O ex-presidente norte-americano Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca nas eleições de novembro deste ano, sofreu um atentado a tiros durante um comício em Butler, na Pensilvânia. Ele foi atingido de raspão na orelha e retirado do palco sangrando. O atirador, identificado pelo FBI como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto pelo Serviço Secreto. Um espectador também morreu e dois ficaram feridos. Líderes mundiais condenaram o atentado, assim como o adversário dele, o presidente democrata Joe Biden. No Brasil, tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se solidarizaram com Trump.
“Uma tentativa de assassinato é contrário a tudo que defendemos enquanto nação”, disse Joe Biden em breve pronunciamento neste domingo. Ele prometeu que as agências nacionais terão todos os recursos necessários para investigar o atentado e disse que ordenou o reforço na segurança para Convenção Nacional do Partido Republicano, que começa nesta segunda-feira. O presidente, que já havia se solidarizado com o adversário logo após o ataque, tem um discurso sobre união nacional marcado para as 21h (Brasília), no Salão Oval da Casa Branca.
Veja o que já se sabe sobre o atentado a Donald Trump:
- O atentado ocorreu em Butler, no Oeste da Pensilvânia, onde Trump realizava um comício de campanha. No momento dos tiros, ele discursava sobre travessias de imigrantes na fronteira. Na hora dos disparos, ele colocou a mão na orelha e se jogou no chão, enquanto apoiadores gritavam e se abaixavam. Seguranças então cercaram o ex-presidente e o escoltaram para fora do local com a orelha sangrando. Veja a cronologia do caso.
- Donald Trump disse ter sido atingido por uma bala que teria perfurado a parte superior da orelha direita. “Percebi imediatamente que algo estava errado, pois ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Houve muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo”, afirmou.
- Após o ataque, Donald Trump passou a noite em Nova Jersey e seguiu neste domingo para Milwaukee, no Estado americano do Wisconsin, onde participa esta semana da Convenção Nacional do Partido Republicano, que vai oficializá-lo como candidato às eleições, em novembro.
- Além de Trump, atingido de raspão na orelha, três pessoas que participavam do comício foram baleadas. Corey Comperator, de 50 anos, morreu após usar o próprio corpo como escupo para proteger a família. David Dutch, 57, e James Copenhaver, 74, ficaram feridos e a condição deles era estável neste domingo. Tanto Donald Trump como Joe Biden se solidarizaram com as vítimas.
- O atirador fez os disparos às 18h13, no horário local, 19h13 no horário brasileiro. O porta-voz do Serviço Secreto, Anthony Guglielm, disse que o autor do atentado realizou “múltiplos disparos em direção ao palco, de uma posição elevada do lado de fora do local onde ocorria o comício” e utilizou um fuzil AR-15, que teria sido comprado legalmente pelo seu pai. Análises gráficas da imprensa americana indicam que ele estava em um telhado a cerca de 130 metros do palco.
- O atirador foi morto pelo Serviço Secreto. Ele foi identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos. Era registrado como eleitor republicano na Pensilvânia, mas em janeiro de 2021 doou US$ 15 ao comitê democrata Projeto de Comparecimento Progressista. A motivação para o atentado ainda não está clara.
- Thomas Matthew Crooks, lembrado como um homem quieto e solitário, vivia em um bairro de classe média em Bethel Park, a cerca de 80 quilômetros de Butler, palco do atentado. Policiais encontraram material explosivo no carro dele, disseram pessoas informadas sobre as investigações ao The New York Times.
- O FBI, que investiga o caso como tentativa de assassinato e terrorismo doméstico, deve trabalhar em conjunto com o Serviço Secreto dos Estados Unidos para as apurações. A agência enfrenta questionamentos sobre possíveis falhas no esquema de segurança do ex-presidente.
- O FBI acredita que o atirador agiu sozinho e ainda investiga a motivação do crime. O porta-voz disse que a análise dos perfis de Thomas Matthew Crooks nas redes sociais não apontou, até o momento, ameaças ou mensagens com discurso de ódio. Ele não tinha histórico de doenças mentais e não indicava ter crenças políticas fortes.
- O presidente americano Joe Biden prometeu que as agências terão todos os recursos necessários para investigação e anunciou o reforço na segurança para a Convenção Nacional do Partido Republicano. O governador de Wisconsin, por sua vez, pediu que a autorização para armas na Convenção seja revista.
- Em discurso no Salão Oval da Casa Branca, Biden defendeu a necessidade de “baixar a temperatura” na política americana. O presidente listou atos violentos recentes — do ataque a Paul Pelosi, marido da líder democrata Nancy Pelosi, à invasão do Capitólio até a tentativa de assassinato contra Trump — ao enfatizar que a violência política não pode ser normalizada nos EUA. “Resolvemos nossas diferenças nas urnas. Nas urnas. Não com balas”.
- No discurso, o presidente ponderou que as divergências são parte da democracia e disse que vai continuar defendendo sua visão de país. Biden adiou a viagem que faria a Austin, no Texas nesta segunda e deve retomar sua agenda de campanha na terça-feira, em Las Vegas.
O que ainda falta ser esclarecido sobre o atentado a Trump:
- Não se sabe como o atirador acessou o local armado sem ser percebido pela segurança de Donald Trump. Ainda não há informações sobre qual seria a motivação do crime. Autoridades afirmam não ver indícios de que os suspeito fizesse parte de uma conspiração maior.
- Resta saber ainda se houve alguma falha no esquema de segurança do ex-presidente Donald Trump. O Serviço Secreto tem sido alvo de questionamentos e o presidente Joe Biden pediu uma “investigação independente” das medidas adotadas antes e depois do atentado. De acordo com o FBI, o prédio de onde o atirador lançou o ataque estava fora do perímetro designado para o comício e a responsabilidade seria da polícia local.
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