A oposição venezuelana convocou protestos em Caracas e outras cidades da Venezuela neste sábado, 17, quase três semanas após as eleições em que Nicolás Maduro foi reeleito em meio a alegações de fraude por parte de seus oponentes. O ditador foi proclamado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, com 52% dos votos, um número que a oposição liderada por María Corina Machado rejeita. O chavismo também convocou marchas para se contrapor ao ato da oposição.
A líder reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, e publicou em um site cópias de mais de 80% dos registros de votação, que, segundo ela, comprovam seus argumentos. Machado projetou um “dia histórico” com manifestações em Caracas e em outras 300 cidades em um “grande protesto mundial pela verdade”.
“Aqui todos têm que manter a batalha e a força”, declarou a ex-congressista na sexta-feira, 16, em uma transmissão por uma rede social. “Sabendo que ele está nu, então o que ele faz: mentira, repressão, violência e desmoralização. A desmoralização é a estratégia do regime de Maduro”, disse ela.
Na Austrália, os manifestantes se reuniram em Sydney no sábado para dar início à mobilização. “Nós nos unimos e levantamos nossas vozes, e sinto que o país é um só agora. Somos um só novamente”, disse Kevin Lugo, um organizador de protestos de 28 anos que fugiu da Venezuela há nove anos.
As manifestações na Venezuela, que eclodiram após o anúncio dos resultados das eleições em julho, deixaram 25 pessoas mortas e mais de 2,4 mil detidas, rotuladas por Maduro como “terroristas”. Não está claro se Machado ou González Urrutia participarão do protesto de sábado em Caracas. Eles estão escondidos desde que as autoridades abriram uma investigação criminal contra eles por “instigação à rebelião”, entre outras acusações, logo depois que o presidente pediu que ambos fossem presos após culpá-los por atos de violência.
Machado participou da última grande manifestação pós-eleitoral em 3 de agosto. González não aparece em público desde 30 de julho. O chavismo também testará sua força no coração de Caracas em apoio a Maduro, que pediu ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de favorecer o governo com suas decisões, para “certificar” a eleição.
“No sábado vamos às ruas para marchar por toda a Venezuela, vamos às ruas para continuar celebrando a vitória da revolução bolivariana”, disse esta semana o poderoso líder chavista Diosdado Cabello.
Diferentes setores do chavismo se manifestaram quase diariamente no palácio presidencial de Miraflores em apoio a Maduro, que afirma que Machado e González Urrutia estão por trás de uma tentativa de golpe. O CNE ainda não publicou a contagem detalhada de mesa por mesa, argumentando que o sistema automatizado de votação foi alvo de um “ataque ciberterrorista”.
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O chavismo e o próprio CNE alegam que as cópias das atas eleitorais publicadas na internet pela oposição são falsas. O processo solicitado por Maduro perante a Suprema Corte é considerado impróprio por acadêmicos e opositores.
Os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e os países latino-americanos rejeitaram o resultado. O Brasil e a Colômbia estão liderando os esforços para encontrar uma solução política para a crise e propuseram uma repetição das eleições, uma ideia descartada por enquanto tanto pelo chavismo quanto pela oposição.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, um aliado de longa data de Maduro, elevou o tom na sexta-feira, dizendo que ele estava liderando um “governo com viés autoritário”. Em uma declaração conjunta, a UE e 22 países pediram uma “verificação imparcial” dos resultados da votação, enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) - da qual a Venezuela decidiu se retirar - exigiu a “publicação rápida das atas” de 28 de julho “no nível de cada seção eleitoral”.
“Estamos preparando a delegação de observadores eleitorais para as eleições de 5 de novembro nos Estados Unidos. Uma comissão de especialistas venezuelanos está indo e vamos revisar os resultados tabela por tabela (...) Ah, mas se Maduro diz isso, ‘não, Maduro está louco’”, ironizou o presidente na sexta-feira, em resposta aos pedidos de revisão dos resultados./AFP
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