Palestinos fazem raro protesto contra o Hamas em Gaza para expressar frustração pela guerra

Atos começaram na terça-feira no norte do enclave e se espalharam para outras áreas nesta quarta; Netanyahu, a quem o grupo terrorista responsabiliza pela continuidade do conflito, celebrou os protestos

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Por Redação

CIDADE DE GAZA - Palestinos protestaram pelo segundo dia consecutivo contra o Hamas nesta quarta-feira, 26, na Faixa de Gaza, em uma rara demonstração de descontentamento com o grupo terrorista que governa o território palestino. Em meio aos escombros de prédios destruídos pela guerra, palestinos expressaram frustração e raiva pelo colapso do cessar-fogo e a continuidade da guerra contra Israel.

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Segundo vídeos compartilhados nas redes sociais, os protestos possivelmente começaram em Beit Lahia, uma área amplamente destruída no norte de Gaza, na terça-feira. Nesta quarta-feira, os atos pareciam mais espalhadas para outras áreas do enclave, como a Cidade de Gaza, também no norte, Nuseirat e Deir al-Balah, no centro.

Vídeos verificados pelas agências Reuters e Associated Press mostram algumas pessoas gritando: “Fora, Hamas”. Em uma imagem, uma jovem garota de vestido rosa carrega uma placa que diz: “as crianças da Palestina gostariam de viver”.

Palestinos participam do protesto contra a guerra e contra o grupo terrorista Hamas em Beit Lahiya, norte da Faixa de Gaza, nesta quarta. Foto: AP Photo/Jehad Alshrafi

“Explosões ecoam de todas as direções em Beit Lahia. Que crime cometemos para merecer isso?”, disse Saeed Kilani, um dos manifestantes, em uma entrevista por telefone nesta quarta-feira para o Washington Post. “Nossos filhos não conseguem dormir nem por uma hora devido ao bombardeio implacável.”

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“Os cânticos de ‘Fora, Hamas’ não significam que queremos eliminar o Hamas, nem que temos a capacidade de fazê-lo, nem que somos contra o Hamas”, disse Kilani. “O povo de Beit Lahia suportou todo esse tempo, mas hoje eles estão falando: a gestão das negociações pelo Hamas é falha, inadequada e não nos trouxe segurança ou proteção”, disse o manifestante.

Até agora, houve poucos sinais de qualquer tentativa do Hamas de reprimir os protestos pela força, como o grupo fez no passado.

“Todas as pessoas têm o direito de gritar de dor e levantar suas vozes contra a agressão contra nosso povo”, disse Basem Naim, um alto funcionário do grupo terrorista. “No entanto, é inaceitável e repreensível explorar essas trágicas condições humanitárias, seja para promover agendas políticas suspeitas ou para absolver o agressor criminoso, a ocupação e seu exército, da responsabilidade.”

O grupo parece terntar canalizar a raiva palestina de volta para Israel. Em uma declaração publicada em seu canal do Telegram na quarta-feira, o Hamas disse que o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu “tem total responsabilidade pelo fracasso” do acordo de cessar-fogo.

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Netanyahu, por sua vez, comemorou os protestos e afirmou perante o Parlamento que “cada vez mais cidadãos de Gaza se dão conta de que o Hamas implica destruição e ruína”. “Tudo isto prova que nossa política funciona”, argumentou o chefe de governo.

A rara demonstração de insatisfação com o grupo terrorista ocorreu em meio aos escombros de prédios destruídos pela guerra. Foto: Jehad Alshrafi/AP

O exército israelense retornou, em 18 de março, os bombardeios contra Gaza e também iniciou operações terrestres, após quase dois meses de trégua na guerra desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro de 2023.

Desde então, pelo menos 830 palestinos morreram no território sitiado e devastado, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas./NYT, WP e AFP.

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