O que se sabe sobre os objetos misteriosos abatidos pelos EUA

Incidentes começaram no fim de janeiro, quando um enorme balão chinês cruzou por dias os céus dos EUA

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O abate de um enorme balão chinês na costa dos Estados Unidos, assim como de outros três objetos menores sobre o Alasca e o Canadá, levantaram preocupações de segurança na América do Norte e pioraram as já tensas relações com a China.

Veja as principais questões e o que se sabe sobre os acontecimentos até agora:

Quais eram os objetos?

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Os incidentes começaram no fim de janeiro, quando um enorme balão chinês, que as autoridades de Washington descreveram como tendo propósitos de espionagem, cruzou por dias os céus dos EUA antes de ser abatido em 4 de fevereiro por um jato F-22 na costa da Carolina do Sul.

A China insistiu que o balão estava realizando pesquisas meteorológicas.

O Pentágono afirmou que o balão tinha uma gôndola do tamanho de três ônibus e pesava mais de uma tonelada, além de estar equipado com várias antenas e painéis solares grandes o suficiente para alimentar vários sensores de coleta de informações.

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Na sexta-feira, caças americanos derrubaram outro objeto no norte do Alasca, segundo o Exército, acrescentando que estava “dentro do espaço aéreo soberano e sobre as águas territoriais dos Estados Unidos”.

Imagem fornecida pela Marinha dos EUA mostra marinheiros recuperando um balão de vigilância na costa da Carolina do Sul  Foto: U.S. Navy via AP - 5/02/2023

Este objeto carecia de qualquer sistema de propulsão ou controle, de acordo com as autoridades.

No sábado, um caça F-22 americano, agindo sob ordens de Washington e do Canadá, abateu um “objeto aerotransportado de alta altitude” sobre o Território de Yukon, no centro do Canadá, a cerca de 160 quilômetros da fronteira com os EUA, por considerar que representava uma ameaça à aviação civil.

O Canadá o descreveu como cilíndrico e menor que o primeiro balão. A ministra da Defesa canadense, Anita Anand, se recusou a especular se o objeto era de origem chinesa.

O líder da maioria no Senado dos EUA, Chuck Schumer, que foi informado pelo governo Biden após o último incidente, disse no domingo que os dois últimos objetos provavelmente eram balões, “mas muito menores que o primeiro”, e que ambos estavam voando a uma altitude de 12.200 metros.

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Funcionários americanos descreveram os dois novos objetos como do tamanho de um Fusca.

O que foi recuperado?

Equipes militares, trabalhando com aviões, barcos e minissubmarinos, estão percorrendo as águas rasas da Carolina do Sul. Imagens militares mostraram a recuperação de um grande pedaço do balão. O FBI assumiu a custódia dos restos do balão para análise.

Agentes especiais do FBI processam material recuperado do balão abatido na costa da Carolina do Sul  Foto: FBI via AP - 9/02/2023

As operações também continuam no gelo marinho perto de Deadhorse, no Alasca. “As condições climáticas do Ártico, incluindo vento frio, neve e luz diurna limitada” impactam as operações, disseram os militares.

Equipes de recuperação, apoiadas por uma aeronave de patrulha canadense CP-140, estão procurando restos do terceiro objeto no Yukon, informou Anand. O Pentágono observou que o FBI está trabalhando em estreita colaboração com a polícia canadense. Uma busca pelos destroços do quarto objeto foi iniciada.

Qual era o propósito dos objetos?

Autoridades americanas dizem que as imagens do primeiro balão mostram que ele consistia em equipamento de vigilância capaz de interceptar telecomunicações.

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O secretário de Defesa, Lloyd Austin, afirmou que sua missão era “monitorar locais estratégicos no território dos Estados Unidos continental”.

Michael Mullen, ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, sugeriu que a China, ou alguns membros de sua liderança militar, estavam intencionalmente tentando minar a visita planejada do secretário de Estado, Antony Blinken, a Pequim.

Os EUA sustentam que os balões faziam parte de uma “frota” que já percorreu os cinco continentes.

Alguns analistas dizem que pode ser o início de um grande esforço de vigilância chinês com o objetivo de examinar as capacidades militares estrangeiras em antecipação a possíveis tensões sobre Taiwan nos próximos anos.

Por que tantos agora?

Analistas dizem que a inteligência dos EUA e do Canadá está constantemente recebendo grandes quantidades de dados brutos e geralmente descartando alguns para se concentrar na ameaça de mísseis que se aproximam, não em objetos que se movem lentamente, como balões.

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“Agora, é claro, estamos rastreando-os. Então acho que provavelmente encontraremos mais coisas”, disse Jim Himes, o principal representante democrata na Comissão de Inteligência da Câmara, à NBC.

Autoridades disseram que é de conhecimento do governo que três balões voaram brevemente sobre os EUA durante o governo Trump, sem serem detectados na época, e um durante o próprio governo de Joe Biden.

No sábado, o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad) enviou caças para investigar uma “anomalia de radar” sobre Montana, mas não encontrou nenhum objeto relacionado.

Qual é o impacto nas relações EUA-China?

Os EUA suspenderam a visita de Blinken à China, que tinha a intenção de estabilizar as relações bilaterais, e sancionaram seis entidades chinesas que acreditam apoiar programas de balões espiões militares.

Pequim denunciou a derrubada do primeiro balão, dizendo que “viola seriamente a prática internacional”, e afirmou que reserva-se o direito de “usar os meios necessários para lidar com situações semelhantes” no futuro.

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Não houve reação chinesa aos dois últimos abates.

Quais são as consequências internas?

Os republicanos criticaram Biden por esperar tanto para abater o primeiro balão, embora no domingo o presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, Mike Turner, tenha dito que o Exército americano passou de “permissivo” a ter um “gatilho leve”.

Schumer defendeu a forma como Biden lidou com a crise, dizendo à ABC que uma análise dos destroços do balão recuperado pode representar “um grande golpe para os Estados Unidos”.

Mas Biden enfrentou apelos de ambos os lados para dar mostras de maior transparência. “Estou realmente preocupado com o fato de o governo não estar sendo mais direto com tudo o que sabe”, afirmou Himes./AFP

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