Análise | O início do fim da era Trump? Blitz republicana pode ter consequências inesperadas

Por meio de sua enxurrada de ordens executivas e ataques incessantes às instituições americanas, Trump comprimiu o tempo. O que levaria meses para acontecer agora leva semanas, às vezes até dias

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Por Shadi Hamid (The Washington Post)

Por um momento, pareceu que tudo era possível. Com a vitória de Donald Trump no voto popular em novembro, a velha ordem havia sofrido um golpe devastador. Os democratas estavam, em sua maioria, desanimados. A resistência havia se esgotado. Para onde vamos a partir daqui? Ninguém sabia realmente.

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Muitos observadores da política americana, inclusive eu, achavam que uma nova era havia começado: uma era de hegemonia trumpiana. Os republicanos, encorajados, remodelariam a cultura americana, inaugurando um período de domínio conservador por anos, se não décadas. Esse era o clima. Em teoria, cortar desperdícios e tornar o governo federal mais responsável era uma ideia popular. Para a maioria dos americanos, as políticas progressistas em questões como imigração e direitos transgêneros haviam dado o que tinham que dar.

Trump estava surfando em uma onda de exaustão com o exagero cultural dos democratas. Depois que ele ganhou a presidência pela segunda vez, amigos centristas e até mesmo de esquerda sugeriram em bate-papos em grupo criptografados que algo de bom poderia sair disso, afinal. Eu encontrava pessoas em festas, grupos de leitura e “salões” que sussurravam — ou, quando embriagados, gritavam — que finalmente podiam dizer o que realmente pensavam a respeito de questões como identidade de gênero e diversidade, equidade e iniciativas de inclusão sem medo de serem condenados ao ostracismo.

Donald Trump discursa na Casa Branca: primeiros meses de governo trouxeram uma verdadeira blitz programática Foto: Jose Luis Magana/AP

Tudo isso era difícil de mensurar. O que é um clima, afinal? Como John Ganz escreve, uma mudança de clima é uma mudança “no próprio humor, ou seja, algo sentido, mas não totalmente articulado ou articulável”. É mais do que um sentimento, mas ainda assim, não passa disso: um sentimento. E sentimentos não são fatos. Ou, se são fatos, não são necessariamente duráveis.

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Um certo desgaste

Eu estava errado em pensar que isso, o que quer que fosse, seria mais duradouro. Não foi. Acontece que o momento de domínio trumpiano foi apenas isso: um momento. Algo mudou novamente. Agora estamos em outra fase: a mudança de clima da ressaca da mudança de clima. A maneira como vivenciamos o tempo também mudou. Por meio de sua enxurrada de ordens executivas e ataques incessantes às instituições americanas, Trump comprimiu o tempo. O que levaria meses para acontecer agora leva semanas, às vezes até dias.

Algum desgaste está começando a aparecer nas pesquisas, com os índices de aprovação de Trump em uma tendência decadente. Pela primeira vez na pesquisa nacional da NBC News, a maioria desaprova a forma como Trump lida com a economia, uma reversão impressionante para um presidente que tradicionalmente recebeu notas altas em questões econômicas. O mercado de ações despencou, a inflação aumentou e os republicanos enfrentam cada vez mais eleitores irritados em eventos locais. A oposição institucional também cresceu, com o presidente do Supremo Tribunal, John G. Roberts Jr., um conservador, emitindo uma rara repreensão pública depois que Trump pediu o impeachment de um juiz federal.

Trump está desperdiçando o que poderia ter sido um realinhamento único em uma geração. O momento já começou a se fragmentar em outra coisa, algo ainda não definido, mas inconfundivelmente diferente. Este é o paradoxo do nosso momento político: a permanência se anuncia apenas para se dissolver quase imediatamente.

Mahmoud Khalil, estudante da Universidade de Columbia, em protesto contra a Guerra em Gaza Foto: Ted Shaffrey/AP

O teste de Mahmoud Khalil

Para mim e muitos outros, a prisão de Mahmoud Khalil — um portador de green card e graduado da Universidade de Columbia cuja esposa está grávida de oito meses — em 8 de março marcou um ponto de inflexão. Algo fundamental mudou, e isso exige que atualizemos nossa compreensão do que realmente está acontecendo.

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O governo Trump acusou Khalil de ser um apoiador do Hamas e até mesmo um “terrorista”. Quando pressionado a explicar o que Khalil exatamente havia feito, o vice-secretário do Departamento de Segurança Interna, Troy Edgar, fracamente declarou que ele havia ido aos protestos e “se colocado no meio ... de atividades basicamente pró-Palestina”. Ninguém foi capaz de apresentar evidências de que Khalil tenha elogiado ou apoiado o Hamas.

Nos protestos pró-Palestina da Universidade Columbia que agitaram o campus no ano passado, Khalil foi de fato uma voz de moderação, recusando-se a participar da ocupação do Hamilton Hall e intervindo quando um manifestante gritou comentários antissemitas. Publicamente, Khalil reiterou que “claro que não há lugar para antissemitismo”. Não exatamente o tipo de coisa que um apoiador do Hamas diria.

A detenção de Khalil não foi apenas sobre um único caso de imigração ou mesmo sobre suprimir o ativismo pró-Palestina. Foi um ensaio para algo muito mais amplo: usar o porrete das alegações de antissemitismo para atacar oponentes e lançar um ataque em grande escala às coisas que tornam os Estados Unidos grandes: o direito de reunião, a liberdade de expressão, a Primeira Emenda e nossa própria ordem constitucional.

O caso de Khalil foi o começo. Dias depois, o governo Trump visou Badar Khan Suri, um pesquisador de pós-doutorado na Universidade Georgetown. Agentes mascarados do DHS detiveram Suri, um cidadão indiano especializado em estudos de paz e conflito, do lado de fora de sua casa na Virgínia, por “propaganda do Hamas e promoção do antissemitismo nas redes sociais”. No entanto, novamente, nenhuma evidência disso foi apresentada.

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Em 9 de março, um cientista francês teve sua entrada negada nos EUA depois que agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras descobriram mensagens anti-Trump e anti-Elon Musk em seu telefone. Respondendo ao clamor, uma porta-voz do Departamento de Segurança Interna alegou que o pesquisador violou um acordo de confidencialidade envolvendo informações científicas confidenciais, embora o governo francês sustente que a negação de entrada foi motivada politicamente. O que isso pode significar, na prática, é que qualquer pessoa viajando para os Estados Unidos pode ser expulsa simplesmente por discordar de Trump.

A mensagem é clara o suficiente. Nos EUA de Trump, tome cuidado com o que você diz. Esconda suas verdadeiras crenças. Autocensura. Proteja-se e proteja sua família. É revelador que o presidente, ao justificar a prisão de Khalil, tenha citado “atividade antiamericana” como uma das ofensas. O que levanta a questão: quem decide o que constitui atividade antiamericana? A resposta é cada vez mais clara: Trump decide.

A ironia é que o governo inicialmente se anunciou como um defensor da liberdade de expressão. Em um importante discurso em Munique em 14 de fevereiro, o vice-presidente JD Vance repreendeu os países europeus, com seus códigos de discurso geralmente mais rígidos, por “simplesmente [não gostar] da ideia de que alguém com um ponto de vista alternativo possa expressar uma opinião diferente”. Ele também — para seu crédito — criticou a Grã-Bretanha pela legislação de “zonas de amortecimento” que, como ele disse, “criminaliza a oração silenciosa e outras ações que podem influenciar a decisão de uma pessoa a 200 metros de uma clínica de aborto”. Isso é verdade, por mais difícil que seja de acreditar.

O discurso de Vance em Munique levantou o eterno dilema de se é possível separar a mensagem do mensageiro. Alguém pode estar errado, mas ainda assim dizer algo certo. O fato de a fonte de uma verdade ser politicamente não nega a verdade em questão. Dito isso, agora podemos dizer com confiança que o vice-presidente, pelo menos com base em sua defesa mais recente e vigorosa da prisão de Khalil, não acredita mais na liberdade de expressão.

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O que torna as ações da Casa Branca tão alarmantes não é apenas o fato de que elas aconteceram, mas a maneira descarada com que foram executadas e defendidas. Houve pouca tentativa de disfarçá-las como algo diferente de uma demonstração bruta de poder executivo — uma demonstração de força projetada para enviar uma mensagem de que o presidente pode atingir indivíduos com base apenas nos seus caprichos. É para ser arbitrário. É para parecer gratuito.

E não há razão para pensar que isso vai parar em não cidadãos. Autoridades do governo há muito fantasiam com a possibilidade de restringir a cidadania por direito de nascença e desnaturalizar cidadãos americanos. Em um movimento que passou despercebido, o primeiro governo Trump anunciou em fevereiro de 2020 a criação de uma nova seção no Departamento de Justiça dedicada a investigar e revogar a cidadania de americanos naturalizados.

Embora o governo possa sentir prazer nesse tipo de comportamento, é intrigante do ponto de vista eleitoral. Se o objetivo de Trump é tomar o controle da cultura americana, desviar do seu rumo para alienar grandes parcelas da população parece contraproducente.

Cerca de 24 milhões de eleitores qualificados — cerca de 10% do eleitorado — são cidadãos naturalizados. Reduzir o escopo da cidadania por direito de nascença pode afetar muitos milhões a mais. O próprio Trump disse que quer acabar com a cidadania por direito de nascença de uma vez por todas, chamando-a de “ridícula”.

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Parece que os democratas têm uma mensagem fácil aqui, se ao menos pudessem se inspirar para torná-la algo como: “Vote em nós, ou os republicanos podem tirar sua cidadania e deportar você e as pessoas que você ama”.

Mas é improvável que o presidente esteja pensando tão à frente — ou mesmo tão longe quanto as eleições intercalares em menos de dois anos. Está claro que Trump prioriza seus próprios interesses em detrimento da saúde ou do sucesso eleitoral do partido que lidera. A menos que altere a Constituição, ele não pode concorrer novamente. Parece que ele quer causar o máximo de dano possível antes que seu tempo acabe.

Meu colega do Post, Damir Marusic, chama isso de “entusiasmo pela destruição”. Trump e seus acólitos parecem odiar genuinamente os democratas e progressistas, vendo-os menos como oponentes e mais como inimigos a serem vencidos. De onde vem esse entusiasmo é um mistério para mim. Para sustentar o nível de ódio que torna a destruição possível, é necessária uma paixão avassaladora por uma guerra política sem fim.

O prazer da dominação

Entramos em uma nova fase em que a dominação em si — não os resultados das políticas, nem mesmo o caos pelo caos — se tornou o princípio organizador central do segundo mandato de Trump.

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Para entender essa mudança, recorri a um guia improvável: Adam Smith. Sim, esse Adam Smith, o suposto santo padroeiro dos mercados livres. Em suas palestras de jurisprudência menos conhecidas, Smith descreveu o que chamou de “amor pela dominação e autoridade e o prazer que os homens têm em ter tudo feito de acordo com suas ordens expressas”. Esse desejo, acreditava Smith, era tão poderoso que poderia superar o interesse próprio racional e persistir mesmo quando economicamente desvantajoso. Parece familiar?

Essa estrutura ajuda a iluminar a abordagem de Trump para o poder de maneiras que a análise política convencional ignora completamente. Considere as ameaças de Trump de reter financiamento federal de universidades que não se curvam à sua definição de patriotismo. Ou sua parceria com Elon Musk para cortar a força de trabalho federal e destruir instituições como o Departamento de Educação. A análise típica enquadra isso como saraivadas da guerra cultural ou, na melhor das hipóteses, medidas legítimas de eficiência. Essas ações fazem muito mais sentido, no entanto, quando vistas por meio da compreensão de Smith do desejo natural de dominação — o prazer derivado de ver os outros se curvarem à vontade de alguém. A dominação é o ponto central.

Já vimos um pouco disso durante o primeiro mandato de Trump. Lembremos de sua obsessão com um muro na fronteira, que era menos questão de uma política de imigração eficaz e mais uma questão de demonstração física de poder e exclusão. Na época, como agora, o objetivo não era implementar uma política de imigração coerente, e sim demonstrar quem tem o poder de determinar quem fica e quem vai, quem fala e quem é silenciado. O que Trump entende — refletindo um tipo sombrio de brilhantismo — é que a aparente humilhação das elites fornece uma forma poderosa de satisfação psicológica para aqueles que se sentem excluídos das instituições de elite. Mas essa aguçada compreensão de nossas inspirações mais sombrias tem seus limites.

JD Vance em visita à Groenlândia: ameaças a outros países Foto: Jim Watson/AFP

Um erro e uma trapalhada

Nos Estados Unidos, a mudança para o que pode ser chamado de “política de dominação” como filosofia de governo é algo sem precedentes. Quando Trump venceu em novembro, ele teve a oportunidade de construir uma coalizão majoritária. Medido em votos, seu mandato foi fraco. Medido pelo “clima”, seu mandato pareceu uma vitória esmagadora. Como Ezra Klein do New York Times escreveu em janeiro: “A vitória cultural de Trump superou sua vitória política. ... O clima foi de vitória esmagadora.”

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O Partido Democrata está em um de seus pontos mais baixo de todos os tempos, com seu índice de aprovação caindo abaixo de 30% pela primeira vez. A coalizão que elegeu Joe Biden em 2020 está fragmentada, com divergências gritantes quanto a quais lições aprender com a derrota. Antes de Trump impor tarifas a amigos e inimigos e assustar os mercados, os indicadores econômicos eram geralmente positivos e estavam melhorando. Conforme os efeitos da inflação diminuíam ainda mais, Trump teve a oportunidade perfeita de levar o crédito e se apresentar como o presidente que melhoraria as condições dos americanos da classe trabalhadora.

Se Trump tivesse mostrado um mínimo de magnanimidade na vitória — se tivesse se concentrado em vitórias políticas direcionadas que pudessem demonstrar competência — ele poderia ter consolidado uma maioria republicana no futuro previsível. Os ingredientes estavam lá: uma coalizão da classe trabalhadora abrangendo divisões raciais, um ceticismo em relação às instituições de elite e uma fome por nacionalismo econômico. Mas não era para ser, e não será. De certa forma, então, os ataques hiperpartidários de Trump ao status quo, embora terríveis para o país no curto prazo, são uma bênção para os democratas e progressistas no longo prazo.

Passei boa parte da minha carreira estudando movimentos populistas e antiliberais no Oriente Médio e na Europa. O que caracteriza populistas bem-sucedidos não é meramente a capacidade de canalizar a raiva — qualquer demagogo pode fazer isso — mas a capacidade de fazer a transição da rebelião para a governança, da queixa para a construção. Apesar de todo o seu autoritarismo, o primeiro-ministro Viktor Orban da Hungria entendeu essa transição. Ele construiu instituições, cultivou intelectuais para articular sua visão e produziu benefícios econômicos para os apoiadores que consolidaram sua lealdade além da satisfação emocional de ver os inimigos humilhados. Ressentimento e vingança, ao que parece, podem levar você longe, mas não longe o suficiente.

Trump parece constitucionalmente incapaz de fazer essa mudança. Seu apelo à classe trabalhadora durante a campanha foi substituído por deferência ilimitada a um oligarca bilionário que parece indiferente ou simplesmente inconsciente das dificuldades dos americanos comuns — e do papel positivo que o governo pode desempenhar para lidar com essas dificuldades.

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Sen. Bernie Sanders, I-Vt., right, speaks as Rep. Alexandria Ocasio-Cortez, D-N.Y., looks on during a stop of their "Fighting Oligarchy" tour that filled Civic Center Park, Friday, March 21, 2025, in Denver. (AP Photo/David Zalubowski) Foto: David Zalubowski/AP

Uma abertura à esquerda

Em nossa política cada vez mais de soma zero, o que é ruim para Trump é — ou pelo menos poderia ser — bom para seus oponentes. O Partido Republicano se posicionou como fundamentalmente antiamericano em sua rejeição à liberdade de expressão e ao devido processo legal. Os democratas podem e devem aproveitar esta oportunidade para se apresentarem como os verdadeiros defensores dos valores americanos.

Costumo criticar as mensagens e estratégias democratas, argumentando que a adoção do partido da hiper-lacração em questões como identidade de gênero alienou os eleitores da classe trabalhadora em todos os segmentos raciais, que tendem a ser mais conservadores culturalmente. Fui criticado, às vezes duramente, por não ser duro o suficiente com Trump. Como escritor de centro-esquerda, tenho mais responsabilidade de responsabilizar meu próprio lado. Eu ainda acredito que essa é a abordagem certa, porque é onde temos uma maior capacidade de efetuar mudanças.

O caso Khalil — e todos os casos depois dele — criam uma abertura inesperada para reformular todo o debate. Enquanto os republicanos insistirem em ser o partido da “dominação”, os democratas podem reivindicar o manto do patriotismo descarado. Como seria isso na prática? Nos 10 anos mais recentes, os progressistas azedaram diante do ideal americano. Em uma pesquisa do New York Times-Siena de 2022, apenas 37% dos democratas disseram que achavam que os EUA eram “o melhor país do mundo” — em comparação com 69% dos republicanos. Mudar significaria abraçar símbolos e tradições americanas sem ironia ou qualificação. Significaria celebrar instituições como um judiciário independente, liberdade de expressão e debate irrestrito como pontos fortes exclusivamente americanos, em vez de obstáculos a objetivos progressistas. E significaria explicitamente denunciar o Partido Republicano por ter se tornado o que é atualmente: o partido antiamericano.

Esse “rebranding” como o partido patriótico da classe trabalhadora não será fácil, e não tenho certeza se o Partido Democrata — dominado como é por elites liberais hipereducadas — é capaz de soar convincente nessas questões. Mas, se os democratas não conseguem estar à altura da ocasião, então talvez eles mereçam definhar em um deserto político de sua própria criação.

O desafio é profundo. Não é apenas uma questão de mensagem, mas também de mudar o próprio cerne de um partido para permitir que ele se torne o que precisa ser, e algo que não é há muito tempo: um partido de oposição viável. O clima está mudando novamente. Aqui, então, está uma oportunidade para aqueles que poderiam ter perdido a fé e a esperança. Nesta segunda era Trump, o tempo é comprimido. As vitórias podem ser desfeitas em questão de semanas. Mas também as derrotas. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Análise por Shadi Hamid

Shadi Hamid é colunista do Washington Post, professor de estudos islâmicos no Fuller Seminary e autor de vários livros, incluindo “The Problem of Democracy” e “Islamic Exceptionalism”.

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