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Líder de grupo terrorista morre em prisão israelense após mais de 80 dias em greve de fome

Khader Adnan, dirigente do movimento palestino Jihad Islâmica, chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu

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Por Redação

ARRABA - Um dirigente do movimento palestino Jihad Islâmica morreu nesta terça-feira, 2, depois de mais de 80 dias de greve de fome em uma prisão israelense, o que provocou o lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza contra Israel

Khader Adnan, que faleceu aos 45 anos, já havia sido detido diversas vezes por Israel e havia iniciado quatro greves de fome, o que o transformou em um símbolo para os palestinos.

A administração penitenciária de Israel anunciou em um comunicado a morte de um detento, que foi “encontrado inconsciente em sua cela” e depois hospitalizado.

Parentes de Khader Adnan, um militante palestino da Jihad Islâmica que morreu na prisão israelense após uma greve de fome de quase três meses (no cartaz) lamentam na casa de sua família, na aldeia de Arrabe, na Cisjordânia, perto de Jenin Foto: Majdi Mohammed / AP

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A Jihad Islâmica e o Clube de Prisioneiros Palestinos confirmaram à AFP a morte de Adnan.

Em uma entrevista coletiva em sua casa em Arraba, norte da Cisjordânia, sua esposa Randa Moussa declarou que a morte é um “orgulho”.

Na sexta-feira, ela havia afirmado à AFP que as condições de detenção eram “muito difíceis”. Também denunciou que Israel havia rejeitado a transferência para um hospital civil ou a autorização para a visita de um advogado.

Foguetes lançados a partir de Gaza

“Não queremos que uma única gota de sangue seja derramada, não queremos que ninguém responda ao martírio (de Adnan), não queremos nenhum lançamento de foguete e que depois ataquem Gaza”, disse Randa Moussa.

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Durante a madrugada, três foguetes e um projétil foram lançados a partir de Gaza contra Israel, mas caíram em áreas afastadas ou perto da fronteira, anunciou o exército. Israel respondeu os ataques e também disparou foguetes em direção a Faixa de Gaza.

Após o anúncio da morte, a Jihad Islâmica, movimento considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, afirmou em um comunicado que Israel “pagará o preço por este crime”.

“Se o povo palestino não tivesse pessoas como Khader, nossa causa não teria repercussão”, disse o líder do grupo, Ziad al-Nakhale, que saudou uma morte “poderosa e honrosa”.

Crianças palestinas agitam sua bandeira nacional e seguram cartazes mostrando Khader Adnan, um militante palestino da Jihad Islâmica que morreu na prisão israelense após uma greve de fome de quase três meses, na aldeia de Arrabe, na Cisjordânia, perto de Jenin Foto: Majdi Mohammed / AP

Na manhã desta terça-feira, comerciantes palestinos fecharam suas lojas na Cisjordânia em resposta a uma convocação de greve geral.

No norte da Cisjordânia, um israelense foi ferido por estilhaços de vidro e dois veículos foram atingidos por tiros, informou o exército, que procura os autores dos ataques.

“Assassinato deliberado”

Khader Adnan começou a greve de fome no início de sua detenção, em 5 de fevereiro, afirmou a administração penitenciária, que alegou que o palestino “rejeitava passar por exames médicos e receber atendimento”.

Ele havia sido indiciado por seu envolvimento com a Jihad Islâmica e por discursos que incitavam a violência, informou à AFP uma fonte do governo israelenses que pediu anonimato.

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Um tribunal militar de apelações rejeitou recentemente seu pedido de libertação, acrescentou.

O presidente do Clube de Prisioneiros Palestinos, Qaddura Faris, afirmou que Adnan é o primeiro palestino que morre em consequência direta de uma greve de fome, embora outros tenham falecido “como resultado das tentativas de alimentá-los à força”.

A organização Médicos pelos Direitos Humanos de Israel, que havia alertado para “o risco de morte iminente” após uma visita a Adnan há alguns dias, afirmou que “apenas com os recursos disponíveis em um hospital sua vida poderia ter sido salva”.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, descreveu a morte de Adnan como “um assassinato deliberado” de Israel por “rejeitar o pedido de libertação, ignorar sua condição médica e mantê-lo na cela, apesar da gravidade de seu estado de saúde”.

A Liga Árabe também atribuiu a morte à “política de negligência médica deliberada praticada sistematicamente pelas autoridades de ocupação israelenses”.

Em sua última carta divulgada pelo Clube de Prisioneiros, Adnan advertiu que sua força estava diminuindo e pediu a Deus que o aceite como um mártir fiel”./AFP

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