PUBLICIDADE

Operação militar de Israel no hospital Al-Shifa, em Gaza, deixa 140 mortos em quatro dias

Militares dizem que mortos são terroristas do Hamas que utilizariam hospital como base de operações; hospital é o maior do território e foi alvo de outra operação em novembro

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

Os militares israelenses anunciaram nesta quinta-feira, 21, terem matado 140 pessoas na operação militar no Hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, nos últimos dias. A operação começou no dia 18 e chegou ao seu quarto dia nesta quinta.

PUBLICIDADE

Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), tratam-se de terroristas do grupo Hamas que teriam retornado ao hospital, localizado no norte do território, após Israel se concentrar no centro e no sul. O Hamas afirma que os mortos eram pacientes feridos e palestinos que viviam ao redor do hospital. Nenhuma das alegações pôde ser verificada de forma independente.

A operação, afirmam as IDF, é baseada nas evidências de que o hospital serve de base militar do Hamas, que o utilizariam para realizar operações e esconder armas – a mesma alegação feita em novembro, quando Israel invadiu o hospital pela primeira vez de forma controversa. O grupo terrorista nega a acusação.

Imagem desta quinta-feira, 21, mostra fumaça sobre edifícios da Cidade de Gaza, no norte do território. Israel realiza operações militares no hospital Al-Shifa, o maior do enclave Foto: via AFP

As mortes ocorreram dentro e nos arredores do hospital. A rede de notícias Al Jazeera e a Wafa, a agência de notícias da Autoridade Palestina, informaram que os militares israelenses explodiram um prédio nesta quinta-feira que é utilizado para cirurgias e considerado um dos maiores do complexo. As IDF disseram que não iriam comentar o assunto.

Ao The New York Times, um civil identificado como Iyad Elejel, que mora a cerca de 500 metros do hospital, disse que a situação é aterrorizante. “Estamos ouvindo os sons constantes de confrontos, tiros, bombardeios, aviões, helicópteros, todo dia e toda noite”, disse por telefone.

O palestino relatou ainda que o apartamento onde ele está, junto com 30 parentes, foi invadido pela fumaça das bombas nos últimos dias, dificultando a respiração. Ele externou preocupação principalmente com as crianças. “Tentamos convencê-los de que os sons que ouvem são fogos de artifício, mas eles não acreditam”, afirmou.

Ninguém conseguiu sair do apartamento desde o início da operação, continuou Elejel, e a família temia ficar sem comida em breve. Ele disse que é possível ver cadáveres caídos da janela do seu apartamento e que os soldados israelenses forçam os civis que ainda estão na região a seguirem para o sul, de modo que o bairro se esvazie.

Publicidade

Em um comunicado, as IDF afirmaram que continuam com “atividades operacionais precisas no hospital Al-Shifa, eliminando dezenas de terroristas no último dia durante troca de tiros”. Eles disseram evitar os danos contra civis e exibiram imagens de armas com a alegação de que foram encontradas no local.

Trata-se da segunda operação militar no Al-Shifa. A primeira aconteceu em novembro, poucos dias depois de Israel invadir a Faixa de Gaza por terra. Os militares alegaram que o Hamas tinham construído um túnel sob o hospital, mas poucas evidências foram apresentadas sobre o local servir como centro de comando do Hamas, segundo uma análise do NYT.

Essa primeira operação se tornou um teto de vidro para Israel, que recebeu críticas por ações militares em torno dos hospitais e por suas consequências para as equipes médicas e os pacientes. O Al-Shifa é um dos poucos que continuaram funcionando após as operações, mas trabalhadores humanitários afirmam que o funcionamento é precário. O restante teve o serviço interrompido por falta de suprimentos e pessoal.

Nesta segunda operação, Israel alega que o Hamas voltou a operar no hospital depois de tê-lo abandonado na primeira operação. O retorno teria acontecido depois que os militares israelenses se retiraram do norte de Gaza para se concentrar no centro e no sul, o que teria deixado um vácuo na segurança. /Com NYT

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.