WUHAN - A Organização Mundial de Saúde (OMS) reagiu nesta terça-feira, 18, às notícias sobre a megafesta de sábado na cidade chinesa de Wuhan, onde a covid-19 surgiu no final de 2019, afirmando que cenários semelhantes têm sido registrados em outros países.
“Não devemos culpar as pessoas por quererem viver suas vidas, todos nós queremos viver nossas vidas, todos queremos voltar ao que era ‘normal’. Acho que só precisamos ter certeza de que a informação que está chegando, principalmente aos jovens e às crianças, é que eles não são invencíveis”, afirmou a epidemiologista Maria van Kerkhove, do Programa de Emergência em Saúde da OMS.
Nesta quarta-feira, 19, a OMS ressaltou que em nenhum momento defendeu a realização dessa festa em Wuhan e garantiu que não houve mudança nas recomendações de distanciamento social.
No fim de semana, milhares de chineses ignoraram o coronavírus e participaram de uma grande festa de música eletrônica em um parque aquático em Wuhan, o que criou polêmica nas redes sociais.
Depois de ser submetida a uma quarentena rigorosa de 76 dias entre janeiro e abril, sendo a primeira cidade em que essas medidas foram implementadas por causa do novo coronavírus, a metrópole de Wuhan foi gradativamente retirando as restrições e voltou à normalidade.
O Maya Beach Water Park ficou lotado com os frequentadores dançando aglomeradas, sem usar máscaras. Muitas também tomaram banho de piscina, sem manter o distanciamento. O parque aquático reabriu as portas em junho e sua capacidade está limitada a 50%, segundo a imprensa local, mas reduziu o preço da entrada em 50% para mulheres.
As imagens da festa provocaram críticas, no momento em que a pandemia já infectou quase 22 milhões de pessoas no mundo e o número de mortos se aproxima dos 800 mil.
Embora o vírus tenha surgido na China, o país conseguiu controlar a pandemia e agora tem apenas algumas dezenas de novos casos ao dia, segundo dados oficiais. Muitos chineses continuam limitando suas viagens e usando máscaras em espaços públicos, mas em Wuhan, que não tem registrado mais nenhum caso e cujos moradores foram testados, está tentando retomar a economia, muito enfraquecida pelos efeitos da epidemia.
Entidade faz alerta aos jovens
A OMS alertou, no entanto, que a transmissão vem sendo cada vez mais impulsionada por pessoas na faixa etária entre os 20 e os 40 anos que, muitas vezes, não apresentam sintomas e desconhecem que estão infectadas.
"Isso aumenta o risco de transmissão para os mais vulneráveis: os idosos, os doentes que precisam de cuidados em longo prazo, os que vivem em regiões densamente povoadas e áreas rurais sem serviços suficientes", afirmou o diretor da OMS para o Pacífico Ocidental, Takeshi Kasai.
Segundo a OMS, a região do Pacífico Ocidental, que abrange 27 países na Ásia e no Pacífico, já soma mais de 9,3 mil mortes e 400 mil casos confirmados de covid-19, o que representa 2,3% das infecções em todo o mundo.
A entidade avalia que os países da Ásia-Pacífico entraram em "uma nova fase da pandemia", onde os governos passaram a adotar novas medidas e estratégias para minimizar as perturbações em larga escala na vida das pessoas e na economia.
"Muitos (países) estão agora detectando os surtos mais cedo e reagindo de modo mais rápido, com mais intervenções localizadas e metodologias ágeis que renovam as condições de saúde nas sociedades e, ao mesmo tempo, as economias", observou Kasai. / AFP
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