Saiba quais são os próximos passos da Itália após a renúncia de Mario Draghi

País convocou eleições gerais para escolha de novo primeiro-ministro; coalizão entre partido de Silvio Berlusconi e extrema direita é favorita

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Por Redação

A renúncia de Mario Draghi como primeiro-ministro da Itália nesta quinta-feira, 21, abriu um período de incerteza política na terceira maior economia da Europa. Com um sistema republicano parlamentarista, o parlamento foi dissolvido pelo presidente para a convocação de novas eleições gerais e o poder interino continua nas mãos de Draghi, um político que viu o seu governo implodir e pediu a renúncia duas vezes.

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A perda desta liderança política acontece no momento em que a Itália lida com a inflação crescente, com uma crise de custos de energia, uma seca severa e com reformas pendentes para garantir 200 bilhões de Euros da União Europeia em fundos de recuperação.

Novas eleições já foram convocadas; outras possibilidades, deixadas de lado. Abaixo, veja os principais pontos dos próximos passos italianos para a escolha do novo líder:

Imagem mostra encontro em Roma entre autoridades italianas para formalizar renúncia de Mario Draghi e convocar novas eleições gerais. País vai escolher novo líder em 70 dias Foto: Paolo Giandotti/Italian Presidential Palace/Reuters

Novo governo ou eleições antecipadas?

A Itália podia manter Mario Draghi como chefe interino do governo até o final da legislatura, no início de 2023, ou convocar eleições antecipadas. Com a dissolução do parlamento assinada pelo presidente Sergio Mattarella nesta quinta-feira, a segunda opção é a que vai se realizar.

Assim como Boris Johnson no Reino Unido, Mario Draghi continua no cargo até a data das eleições, que serão realizadas rapidamente.

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A primeira possibilidade era improvável porque a renúncia do premiê foi antecedida pela perda de apoio da coalizão parlamentar que o sustentava. “Parece claro que as condições para um novo governo não estão reunidas”, afirmou à AFP o professor de direito constitucional Gaetano Azzariti, da Universidade La Sapienza de Roma.

Como a Itália é uma república parlamentar, a maioria do parlamento é quem decide o governante do país, não o presidente. “E a resposta do parlamento foi muito clara”, reiterou Azzariti.

Qual é a data das eleições antecipadas?

As eleições na Itália ocorrerão no dia 25 de setembro, devido à obrigação constitucional de realizá-la 70 dias após a dissolução das duas câmaras do Parlamento O decreto de dissolução foi assinado nesta quinta-feira por Sergio Mattarella.

O calendário das eleições precisa lidar com a exigência da apresentação da lei orçamentária antes do dia 15 de outubro. Os italianos precisam equilibrar essa obrigação com a organização das eleições, a campanha eleitoral, a nomeação e a posse do novo governo.

Após a eleição, o Parlamento deve se reunir dentro de 20 dias. Com a data estimada, a reunião acontece no dia 15 de outubro.

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Quem é o favorito nas eleições antecipadas?

A grande favorita é a chamada coalizão “centro-direita”, que reúne três partidos: o Forza Itália, considerado de centro-direita e liderado por Silvio Berlusconi; a Liga Norte, liderada pelo político anti-imigração Matteo Salvini e de extrema direita; e o Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), formado pelos herdeiros do fascismo.

O Fratelli d’Italia, presidido por Giorgia Meloni, lidera as preferências de votação com quase 24%, superando o Partido Democrata (22%) e a Liga (14%), segundo levantamento do instituto SWG, realizado em 18 de julho.

O Forza Italia somaria 7,4% dos votos, e o Movimento 5 Estrelas (M5E), 11,2%.

Segundo a análise de Gaetano Azzariti, a lei eleitoral em vigor – que une o voto proporcional e o voto por pessoa – é “uma grande vantagem para a coalizão ‘centro-direita’”. “Os aliados de centro-direita concordaram em apresentar um candidato comum, e os candidatos do PD, do M5E, e assim por diante, ainda devem ser apresentados. Portanto, é evidente que a coalizão centro-direita será vencedora”, afirmou.

Ainda que dividida em correntes internas, com complicações em várias regiões e com diferenças profundas entre as lideranças – Salvini, da Liga Norte, e Giorgia Meloni, do Fratelli d’Italia –, a coalizão é teoricamente maioria.

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O desprezo contra Draghi repercutiu muito mal em alguns setores, especialmente no moderado Forza Italia, o que levou dois ministros de Draghi, que fazia parte do partido, anunciarem a saída. /AFP

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