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Otan envia soldados para a fronteira da Ucrânia e promete responder a ataques químicos

Apesar dos apelos do presidente ucraniano por mais ajuda, a Aliança disse que ação é ‘preventiva’ e reforçou que não colocará tropas no país

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Por Redação
Atualização:

BRUXELAS - Em cúpula realizada nesta quinta-feira, 24, os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram o aumento das tropas em seu flanco leste e prometeram aumentar sua assistência à Ucrânia em cibersegurança, além de proteção contra armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. Apesar dos apelos do presidente ucraniano por mais ajuda, a Aliança reforçou que não colocará tropas no país.

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“Em resposta às ações da Rússia, ativamos os planos de defesa da Otan, destacamos elementos da Força de Resposta da Otan e colocamos 40.000 soldados em nosso flanco leste, juntamente com meios aéreos e navais significativos, sob comando direto da Otan apoiado por destacamentos nacionais dos Aliados”, disse o chefe da Otan, Jens Stoltenberg.

A Otan, que já aumentou massivamente sua presença em suas fronteiras orientais desde o início da guerra, com os cerca de 40.000 soldados espalhados do Báltico ao Mar Negro, concordou nesta quinta em estabelecer quatro novas unidades de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia.

“Os Aliados da Otan também continuarão a prestar assistência em áreas como segurança cibernética e proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear. Os Aliados também fornecem amplo apoio humanitário e estão hospedando milhões de refugiados.”

Questionado sobre o tipo de suporte que a aliança dará aos ucranianos contra as ameaças químicas, Stoltenberg, disse que fornecerá equipamentos de detecção, proteção e suporte médico, além de treinamento para descontaminação e gerenciamento de crises em caso de qualquer ataque químico, biológico, radiológico ou nuclear russo.

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa após cúpula Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP

O chefe se recusou a fornecer mais detalhes sobre o tipo ou números de equipamentos de assistência de fato enviariam para o leste, alegando “questões de segurança”. “Estamos tomando todas as medidas e decisões para garantir a segurança e a defesa de todos os Aliados em todos os domínios e com uma abordagem de 360 graus.”

Stoltenberg disse que a Aliança pretende se preparar para “uma realidade estratégica mais perigosa”, cujos detalhes devem ser definidos em abril durante uma reunião entre os chanceleres dos países membros e parceiros.

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Os aliados também fizeram um alerta à China, caso o país ajude a Rússia em meio às sanções ocidentais. “Estamos preocupados com os recentes comentários públicos de funcionários da China e pedimos que pare de amplificar as falsas narrativas do Kremlin, em particular sobre a guerra e a Otan, e promova uma resolução pacífica para o conflito.”

“Apelamos a todos os Estados, incluindo a República Popular da China, a defender a ordem internacional, incluindo os princípios de soberania e integridade territorial, conforme consagrados na Carta da ONU, a abster-se de apoiar o esforço de guerra da Rússia de qualquer forma e a abster-se de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções.”

Resposta a ataques químicos

Além da promessa de Stoltenberg sobre o auxílio a possíveis ataques químicos da Rússia, os países membros do G7 também falaram em respostas fortes. O encontro do G7 ocorreu imediatamente após a cúpula da Otan.

Em coletiva de imprensa após a reunião, Olaf Scholz da Alemanha, Emmanuel Macron da França, Boris Johnson do Reino Unido e Joe Biden dos Estados Unidos prometeram agir em casos de ataques químicos e biológicos, mas não entram em detalhes.

Presidente Joe Biden durante coletiva de imprensa em Bruxelas, logo após a reunião do G7 e da cúpula da Otan Foto: AP / AP

“Nós responderemos se ele [Vladimir Putin] usar armas químicas. A natureza da resposta dependeria da natureza do uso”, disse Biden.

A possibilidade de que a Rússia use armas químicas ou mesmo nucleares tem sido um tema sombrio de conversa em Bruxelas, mas uma possibilidade para a qual os líderes estavam se preparando.

Quando questionado se os Aliados tinham informações de inteligência que confirmassem que a Rússia intenciona utilizar esse tipo de armamento, o presidente americano disse que não poderia dar dados da inteligência. Stoltenberg também evadiu da resposta quando questionado.

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O G7 também alertou contra “qualquer ameaça de uso de armas químicas, biológicas e nucleares” e “lembrou à Rússia suas obrigações sob os tratados internacionais dos quais é signatária”. O G7 é formado pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, França, Itália e Japão.

1% de ajuda

A Otan, no entanto, rejeitou repetidos apelos de Kiev para defender os céus da Ucrânia de ataques aéreos russos, e o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que se juntou à cúpula da Otan por meio de uma videochamada, reclamou que o Ocidente não forneceu tanques ou sistemas antimísseis modernos.

“Vocês podem nos dar 1% de todos os seus aviões. 1% de todos os seus tanques. 1%!”, pediu Zelenski. “A Ucrânia pediu seus aviões. Para não perdermos tantas pessoas. E vocês têm milhares de caças! Mas ainda não recebemos nenhum. Para salvar as pessoas e nossas cidades, a Ucrânia precisa de assistência militar, sem restrições.”

Volodmir Zelenski durante pronunciamento ao parlamento japonês em 23 de março Foto: Japan News-Yomiuri / Japan News-Yomiuri

Um alto funcionário do governo americano disse ao jornal The New York Times que, após os comentários de Zelenski, os membros da Otan iniciaram uma conversa sobre a possibilidade de fornecer sistemas de mísseis antinavio para a Ucrânia. Mas isso pode levar tempo, e Zelenski encerrou suas observações com um apelo por ação imediata.

A Otan também não enviará tropas ou aviões para a Ucrânia, reiterou Stoltenberg, cujo mandato como diretor-geral foi estendido por um ano até o final de setembro de 2023.

“A Otan ainda não mostrou o que a aliança pode fazer para salvar as pessoas”, disse Zelenski, acrescentando acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, também queria atacar os membros do leste da Otan - Polônia e os países bálticos.

Sanções adicionais

O grupo das sete economias mais avançadas do mundo disse que está pronto para adotar “sanções adicionais” contra a Rússia. Em uma declaração após a cúpula, o G7 acrescentou que “não poupará esforços” para que o presidente Vladimir Putin, assim como os “arquitetos e pessoas que o apoiam nesta agressão”, sejam responsabilizados.

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O G7 sublinhou sua “determinação de impor severas consequências à Rússia, inclusive por meio da implementação total das medidas econômicas e financeiras que já impomos”. Os sete países vão buscar que “outros governos adotem medidas restritivas semelhantes” às impostas pelo grupo.

O grupo recordou que “qualquer transação realizada em ouro está coberta pela sanções existentes”. O dia de cúpulas em Bruxelas termina com uma reunião entre os membros da União Europeia.

Líderes do G7 posam para foto durante cúpula da Otan em Bruxelas Foto: AP / AP

O Reino Unido já impôs nesta quinta-feira sanções a outra onda de credores russos, incluindo Gazprombank e Alfa Bank, bem como uma mulher que Londres disse ser enteada de Serguei Lavrov, veterano ministro das Relações Exteriores de Putin.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos impuseram novas sanções financeiras a políticos russos, oligarcas e a empresas do setor de defesa. Estas medidas, que implicam o congelamento de bens nos Estados Unidos, afetam 328 deputados da Duma (a Câmara baixa do Parlamento), assim como a própria instituição, e 48 “grandes empresas públicas” do setor de defesa, detalha um comunicado divulgado hoje pela Casa Branca.

A Casa Branca anunciou que os Estados Unidos estão dispostos a receber até 100.000 ucranianos que fugiram da guerra. O governo americano também informou que desbloqueará “mais de 1 bilhão de dólares em financiamento adicional” para reforçar a ajuda humanitária à Ucrânia.

Esses recursos também serão destinados para fazer frente as consequências da guerra na Ucrânia, em particular, o aumento da insegurança alimentar a nível global, disse Biden. /AP, AFP, REUTERS e NYT

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