O governo iraniano advertiu a todos os jornalistas enviados pela imprensa internacional para cobrir as eleições que devem deixar de forma imediata o país uma vez expiradas as credenciais que lhes foram concedidas. Vários correspondentes receberam ligações, presumivelmente procedentes do Ministério de Orientação Islâmica, nas quais foram lembrados de que em nenhum caso vão ser estendidos os vistos.
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O assédio à imprensa internacional, que sofre muitas dificuldades para informar sobre os atuais distúrbios no Irã, começou no sábado, com os primeiros protestos da oposição, liderada pelo candidato Mir Hussein Mousavi, após a vitória eleitoral do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad. Alguns correspondentes estrangeiros, considerados testemunhas incômodas, receberam no sábado um fax de advertência dizendo que podiam ser detidos a qualquer momento nas ruas e que seu credenciamento poderia ser retirado.
Fontes do Ministério de Orientação Islâmica negaram o envio deste fax e falaram da existência de muitos "rumores" no país. Em qualquer caso, há vários casos concretos de assédio à imprensa internacional. Pelo menos dois jornalistas estrangeiros foram detidos e outros receberam golpes por parte da polícia e dos "basij" enquanto cobriam as manifestações.
Várias redes de TV tiveram material expropriado durante horas e não é permitido a elas filmar em vários lugares do país. O escritório do canal por satélite árabe Al Arabiya foi fechado durante uma semana, e às agências de imprensa com serviço de televisão receberam um aviso para que não enviem imagens a meios de imprensa em língua persa, como a BBC e a Voz da América, proibidos no país.
Os jornalistas iranianos também estão sofrendo o assédio das autoridades. O jornal partidário de Mousavi foi fechado e não pôde ser vendido no domingo, enquanto vários jornalistas locais viram como seu credenciamento não foi renovado para colaborar com estrangeiros. No sábado, em uma grande entrevista coletiva, Ahmadinejad acusou a imprensa internacional de imiscuir-se nos assuntos internos do Irã e de projetar uma imagem "errônea e negativa" do país.
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