PUBLICIDADE

O que se sabe sobre o caos provocado por ataques de gangues no Equador; entenda

A violência eclodiu no Equador nesta semana depois que o líder de uma das principais organizações narcotraficantes do país desapareceu da prisão

PUBLICIDADE

Por Jin Yu Young
Atualização:

THE NEW YORK TIMES -A violência eclodiu em todo o Equador nesta semana depois que um conhecido líder de uma organização criminosa equatoriana desapareceu da prisão. Foram relatadas explosões, saques, tiros e veículos em chamas, e houve revoltas em diversas prisões. Na maior cidade do país, Guayaquil, homens armados invadiram um estúdio de TV durante uma transmissão ao vivo na terça-feira, 9.

PUBLICIDADE

O Presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de emergência por 60 dias, impondo um toque de recolher obrigatório a nível nacional e autorizando os militares a patrulhar as ruas e a assumir o controle das prisões. Noboa também mobilizou milhares de policiais e militares para procurar o líder da gangue, Adolfo Macías, conhecido como Fito.

Aqui está o que sabemos até agora:

Policiais equatorianos correm em direção ao estúdio de televisão da TC Television em Guayaquil, após narcotraficantes invadirem a emissora de TV  Foto: AFP/ AFP

Quais são as novidades?

Até esta quarta-feira, 10, a violência no Equador havia deixado pelo menos 13 mortos, sendo dois deles policiais. As mortes mais recentes se referem a três corpos encontrados carbonizados em um carro na Ilha Trinitaria, no sul de Guayaquil, de acordo com a imprensa equatoriana.

O governo do Peru declarou estado de emergência na fronteira com o Equador para que militares ajudem a polícia. Durante a manhã, após a declaração do estado de emergência na região fronteiriça, o exército do Equador informou a detenção de duas pessoas com armas na fronteira com o país vizinho, referindo-se a elas como “terroristas”. Com as pessoas, foi encontrado um fuzil, duas submetralhadoras, duas pistolas, um revólver, seis carregadores, 66 cartuchos, quatro rádios tipo Motorola e 64 doses de maconha.

As autoridades afirmaram que um segundo grande líder de uma organização criminosa escapou de uma prisão equatoriana, juntamente com outros presos. Em um decreto presidencial, Noboa declarou que estava em curso um conflito armado interno e ordenou aos militares que “neutralizassem” duas dúzias de gangues, que ele chamou de organizações terroristas.

Trabalhadores do canal de televisão TC Television são retirados do local após a invasão de narcotraficantes em Guayaquil, Equador  Foto: Cesar Munoz/ AP

Lojas, escolas e repartições governamentais foram fechadas e as ruas de Guayaquil e da capital, Quito, ficaram congestionadas pelas pessoas que tentavam retornar as suas casas. Centenas de soldados estão fazendo guarda pelas ruas desertas ao redor da sede presidencial, no centro de Quito. Poucos carros circulam nas avenidas da capital e de Guayaquil, onde armazéns e lojas de bairro permanecem fechados.

Publicidade

O que aconteceu na emissora de TV?

Durante um noticiário ao vivo transmitido pela TC Televisión em Guayaquil, vários homens armados e com máscaras invadiram o set. Os narcotraficantes renderam os trabalhadores do local e âncora e outros jornalistas foram obrigados a aparecer em um vídeo pedindo ao presidente que não interviesse.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, um dos agressores afirma que queria enviar uma mensagem sobre as consequências de “mexer com as máfias”. Mas a polícia interveio antes que ele pudesse fazer isso.

Os policiais apontaram que prenderam 13 pessoas no local, confiscando armas e explosivos, e que todas os funcionários feitos de reféns estavam seguros.

Narcotraficantes foram detidos pela polícia do Equador após invadirem uma emissora de televisão em Guayaquil, Equador  Foto: Polícia do Equador/AFP

Quem é Adolfo Macías?

Macías, mais conhecido como “Fito”, é um dos chefões mais notórios do narcotráfico no país. Ele é o chefe do grupo Los Choneros, que se acredita ter sido uma das primeiras gangues equatorianas a estabelecer laços com os cartéis de drogas mexicanos.

PUBLICIDADE

No domingo, durante uma busca por contrabando, ele foi encontrado desaparecido de sua cela em uma prisão lotada em Guayaquil, onde cumpria pena de 34 anos por tráfico de drogas e outros crimes. Ele já havia escapado da prisão uma vez, em 2013.

Tal como outros líderes de gangues no Equador, Macías conduzia a sua organização criminosa atrás das grades. Alguns especialistas em segurança acreditam que até um quarto das prisões do país são controladas por gangues.

O governo ordenou recentemente que Macías e outros condenados importantes fossem transferidos para uma instalação de segurança máxima. Especialistas disseram que isso poderia ter provocado sua fuga e levado às revoltas nas prisões.

Forças de segurança do Equador patrulham as ruas da capital do país, Quito, após o decreto presidencial do presidente Daniel Noboa  Foto: Rodrigo Buendia/AFP

Quão poderosas são as facções no Equador?

O conflito entre o Estado equatoriano e o narcotráfico só começou a assolar o Equador, um país de 18 milhões de habitantes, nos últimos anos. Ao longo da última meia década, traficantes estrangeiros uniram forças com gangues como Los Choneros para construir uma poderosa indústria de tráfico de droga em todo o país, infiltrando-se no governo, extorquindo empresas e matando equatorianos que tentam enfrentá-los.

Fernando Villavicencio, candidato presidencial assassinado em agosto, disse dias antes de sua morte ter recebido múltiplas ameaças de membros do Los Choneros. Ele havia falado abertamente sobre as ligações entre o crime organizado e funcionários do governo.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, prometeu enfrentar o narcotráfico  Foto: Dolores Ochoa/AP

Macías foi transferido para uma ala de segurança máxima após o assassinato, mas seus advogados conseguiram que ele fosse devolvido à cela de onde comandava a organização criminosa.

Noboa, que venceu as eleições e assumiu o cargo em novembro, prometeu reprimir as gangues e restaurar a segurança no Equador. “Acabou o tempo em que condenados por tráfico de drogas, assassinos de aluguel e o crime organizado ditavam ao governo o que fazer”, disse ele em um comunicado em vídeo na terça-feira.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.