Os israelenses comemoram este ano uma data muito importante para o Oriente Médio: três anos desde a assinatura dos Acordos de Abraão entre Israel, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Bahrein, sob mediação do governo dos Estados Unidos. Três meses depois, em dezembro de 2020, o Reino do Marrocos aderiu ao processo, assinando um acordo de normalização com Israel.
O catalisador que possibilitou esses acordos históricos foi a decisão consciente tomada pelas partes de promover um futuro estável e próspero para o Oriente Médio.
Os acordos inauguraram uma nova era de paz, tão necessária na região, e mudaram alguns paradigmas em relação ao lugar de Israel no Oriente Médio. Os acordos não apenas conectam governos, mas também aproximam as pessoas, apesar das diferenças de idioma, crenças religiosas, culturas e muito mais.
Até agora, os Acordos de Abraão ofereceram um mero vislumbre de todo o potencial da cooperação regional. Mesmo assim, o comércio entre Israel e outros países do Oriente Médio aumentou 74% entre 2021 e 2022. Outro exemplo é o turismo, praticamente inexistente no passado, que disparou. Em 2021, as visitas de cidadãos israelenses aos Emirados Árabes Unidos aumentaram 172%. Além disso, o número de israelenses voando para o Bahrein desde o estabelecimento de voos diretos também aumentou exponencialmente.
Os acordos também tiveram uma influência significativa no reforço das relações de Israel com os países vizinhos, reforçando assim a estabilidade regional. Por exemplo, o acordo Green and Blue Prosperity entre Israel, Emirados Árabes Unidos e Jordânia determinou que um campo solar para fornecer 600 megawatts de eletricidade verde a Israel será estabelecido na Jordânia, enquanto em troca, uma usina de dessalinização em Israel fornecerá 200 milhões de metros cúbicos de água para a Jordânia.
Numa região onde 65% da população tem menos de 30 anos, proporcionar oportunidades à geração mais jovem é um fator fundamental para evitar a instabilidade. Para tanto, foram promovidas visitas de delegações de jovens, incentivando os laços entre os líderes de amanhã e lançando as bases para a cooperação nas próximas décadas. Delegações nas quais jovens influenciadores experimentam as culturas uns dos outros e visitam importantes locais religiosos e históricos, enquanto se concentram na construção de comunidades, são uma ferramenta eficaz para fortalecer os laços.
É importante ressaltar que os jovens dos países dos acordos aderiram com todo o coração aos princípios de aceitação, cooperação e paz destacados nos acordos, comunicando à região que esses ideais são os blocos de construção do futuro.
Os Acordos de Abraão incentivam a colaboração e a educação. No verão de 2022, a Universidade Ben-Gurion recebeu estudantes do Marrocos e vários estudantes dos Emirados Árabes Unidos se matricularam em universidades israelenses. O Bahrein também abraçou as perspectivas de atividades educacionais compartilhadas e assinou uma série de acordos com Israel para promover o intercâmbio de estudantes e professores.
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Em um exemplo notável de como essas iniciativas podem promover a compreensão mútua, depois que o ministro das Relações Exteriores dos Emirados, Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan, visitou o Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, os Emirados Árabes Unidos incorporaram o ensino sobre o Holocausto em seu currículo escolar como uma disciplina obrigatória, atestando a capacidade dos Acordos de Abraão de promover a coexistência e a tolerância religiosa.
Os Acordos de Abraão mostraram o poder da unidade para inspirar e oferecer oportunidades! Eles oferecem uma janela para um futuro potencial da região e demonstram que, quando líderes e cidadãos comuns priorizam a paz e a cooperação, um futuro muito melhor para o Oriente Médio é possível.
Israel espera que muitos mais países se juntem a esta empreitada, criando um amanhã mais brilhante para o bem de todas as nossas crianças.
*Daniel Zonshine, Embaixador de Israel no Brasil
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