Veja o que se sabe sobre a morte de turistas por envenenamento no Laos

Pelos menos seis turistas que viajaram ao Laos recentemente morreram; a suspeita é envenenamento por metanol em bebidas alcoólicas

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Por Michael Levenson (The New York Times)

Autoridades de vários países estão alertando sobre os perigos do consumo de bebidas alcoólicas contendo metanol, após as recentes mortes de pelo menos seis turistas que viajaram ao Laos. Vários destes turistas visitaram Vang Vieng, uma pequena cidade popular entre mochileiros, que tenta superar sua reputação como destino de festas e consumo de drogas. Pelo menos dois turistas receberam doses gratuitas de vodca em um albergue, segundo a Associated Press (AP).

Em 2012, o governo do Laos, preocupado com o uso de drogas e o consumo excessivo de álcool em Vang Vieng, fechou todos os bares da região. Especialistas afirmam que o metanol é encontrado ocasionalmente em bebidas alcoólicas clandestinas ou adicionado a bebidas baratas, e até pequenas quantidades podem ser fatais.

Turistas passam em frente ao hostel Nana Backpackers, que está agora fechado em Vang Vieng, no Laos Foto: Anupam Nath/AP

Albergue sob investigação

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A embaixada dos EUA no Laos declarou, na sexta-feira, 22, estar ciente de “vários casos de suspeita de envenenamento por metanol em Vang Vieng, possivelmente por meio do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol”.

O Departamento de Estado dos EUA informou que um cidadão americano morreu em Vang Vieng, mas não forneceu mais detalhes. A AP relatou que duas australianas, Bianca Jones e Holly Bowles, adoeceram após receberem doses gratuitas de vodca em um evento no Nana Backpacker Hostel, com mais de 100 convidados. Ambas faleceram após serem transferidas para a Tailândia para tratamento médico.

O Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca confirmou que dois cidadãos dinamarqueses morreram no Laos, mas não especificou se as mortes estão relacionadas ao metanol. O Reino Unido declarou que está auxiliando a família de uma cidadã britânica falecida no Laos, enquanto a Nova Zelândia informou que um cidadão relatou ter adoecido no país, provavelmente devido ao envenenamento por metanol.

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Ainda não está claro se cidadãos laocianos foram afetados. Segundo a AP, vários indivíduos foram detidos para interrogatório, incluindo o gerente e o proprietário do Nana Backpacker Hostel, mas nenhuma acusação formal foi feita até o momento.

O que é metanol e por que ele é perigoso?

O metanol, ou álcool metílico, é um líquido químico transparente usado em produtos como limpadores de para-brisas, anticongelantes e diluentes de tinta. Ele pode aparecer em bebidas alcoólicas como subproduto da destilação quando bebidas são fabricadas de forma clandestina.

De acordo com o Instituto de Metanol, o metanol é, às vezes, usado para fabricar bebidas falsificadas baratas, já que é mais barato que o etanol, o álcool encontrado em cervejas, vinhos e destilados.

Quando ingerido, o metanol é metabolizado no organismo em ácido fórmico, altamente tóxico, podendo causar falência de órgãos, cegueira ou morte. Inicialmente, as pessoas podem acreditar que estão bêbadas ou de ressaca, o que dificulta o diagnóstico precoce.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, os sintomas de envenenamento por metanol podem levar de 1 a 72 horas para aparecer e incluem confusão, dor de cabeça, tontura, náusea, vômito e dificuldade de coordenação motora. Quantidades tão pequenas quanto 30 a 60 mililitros podem ser fatais, afirma a toxicologista Christine Stork.

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Como as pessoas podem se proteger?

O metanol não tem cheiro nem sabor distinto, especialmente quando misturado ao etanol, dificultando a identificação. Contudo, especialistas recomendam algumas precauções para reduzir o risco:

  • Evitar bebidas destiladas no Laos, especialmente aquelas de origem caseira ou clandestina.
  • Comprar bebidas apenas em lojas, bares e hotéis licenciados.
  • Verificar garrafas para sinais de adulteração, como rótulos mal impressos ou com erros ortográficos.

O tratamento para envenenamento por metanol inclui o uso de um antídoto chamado fomepizol e hemodiálise, que filtra o sangue do paciente. No entanto, tais tratamentos podem ser difíceis de encontrar em países ou regiões remotas com acesso limitado a serviços médicos.

“É preciso ter cuidado ao viajar para outros lugares, porque nunca se sabe”, disse a médica Maryann Amirshahi, diretora do Centro Nacional de Controle de Envenenamentos em Washington, D.C. “O envenenamento deve ser tratado e detectado precocemente, mas frequentemente há atrasos, o que torna isso ainda mais perigoso.”

c.2024 The New York Times Company

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