A cúpula do Brics, realizada nesta semana na África do Sul, culminou com o anúncio de admissão de seis novos membros ao bloco: Argentina, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos. O crescimento do grupo deixa dúvida sobre seu nome – um acrônimo para seus atuais membros Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa, em inglês).
A sigla, na verdade, foi criada antes do próprio grupo. O termo foi formulado pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil, em estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. O acrônimo juntava as iniciais de países grandes em extensão territorial, população e potencial de liderar o crescimento global.
Em 2006, o conceito deu origem ao grupo, propriamente dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China, o Brics. Em 2011, a África do Sul passou a integrar o bloco que, então, adotou a sigla como é conhecida hoje.
Ainda não houve um anúncio oficial por parte do bloco se a sigla irá mudar com a sua expansão. Entretanto, lideranças que estiveram presentes na cúpula realizada em Joanesburgo já indicaram que não haverá mudança. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o nome deve ser mantido: “É bonito, Brics. A criança já está registrada, virou adulta, ela não quer mudar de nome”.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou na quinta-feira que todos os participantes grupo concordaram que o nome não mudará, pois isso demonstrará continuidade, conforme noticiou a Sputnik.
“Todo mundo fala que o nome deveria permanecer inalterado, já virou marca. Nenhum dos recém-chegados ao Brics sugeriu o contrário. Parece-me que todos entendem que é melhor deixar tudo como está, isso vai enfatizar a continuidade de todo o nosso trabalho”, disse Lavrov em uma entrevista coletiva.
Para a agência russa Tass, Anil Sooklal, diplomata sul-africano e representante do Brics na África do Sul, também disse que a mudança provavelmente não ocorrerá, já que o atual nome “se estabeleceu como uma marca global”. “Esse termo é aceitável globalmente e em nenhum momento durante nossas discussões em nível de sherpa ou de ministros ou líderes das Relações Exteriores surgiu a questão de uma mudança de nome”, acrescentou. “Acho que o Brics agora não se trata apenas dos cinco países. Trata-se de todos os que fazem parte da família Brics.”.
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