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Orca mantida em cativeiro por 52 anos nos EUA será libertada no Oceano Pacífico

A devolução de Lolita, que passou décadas se apresentando para multidões no Miami Seaquarium, ainda depende de uma aprovação do governo e pode custar até US$ 20 milhões

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Por Redação

MIAMI - Mais de 50 anos depois que a orca conhecida como Lolita foi capturada para exibição pública, ela deve ser devolvida do Miami Seaquarium às suas águas natais no noroeste do Pacífico, onde se acredita que está uma baleia de quase um século que pode ser sua mãe.

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Uma união improvável envolvendo o proprietário do parque temático, um grupo de direitos dos animais e um filantropo proprietário de um time da NFL anunciou o acordo durante uma entrevista coletiva na quinta-feira, 30. “Estou empolgado por fazer parte da jornada de Lolita para a liberdade”, disse o proprietário do Indianapolis Colts, Jim Irsay. “Eu sei que Lolita quer chegar a águas livres.”

Lolita, também conhecida como Tokitae, tinha cerca de 4 anos de idade quando foi capturada em Puget Sound no verão de 1970, durante uma época de abates de orcas. Ela passou décadas se apresentando para multidões pagantes antes de adoecer.

A treinadora Marcia Hinton acaricia Lolita, uma baleia orca em cativeiro, durante uma apresentação no Miami Seaquarium em 9 de março de 1995 Foto: Nuri Vallbona/Miami Herald via AP

No ano passado, o Miami Seaquarium anunciou que não faria mais shows com ela, sob um acordo com reguladores federais. Lolita – agora com 57 anos e mais de 2 toneladas – atualmente vive em um tanque que mede 24 por 11 metros e tem 6 metros de profundidade.

A orca que se acredita ser sua mãe, chamada Ocean Sun, continua a nadar livremente com outros membros de seu clã e tem mais de 90 anos. Isso deu aos defensores de sua libertação otimismo de que Tokitae ainda poderia ter uma vida longa na natureza.

“É um passo para restaurar nosso ambiente natural, consertando o que erramos com exploração”, disse Howard Garrett, presidente do conselho do grupo de defesa Orca Network, com sede em Whidbey Island, no estado de Washington. “Acho que ela ficará animada e aliviada por estar em casa.”

O acordo entre Irsay; Eduardo Albor, que dirige a The Dolphin Company, proprietária do Seaquarium; e a organização sem fins lucrativos Friends of Lolita, da Flórida, co-fundada pelo ambientalista Pritam Singh; ainda enfrenta obstáculos para obter a aprovação do governo.

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A entrada do Miami Seaquarium Foto: Alie Skowronski/Miami Herald via AP

O prazo para mover o animal pode ser de 18 a 24 meses, disse o grupo, e o custo pode chegar a US$ 20 milhões.

O plano é transportar Lolita de avião até um santuário oceânico nas águas entre Washington e o Canadá, onde inicialmente nadará dentro de uma grande rede enquanto treinadores e veterinários a ensinam a pescar.

Ela também terá que fortalecer seus músculos, já que as orcas normalmente nadam cerca de 160 quilômetros por dia, disse Raynell Morris, um membro da tribo indígena Lummi em Washington, que também faz parte do conselho da Friends of Lolita.

“Ela tinha 4 anos quando foi levada, então estava aprendendo a caçar. Ela conhece o som de sua família”, disse Morris. “Ela vai se lembrar, mas vai levar tempo.”

Jim Irsay, CEO do Indianapolis Colts, à esquerda, fala enquanto Pritam Singh, Friends of Lolita, bate palmas durante uma coletiva de imprensa Foto: Alie Skowronski/Miami Herald via AP

A orca ficaria sob cuidados 24 horas por dia até se aclimatar ao novo ambiente.

Os zeladores do Seaquarium já estão preparando-a para a viagem, disseram as autoridades.

A Dolphin Company assumiu a propriedade do Seaquarium em 2021. Ela opera cerca de 27 outros parques e habitats no México, Argentina, Caribe e Itália.

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Defensores dos direitos dos animais, incluindo Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta na sigla em inglês), há muito lutam para que Lolita passasse seus últimos anos em casa em um ambiente controlado. Os ativistas costumam protestar ao longo da estrada que passa pelo Seaquarium, que eles chamam de “parque de abusos”. A Peta diz que não quer que Lolita sofra o mesmo destino de seu parceiro Hugo, que morreu em 1980 de um aneurisma cerebral depois de bater a cabeça repetidamente nas paredes do tanque./AP

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