THE WASHINGTON POST - A Otan vai aumentar drasticamente o número de tropas que mantém em “alto nível de prontidão” em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, o número de soldados nesta condição deve saltar de 40 mil para 300 mil.
O anúncio do líder da Otan nesta segunda-feira, 27, vem às vésperas de uma reunião de cúpula da aliança, que ocorrerá em Madri, e deve definir aspectos importantes do posicionamento da organização sobre a Ucrânia e o futuro da parceria entre os países-membros - no que foi classificado por Stoltenberg como a “maior revisão de nossa defesa e dissuasão coletiva desde a Guerra Fria”.
Transformar a força de resposta rápida da Otan, que atualmente tem cerca de 40.000 soldados, é apenas uma das maneiras pelas quais a aliança de 30 países está respondendo à invasão da Ucrânia pela Rússia. Em Madri, presidentes e primeiros-ministros também discutirão planos para reforçar o flanco leste da aliança, delinear um novo modelo de força, anunciar decisões de financiamento e publicar um “pacto estratégico” que estabelece a estratégia do grupo para os próximos anos, de acordo com diplomatas da Otan.
Na última vez em que a aliança publicou esse tipo de documento estratégico, em 2010, os laços com a Rússia eram consideravelmente mais calorosos. A versão mais recente “deixará claro que os aliados consideram a Rússia como a ameaça mais significativa e direta à nossa segurança”, disse Stoltenberg em entrevista coletiva.
Stoltenberg disse que a cúpula da Otan será “transformadora, com muitas decisões importantes, incluindo um novo conceito estratégico para uma nova realidade de segurança, uma mudança fundamental na dissuasão e defesa da Otan e apoio à Ucrânia agora e no futuro”.
Também poderia incluir notícias sobre os pedidos da Suécia e da Finlândia para ingressar na Otan. Até agora, a Turquia bloqueou as propostas de adesão dos países, questionando a posição dos nórdicos sobre a presença de grupos separatistas curdos hostis a Ancara nos países. Tanto Stoltenberg quanto a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, disseram na semana passada que esperavam discutir mais a questão com a Turquia antes da cúpula em Madri.
O documento também descreverá pela primeira vez a visão da Otan sobre a China como um desafiante, embora os países da Otan ainda não tenham definido a linguagem exata que será usada, disseram diplomatas. Stoltenberg disse que espera que o documento aborde “os desafios que Pequim representa para nossa segurança, interesses e valores”.
Na Alemanha, Biden e outros líderes do G-7, grupo que inclui seis Estados membros da Otan, concordaram em um comunicado em “continuar a fornecer apoio financeiro, humanitário, militar e diplomático e permanecer com a Ucrânia pelo tempo que for necessário”.
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