Os desafios do terceiro mandato do presidente chinês Xi Jinping

O líder terá que driblar pautas como desaceleração econômica, tensão com os EUA, direitos humanos e a questão de Taiwan

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Por Redação

Xi Jinping obteve nesta sexta-feira, 10, um inédito terceiro mandato presidencial na China após uma votação formal do órgão legislativo do país. Foram 2.952 votos a favor, zero contra e nenhuma abstenção, reforçando seu domínio como o líder mais poderoso do país desde Mao Tsé-tung, que ficou 27 anos no poder.

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A vitória foi apenas a confirmação da decisão formal de outubro do ano passado, quando Xi Jinping foi nomeado para seu terceiro mandato de cinco anos à frente da China, e consolidou a ampliação do seu poder dentro do Partido Comunista Chinês (PCC).

Xi Jinping enfrentará quatro desafios principais: a economia, a tensão com os Estados Unidos, a questão de Taiwan e os direitos humanos.

Em seu terceiro mandato presidencial, Xi Jinping se consagra como o líder mais poderoso da China desde Mao Tsé-tung Foto: Jason Lee/Reuters

Desaceleração econômica

A desaceleração econômica será, sem dúvida, um tema central. A segunda maior economia do mundo, acostumada durante muito tempo com ritmo de crescimento elevado, registrou um avanço de apenas 3% do PIB em 2022, consequência das restrições de saída por sua política anticovid e da crise do setor imobiliário.

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Para 2023, o governo estabeleceu como meta um crescimento “ao redor de 5%”, um dos menores níveis em várias décadas.

A decisão de Xi Jinping de cercar-se exclusivamente com dirigentes leais em seu terceiro mandato gera temores de que ele favoreça a ideologia em detrimento do crescimento.

Se ele esperava fazer do consumo o novo motor da economia, ainda não conseguiu. No que diz respeito a seu conceito de “prosperidade comum”, que supostamente deve reduzir as diferenças de renda entre a população, Xi parece mais discreto nos últimos meses.

Tensão com os Estados Unidos

As relações bilaterais com Washington se tornaram amargas nos últimos anos devido à concorrência tecnológica e comercial, direitos humanos e, inclusive, pela questão da origem da pandemia de covid-19.

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Uma visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, prevista para fevereiro, foi adiada no último momento depois que o governo Joe Biden derrubou um balão chinês, que, segundo Washington, seria utilizado por Pequim com objetivos de espionagem, o que a China nega.

Desde então, as tensões diplomáticas aumentaram ainda mais. Na terça-feira, 7, o ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, advertiu para o risco de “conflito e confronto” caso Washington não mude de rumo.

O próprio Xi fez uma crítica direta incomum aos Estados Unidos, ao acusar o governo americano de arrastar os países ocidentais por uma “política de contenção, cerco e supressão contra a China”.

Taiwan

Com seu novo mandato, Xi pode decidir que chegou o momento de Pequim assumir o controle da ilha de Taiwan, administrada por um governo democrático e que a China reivindica como parte de seu território.

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O tema se tornou muito delicado nos últimos anos. Em agosto, Nancy Pelosi, então presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, visitou Taiwan. Furiosa, a China respondeu com as maiores manobras militares de sua história ao redor da ilha.

Em outubro, o Partido Comunista incluiu pela primeira vez em sua Constituição a oposição à independência do território insular.

Uma invasão chinesa de Taiwan prejudicaria as cadeias de suprimento do planeta: a ilha é a principal fabricante mundial de semicondutores, peças indispensáveis para vários aparelhos eletrônicos.

Uma intervenção militar provocaria a indignação dos países ocidentais, isolaria a China e aproximaria Pequim e Washington de um confronto armado direto.

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A China anunciou no domingo, 5, um aumento de 7,2% do orçamento de Defesa, o mais elevado desde 2019.

O gasto militar chinês, no entanto, continua ao redor de 2% do PIB, um nível inferior ao dos Estados Unidos.

Direitos humanos

Desde a chegada de Xi Jinping ao poder no fim de 2012, a sociedade civil desapareceu quase por completo, a oposição foi asfixiada e dezenas de ativistas foram detidos.

As autoridades chinesas são acusadas de internar pelo menos um milhão de pessoas em “campos” em Xinjiang (noroeste), principalmente da minoria muçulmana uigur.

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Vários estudos ocidentais também mencionam “trabalhos forçados” em Xinjiang e falam de “genocídio” como resultado de esterilizações e abortos apresentados como “forçados”.

A China nega todas as acusações.

Um relatório da ONU faz alusão a possíveis “crimes contra a humanidade” na região, mas não usa o termo “genocídio”, palavra que é utilizada pelo governo dos Estados Unidos.

A situação na área de direitos humanos tem poucas chances de melhorar durante o terceiro mandato de Xi, cujo poder parece inabalável diante das pressões internacionais.

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