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Países aliados da Ucrânia chegam a acordo que cria teto para petróleo russo

Medida visa diminuir as receitas de Moscou para dificultar financiamento na guerra na Ucrânia

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Por Redação

Os 27 países-membros da União Europeia, o G-7 e a Austrália concordaram nesta sexta-feira, 2, em impor um teto para o preço do petróleo proveniente da Rússia com o objetivo de diminuir as receitas de Moscou, utilizadas para financiar a guerra na Ucrânia. O teto estabelecido é de US$ 60 (R$ 313) por barril e passa a valer na segunda-feira, 5, junto com um embargo estabelecido pela UE que impede embarques de petróleo da Rússia através de navios para o bloco europeu.

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As duas medidas, decididas por países aliados da Ucrânia, buscam reduzir os cofres russos em bilhões de euros, que deixam de ser utilizados para a guerra. No início do dia, a União Europeia foi a primeira a anunciá-las; em seguida, a Austrália e o G-7, composto pelos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Japão e Canadá, concordaram em seguir a criação do teto, em uma decisão sem precedentes.

Os oito países afirmaram que a medida cumpre a promessa feita por eles de “impedir que a Rússia lucre com a guerra agressiva contra a Ucrânia, apoiar a estabilidade nos mercados mundiais de energia e minimizar os efeitos econômicos negativos da guerra”.

Refinaria de Petróleo na França, em imagem do dia 1º deste mês. Após meses de discussão, União Europeia criou teto ao petróleo de origem russa Foto: Benjamin Girette / Bloomberg

A Polônia, que exigia um teto com o valor muito mais baixo, acabou retirando as objeções e concordando com o acordo. Em troca, houve o consenso de revisar o preço e ajustá-lo “conforme for apropriado”.

O teto foi debatido entre os países do G-7, formado pelos países ocidentais de economias mais fortes, e, em particular, com os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália. Ele também atinge a compra de empresas europeias que prestam serviços para países como a China e a Índia, que não impõem sanções a Moscou.

Segundo o levantamento de um especialista em energia do instituto francês Jacques Delors, Phuc-Vinh Nguyen, a Rússia obteve € 67 bilhões (R$ 368 bilhões) com a venda de petróleo para a União Europeia desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro. A soma é maior do que o orçamento militar anual da Rússia, que é de cerca de € 60 bilhões (R$ 330 bilhões).

Impacto limitado

O barril de petróleo dos Urais, a principal referência do petróleo russo, está atualmente sendo negociado a cerca de US$ 65 (R$ 339), um pouco acima do teto imposto pela União Europeia. Isso significa que a medida deve ter um impacto limitado no curto prazo.

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Segundo fontes ouvidas pela AFP, a Polônia e a Ucrânia propuseram estabelecer um limite de US$ 30, mas as potências ocidentais levaram em conta os interesses das empresas privadas, que também são afetadas pela decisão. Outro ponto delicado para definir o valor foi os custos de produção. Se o teto fosse menor que esses custos, a Rússia poderia reduzir as exportações.

A imposição de um limite aos preços de petróleo não tem precedentes, e as consequências são desconhecidas. Vladimir Putin alertou na semana passada que qualquer tentativa de teto teria “graves consequências”. Especialistas temem que os preços se desestabilizem no mercado global e temem a reação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+), que se reúne no domingo, 4.

Anteriormente, a Rússia avisou que não entregaria petróleo a países que imponham limite de preços às exportações de petróleo e gás. /AFP

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