NABI SALEH, CISJORDÂNIA - Ahed Tamimi, adolescente que se tornou ícone da resistência palestina ao agredir e repreender dois soldados israelenses, deixou a prisão neste domingo, 29, após oito meses de detenção.
A jovem de 17 anos e sua mãe, que também foi presa após o incidente, foram levadas para Nabi Saleh, na Cisjordânia, um território ocupado por Israel, afirmou um porta-voz da penitenciária israelense de Sharon.
Ao chegarem ao povoado, foram abraçadas por parentes e amigos que as receberam. A adolescente, sua mãe e seu pai entraram em casa sob os gritos: “Queremos viver em liberdade!”. “A resistência continua até que a ocupação acabe”, disse Ahed, aplaudida por seus partidários e diante dos jornalistas reunidos no local.
Em uma entrevista concedida pouco depois, a jovem disse estar muito feliz de voltar para casa, mas que essa alegria “se vê ofuscada, porque ainda há outros prisioneiros”.
Ahed se negou a responder perguntas de jornalistas de veículos israelenses por considerar injusta a forma como eles relataram seu caso. Questionada sobre seu futuro, a adolescente disse querer estudar Direito para poder “defender a causa palestina”.
Antes da entrevista, Ahed visitou parentes que perderam um membro da família em junho em confrontos com soldados israelenses. Depois seguiu para Ramallah, onde depositou uma coroa de flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat.
Ela então foi para a sede da Autoridade Palestina (AP), onde se reuniu com o líder palestino, Mahmoud Abbas. O chefe da AP saudou a adolescente, “um modelo da luta palestina pela liberdade, independência e estabelecimento do nosso Estado”, segundo comunicado divulgado pela agência Wafa.
Antes da libertação, a polícia israelense prendeu, no sábado, dois italianos e um palestino que pintaram no muro de separação entre os territórios um retrato gigante de Ahed. Os três foram soltos neste domingo.
Vídeo viral
A jovem foi presa em 19 de dezembro de 2017, alguns dias após a gravação de um vídeo em que aparece batendo em dois soldados israelenses, que viralizou.
Em 21 de março, ela foi condenada a oito meses de prisão. Sua prima foi solta em março. A jovem, cuja família é conhecida por seu ativismo contra a ocupação israelense, já havia estado envolvida em vários outros incidentes com soldados. / AFP e EFE
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