Organização Trump e executivo leal a ex-presidente são acusados de esquema para fraudar o governo

Empresa foi acusada de um esquema de pagamentos ilegais para indenizar executivos e ajudá-los a evitar o pagamento de impostos

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Por Redaçãp
Atualização:

NOVA YORK - A Organização Trump, o negócio imobiliário que catapultou Donald Trump para a fama nos tablóides, televisão e, finalmente, a Casa Branca, e seu diretor financeiro foram acusados nesta quinta-feira, 1º, de executar um esquema por 15 anos para ajudar executivos da empresa a evitar o pagamento de impostos, com compensações indiretas. O valor estimado dos desvios chega a US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 8,6 milhões).  Essas são as primeiras acusações criminais contra a empresa do ex-presidente dos Estados Unidos desde que os promotores começaram a investigá-la três anos atrás.

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Considerado o guardião dos segredos das Organizações Trump, o alto executivo Allen H. Weisselberg, que trabalha para a família Trump há mais de 50 anos, se apresentou hoje à Justiça e se declarou inocente – o mesmo fizeram os advogados da empresa. Ele foi liberado depois de prestar depoimento, mas teve o passaporte retido.

Ele foi acusado pelo promotor distrital de Manhattan de sonegar US$ 900 mil ao ocultar o valor dos benefícios que ele obteve da empresa de Trump – incluindo um apartamento usado sem pagamento de aluguel, carros, móveis novos e pagamentos de mensalidades de escola. Os benefícios não foram declarados como receita às autoridades fiscais e Weisselberg sonegou impostos estaduais, federais e locais. 

Diretor financeiro da Oranização Trump Allen Weisselberg deixa tribunal em Manhattan Foto: Brendan McDermid/Reuters

Ao todo, 15 acusações criminais foram formalizadas contra Weisselberg, de acordo com uma cópia da acusação obtida pelo Washington Post. Elas incluem conspiração, fraude fiscal e falsificação de registros comerciais. Em registros internos, a Organização Trump tratou esses benefícios como parte da compensação de Weisselberg, mas não os relatou às autoridades fiscais, permitindo que o diretor financeiro e a empresa driblassem a receita, de acordo com os documentos. 

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O texto do indiciamento afirma que outros executivos – não identificados – também receberam benefícios semelhantes. O documento garante ainda que Weisselberg havia orquestrado o esquema junto com “outras” pessoas da empresa, mas não menciona o nome de ninguém – hoje, Weisselberg foi o único executivo indiciado. 

Trump, de 75 anos, rejeitou hoje as acusações contra a sua empresa e Weisselberg: "É uma caça às bruxas política dos democratas da esquerda radical. Está dividindo o nosso país como nunca!". 

As Organizações Trump declararam nesta quinta-feira em comunicado que os promotores estão usando Weisselberg como "um peão em uma estratégia para prejudicar o ex-presidente". "Isso não é justiça, é política", declarou um porta-voz da empresa familiar do magnata nova-iorquino, em comunicado citado por vários veículos da mídia americana.

As Organizações Trump são uma holding familiar não listada na bolsa, que possui clubes de golfe, hotéis e propriedades de luxo. Trump entregou as rédeas do negócio aos seus dois filhos mais velhos e a Weisselberg quando ocupou a Casa Branca, no início de 2017. 

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Os promotores de Nova York pedem que Weisselberg coopere com suas amplas investigações sobre as finanças da Organizações Trump. Uma acusação formal aumentaria a pressão sobre ele para que faça sua parte. 

Os promotores nova-iorquinos investigam se a empresa supervalorizava ou subestimava regularmente seus ativos, especialmente várias propriedades no Estado de Nova York, para obter empréstimos bancários ou reduzir seus impostos. O ex-advogado pessoal de Trump Michael Cohen garantiu que o fizeram, o que poderia constituir uma possível sonegação de impostos ou uma fraude de seguro. 

As acusações são as primeiras correspondentes às investigações que o procurador do distrito de Manhattan, Cyrus Vance, mantém há cerca de três anos sobre os negócios do ex-presidente dos EUA.

As investigações sobre a empresa de Trump aceleraram nos últimos meses, com vários executivos sendo chamados para testemunhar perante um grande júri em preparação para possíveis acusações.

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Elas também são voltadas para oito anos de declarações de impostos de Trump. Vance conseguiu uma importante vitória no último mês de fevereiro, quando obteve acesso a anos dessas declarações após uma longa batalha legal na qual a Suprema Corte acabou rejeitando os argumentos do ex-presidente para manter esses documentos confidenciais.

A procuradoria também vem investigando os pagamentos secretos de dinheiro que a campanha eleitoral de Trump fez à atriz pornô Stormy Daniels para impedi-la de tornar pública uma suposta relação sexual com o então candidato à presidência, já que poderiam violar a legislação do estado de Nova York.

Em imagem de 2017, Allen Weisselberg (C) entre Donald Trump (E) e seu filho Donald Jr. Foto: Timothy A. CLARY / AFP

No processo desta quinta-feira, Trump não foi acusado. Mas uma acusação contra a empresa que leva seu nome atinge o ex-presidente no momento em que ele volta a realizar comícios. Mesmo se conseguir convencer a seus seguidores de que se trata de perseguição política, ele ainda pode enfrentar a dispendiosa distração de um julgamento enquanto tenta montar uma outra campanha presidencial.

As acusações também podem prejudicar as finanças de sua empresa e comprometer seu relacionamento com parceiros de negócios que continuaram a apoiar a Organização Trump mesmo depois do motim de 6 de janeiro no Capitólio.

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Trump conquistou a presidência se apresentando como um político com a perspicácia empresarial para sacudir Washington. Mas a empresa cujo nome ele tornou famosa em seu reality show, “O Aprendiz”, pode acabar sendo associada a cusações criminais. Se a empresa for considerada culpada, poderá enfrentar multas ou outras penalidades.

Agora que enfrenta acusações, Weisselberg, de 73 anos, ainda pode cooperar com os promotores. Se ele finalmente se declarar culpado e chegar a um acordo, poderá causar danos consideráveis ​​a Trump, que por décadas dependeu de sua lealdade inabalável, uma vez que declarou ter 100% de certeza que Weisselberg não o havia traído.

Os dois começaram a trabalhar juntos no final dos anos 70, com Weisselberg se dedicando para cuidar de projetos para Trump, o filho ambicioso de seu chefe, Fred Trump. Weisselberg disse em um depoimento de 2015 que ele tem ajudado Trump com suas declarações de impostos desde pelo menos a década de 90, quando Trump o nomeou diretor financeiro da organização.

Weisselberg permaneceu inabalavelmente leal à empresa, mesmo quando seu próprio nome veio à tona durante as investigações federais e do Congresso sobreTrump. Embora Weisselberg nunca tenha sido o alvo dessas investigações, ele tem sido o foco central do inquérito do promotor, que começou em agosto de 2018.

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Como os promotores se concentraram nos benefícios que ele e sua família receberam de Trump, eles examinaram dezenas de milhares de dólares em mensalidades de escolas particulares para um dos netos de Weisselberg, um apartamento sem aluguel no Upper West Side de Manhattan e veículos Mercedes-Benz alugados.

Weisselberg não foi o único executivo sênior da empresa a receber vantagens semelhantes. Até 2018, quando a empresa freou os benefícios, fornecia o Mercedes-Benzes a vários funcionários. Esses tipos de benefícios são geralmente tributáveis, embora haja exceções e as regras fiscais possam ser obscuras./NYT, W.POST, AFP, EFE e Reuters

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