TEL-AVIV - Yossi Jan, pai de Almog Meir Jan, um dos quatro reféns do Hamas libertados em operação das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza, morreu horas antes de saber que o filho voltaria para casa, informou a família à imprensa local neste domingo, 9.
Aos 57 anos, ele foi encontrado morto em casa, sem que pudesse reencontrar o filho. “Meu irmão morreu de tristeza e não conseguiu ver o filho retornar. Na noite anterior ao regresso de Almog, o coração do meu irmão parou”, disse Dina, tia de Almog, à emissora estatal Kan.
O jovem de 21 anos foi resgatado em operação em Nuseirat, no centro do enclave palestino, depois de oito meses mantido em cativeiro por terroristas do Hamas.
Dina relatou que Yossi morava sozinho em Kfar Saba, na região central de Israel, e havia se fechado após o sequestro do filho. Passava o dia na frente da televisão, acompanhando as notícias sobre as negociações para liberação dos reféns, e chegou a perder 20 kg.
“Ele ficou grudado na televisão durante os oito meses, agarrando-se a cada informação, pois amava muito Almog e se preocupava com ele e com o que estava acontecendo com ele”, disse Dina.
Ainda de acordo com o relato, o Exército israelense ligou para Dina para avisar que resgatou Almong, mas não conseguia entrar em contato com Yossi. Ela então dirigiu até a casa do irmão para dar a notícia. Ao chegar, encontrou a porta aberta e achou que ele estivesse dormindo na sala, antes de constatar que havia morrido.
“É doloroso que ele não tenha conseguido ver seu filho voltar”, lamentou Dina.
Yossi será velado neste domingo em cerimônia restrita, informou a associação que reúne familiares dos reféns. “Almog expressou sua gratidão pelo apoio e o amor que tem recebido, mas pediu privacidade para chorar sua perda.”
Junto com Almog, foram libertados Noa Argamani, 26, Andrey Kozlov, 27, e Shlomi Ziv, 41, todos sequestrados no festival de música eletrônica brutalmente interrompido pelo ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro. Eles foram encontrados em dois prédios diferentes, na região central de Gaza.
A operação de resgate, inicialmente chamada “Sementes de Verão” foi rebatizada para “Operação Arnon”, em homenagem a Arnon Zmora, 36, militar da unidade de elite contraterrorismo israelense. Ele ficou ferido em combate com o Hamas durante a liberação dos reféns e morreu no hospital.
Mais sobre a guerra em Gaza
Do lado palestino, subiu para 274 o número de mortos durante a operação de Israel em Nuseirat, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Medhat Abbas, um dos diretores do ministério, alerta que o número de vítimas tende a aumentar. “Há casos críticos e um colapso na infraestrutura de saúde”, disse em mensagem enviada ao Washington Post.
Familiares cobram liberação de todos os reféns
Em Israel, a operação de resgate representou um raro momento de comemoração, com aplausos nas ruas e multidões em frente aos hospitais que tratavam os reféns recém-libertados.
À noite, milhares de israelenses saíram às ruas de Tel Aviv, como têm feito desde o início da guerra, para exigir um acordo que permita a libertação de todos os reféns. Um telão exibia imagens dos quatro resgatados, em meio a aplausos da multidão, que agitava bandeiras de Israel.
Yair Moses, cujo pai, Gadi Moses, permanece em cativeiro, disse à AFP que as imagens dão esperança. “Quando os vimos, vimos o seu estado de saúde, tivemos uma pequena esperança de que estejam sendo alimentados lá (em Gaza)”, afirmou.
Apesar do alívio pela liberação de Almong, Noa, Andrey e Shlomi, os manifestantes expressaram frustração com o governo de Binyamin Netanyahu, que tem rejeitado os apelos dentro e fora de Israel por um acordo de cessar-fogo.
A polícia usou canhões de água para dispersar o protesto pela liberação dos reféns, que terminou com 33 detidos.
Israel estima que das cerca de 250 pessoas sequestradas por terroristas do Hamas, 116 permanecem em Gaza, incluindo os corpos de 41 reféns que teriam morrido em cativeiro./ COM W. POST e AFP
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