NOVA DÉLHI - O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, reivindicou a vitória nas eleições gerais do país em um discurso na sede do Partido Popular Indiano (BJP, na sigla local) nesta terça-feira, 4, e caminha para um terceiro mandato inédito à frente do país. O tamanho de sua coalizão, no entanto, diminuiu em relação ao atual mandato, e sua maioria no Congresso deve ser bem menos folgada que nos últimos anos graças ao crescimento da oposição.
A coalizão de Modi deve ter 290 deputados, apenas 18 a mais do mínimo de 272 para formar governo. O BJP, sozinho, deve eleger 240 parlamentares, o que significa que não pode prescindir do apoio desses aliados para manter o poder.
“Nossos cidadãos na Índia têm total confiança no partido, e a vitória de hoje é uma vitória do povo. Este país escreverá um novo capítulo de grandes decisões. Essa é a garantia de Modi”, disse o premiê, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa.
A coalizão de oposição, liderada por Rahul Gandhi, tem 240 parlamentares, de acordo com projeções. Faltam apurar cerca de um quarto das urnas.
“O país declarou de forma unânime e clara que não queremos que Narendra Modi se envolva na administração deste país, não gostamos da forma como eles têm administrado este país”, disse Gandhi . “Essa é uma grande mensagem.”
Após uma década promovendo sua agenda nacionalista hindu, o chefe de Governo de 73 anos caminha para um terceiro mandato, apesar das acusações da oposição e das preocupações sobre os direitos das minorias religiosas.
Um total de 642 milhões de indianos votaram nas legislativas, divididas em sete etapas ao longo de seis semanas, um desafio logístico no país de maior população do planeta. A queda no apoio ao BJP e seus aliados teve repercussão na Bolsa indiana, que registrou queda de 7% no principal índice, Sensex.
As ações da principal unidade da empresa Adani Enterprises, que pertence a um importante aliado de Modi, Gautam Adani, caíram 25%.
Oposição pressionada
No fim de semana, Modi, convencido de que conquistaria uma vitória contundente, declarou que “as pessoas na Índia votaram em números recorde” a favor do seu governo.
A oposição conseguiu melhorar seu resultado eleitoral, apesar de ter enfrentado vários processos judiciais, que muitos denunciam como parte da campanha política de Modi contra qualquer dissidência. O centro de pesquisas americano ‘Freedom House’ destacou que este ano o BJP “utilizou cada vez mais as instituições governamentais para atacar os rivais políticos”.
Um dos casos citados como exemplo pela oposição é o de Arvind Kejriwal, ministro-chefe da capital, Nova Délhi, detido em março por um caso de corrupção, liberado em maio para a campanha eleitoral e novamente preso no domingo passado.
A política do primeiro-ministro também provoca receio entre a minoria religiosa de mais de 200 milhões de muçulmanos, preocupados com seu futuro neste país constitucionalmente secular.
As eleições representaram um desafio logístico na Índia, que inclui zonas eleitorais em megacidades como Nova Délhi e Mumbai, mas também em áreas florestais isoladas e na conturbada região da Caxemira, no Himalaia.
Para facilitar a apuração, os eleitores votaram em urnas eletrônicas.
Contagem dos votos
A contagem dos votos começou às 8H00 locais (23H30 de Brasília, segunda-feira) nos centros de apuração de cada estado, onde os dados são inseridos em computadores.
As principais redes de televisão indianas mantêm repórteres diante de cada centro de apuração para anunciar o mais rápido possível os resultados para cada uma das 543 vagas na Câmara Baixa do Parlamento.
A Comissão Eleitoral celebrou um “recorde mundial” de 642 milhões de votos nas legislativas, mas a taxa de participação caiu na comparação com 2019, de 67,4% para 66,3%.
Saiba mais
Os analistas atribuem a taxa de comparecimento menor às temperaturas elevadas das últimas semanas no norte da Índia, onde os termômetros superaram 45ºC. Ao menos 33 funcionários do sistema eleitoral morreram na onda de calor de sábado, 1, no estado de Uttar Pradesh, onde a temperatura atingiu 46,9ºC.
O presidente da Comissão Eleitoral, Rajiv Kumar, admitiu que as votações deveriam ter acabado um mês antes. “Não deveríamos ter feito isso com tanto calor”, disse./AFP
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