A corrida eleitoral nos Estados Unidos para ocupar a Casa Branca começa oficialmente nesta semana. A partir deste mês, norte-americanos participam de eleições primárias, nas quais os eleitores ajudam a determinar quais candidatos de cada partido concorrerão nas eleições gerais. E, neste processo, a cada quatro anos, o Estado de Iowa desempenha um papel importante na formação da corrida presidencial.
Nas primárias, os eleitores escolhem quem desejam que seja o candidato de republicanos e de democratas nas eleições gerais. Assim, por exemplo, Donald Trump disputa com outros colegas de partido, como Ron DeSantis ou Nikki Haley, bem como Joe Biden concorre com nomes como Dean Phillips e Marianne Williamson.
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Nessa votação, os candidatos que vencem as eleições primárias ganham delegados. Estes são indivíduos que representam o partido em uma convenção nacional, onde o candidato presidencial é oficialmente escolhido. Essas convenções costumam ocorrer na metade do ano, durante o verão estadunidense. A quantidade de delegados varia de estado para estado, dependendo do tamanho da população e de outros fatores.
Durante a convenção, os delegados votam, então, para selecionar o candidato que irá representar o partido na eleição presidencial. Com o resultado das convenções nacionais, os eleitores finalmente decidem, em novembro, quem ocupará os cargos políticos, durante as eleições gerais.
E Iowa?
Na próxima segunda-feira, 15, os republicanos realizam suas primárias no Estado. Este ano, a grande questão em Iowa é se algum candidato presidencial republicano tem o poder de competir com o ex-presidente Donald Trump, que lidera com folga nas pesquisas em relação aos seus concorrentes.
Desde a década de 1970, o Estado tem o papel protagonista na largada da corrida, realizando a primeira disputa para a indicação presidencial no país. Porém, não é somente pelo calendário que o Iowa chama a atenção, mas também pelo seu formato.
A maioria das federações realiza uma primária, onde os eleitores podem votar antecipadamente ou comparecer às urnas durante uma ampla janela de tempo no Dia da Eleição, que costuma ir do início da manhã até a noite. Também há a opção de voto ausente se não puderem comparecer às urnas no dia marcado.
Os republicanos de Iowa, no entanto, realizam um caucus, que exige que os eleitores se reúnam em seus distritos eleitorais no mesmo horário — este ano será às 19h (23h em Brasília) — para ouvir discursos de representantes de campanha, preencher cédulas e, se desejarem, assistir à contagem dos votos. São pequenos grupos em quase 1,7 mil distritos eleitorais para estas assembleias, realizadas em escolas, igrejas, teatros, quartéis de bombeiros e até em residências particulares.
Somente aqueles que se registrarem oficialmente como republicanos podem participar. A inscrição pode ser feita inclusive na noite do caucus. No entanto, poucas pessoas participam de um caucus, dada a estrutura intensiva em tempo do evento. Entre os excluídos estão: pessoas que trabalham em turnos da noite; estudantes matriculados em faculdades fora do estado; idosos e pessoas com deficiência que têm dificuldade de sair de casa; e aqueles que não conseguem encontrar cuidados para crianças. O clima também pode manter algumas pessoas em casa este ano - as temperaturas diurnas devem ficar na casa dos dígitos únicos.
Outra diferença é que o caucus é dirigido por partidos políticos, enquanto as primárias são geralmente (mas nem sempre) dirigidas pelo Estado.
Os democratas de Iowa também realizarão convenções na segunda-feira, mas se reunirão apenas para tratar de assuntos partidários e não realizarão uma votação de preferência presidencial. Eles irão expressar as suas preferências pelo candidato presidencial do seu partido através de um processo de votação por correspondência, cujos resultados só serão conhecidos em março.
Quando há os caucus democratas em Iowa, eles funcionam de outra maneira: sem urnas, ou cabines de votação. Não há votação secreta. Os eleitores expressam seu apoio a um candidato, escolhendo sua posição na sala.
Este ano, Joe Biden escolheu a Carolina do Sul como o primeiro Estado a votar nas primárias democratas argumentando que Iowa é pouco representativo da população dos Estados Unidos./Com Washington Post, AP e AFP.
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