a perspectiva de alguém, primeiro explique que seu feedback está enraizado no quanto você se preocupa com essa pessoa, disse Jamil Zaki, psicólogo social da Universidade de Stanford. “Diga: ‘Eu realmente quero que você se sinta realizado. Eu quero que você se sinta empoderado. E acho que essa situação particular em que você está pode estar contra esse objetivo’”, ele disse.

Lembre-se de que o que importa é a intenção.

Embora possa ser difícil saber a melhor forma de ajudar alguém, o Dr. Zaki enfatizou que devemos ter certeza de que nossas tentativas serão apreciadas - mesmo que não saibamos o que estamos fazendo.

Em um pequeno estudo publicado em 2022, os pesquisadores descobriram que as pessoas normalmente subestimam a utilidade de suas tentativas de ajudar os outros, talvez porque temam que seus conselhos não sejam perfeitos. Os pesquisadores descobriram que as pessoas gostavam do apoio, mesmo que não estivesse exatamente alinhado com suas necessidades.

Em outras palavras, o que mais importa não é você dizer a coisa certa, mas sim estar presente e tentando ajudar. “Podemos fazer a diferença para outras pessoas com relativamente pouco esforço”, disse o Dr. Zaki. “Às vezes, apenas estar lá é tudo o que você precisa fazer.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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