CARACAS - Os dois dias de greve geral contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deixaram ao menos oito mortos, o que ampliou para 113 o número de vítimas desde o início dos protestos contra o governo, em abril. Um policial morreu baleado na cabeça na localidade de Ejido.
Na quinta-feira, Dois jovens em uma manifestação e em um saque. Segundo o MP, Rafael Canache, de 29 anos, morreu durante um saque em Jabillote, no estado de Anzoátegui, e José Pestano, 23, faleceu durante um protesto em Cabudare, Lara (noroeste).
Marcha. A oposição venezuelana estenderá a toda a Venezuela o protesto convocado para sexta-feira em Caracas, em um desafio aberto ao governo de Nicolás Maduro, que proibiu as manifestações que afetem a votação, no domingo, da Assembleia Constituinte.
"Fazemos um apelo ao povo da Venezuela para que estejam preparados para dias intensos de protestos nas ruas nesta sexta, sábado e domingo; para que todo o país mostre ao mundo que a Constituinte não tem qualquer legitimidade", disse à imprensa o dirigente Freddy Guevara, em nome da Mesa da Unidade Democrática (MUD).
"Convocamos para que ocupem as principais avenidas, as ruas, e para que fiquem lá até o final desta fraude", declarou o deputado Jorge Millán na mesma coletiva.
Em seu ultimato para que Maduro suspenda a eleição, a oposição prepara para esta sexta-feira uma grande marcha em Caracas, após concluir uma greve de 48 horas.
A MUD advertiu que, se o governo não voltar atrás com a Constituinte, depois da greve e do protesto de sexta-feira, "boicotará" a votação para eleger aos 545 constituintes que reformarão a Carta Magna e que dirigirão o país por tempo indefinido com faculdades absolutas.
Ameaças. No entanto, diante de uma multidão de apoiadores, no encerramento da campanha da Constituinte, Maduro reiterou que "chovendo, trovejando ou relampejando, a Constituinte acontecerá", apesar das pressões internas e externas.
"Proponho à oposição política venezuelana que abandone o caminho insurrecional (...) e que estabeleçamos nas próximas horas, antes da eleição e instalação da Assembleia Nacional Constituinte, uma mesa de diálogo", disse Maduro.
O presidente acrescentou que, se seus adversários não aceitarem cooperar, ele proporá aos constituintes que convoquem, "de maneira obrigatória, um diálogo nacional de paz com uma lei constitucional". "Vocês escolhem", afirmou Maduro, dirigindo-se à oposição.
Nesta quinta-feira, amplas zonas da capital e de outras cidades estavam semi-paralisadas, e em vários bairros houve confrontos entre manifestantes e as forças da ordem.
Alerta. O departamento americano de Estado ordenou que os familiares dos funcionários americanos da embaixada em Caracas deixem o país, e autorizaram a saída voluntária dos integrantes da missão diplomática.
"A situação política e de segurança na Venezuela é imprevisível e pode mudar rapidamente", destaca o comunicado, advertindo para "os crimes violentos e à falta generalizada de alimentos e medicamentos".
Na mesma direção, o Canadá orientou seus cidadãos a evitar viagens que não sejam essenciais à Venezuela. /AFP
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