Papa pede que eleição na Venezuela seja solução para crise no país

Em discurso no qual abordou os principais riscos para a paz mundial, Francisco pediu que país aceite ajuda humanitária

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Por Jamil Chade, CORRESPONDENTE e GENEBRA

GENEBRA -O papa Francisco disse nesta segunda-feira, 8, estar preocupado com a Venezuela e defendeu a realização de eleições como a solução para a crise política e econômica no país. A declaração foi feita nesta segunda-feira, em seu tradicional encontro anual com os 183 embaixadores de países com representações junto à Santa Sé. 

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“Penso na querida Venezuela, que está atravessando uma crise política e humanitária cada vez mais dramática e sem precedentes”, disse, em um discurso. “A Santa Sé, ao mesmo tempo que exorta a responder sem demora às necessidades primárias da população, almeja que se criem as condições para que as eleições, agendadas para o ano em curso, sejam capazes de dar solução aos conflitos existentes, e se possa olhar de novo com serenidade para o futuro.”

Papa Francisco acena para fiéis no Vaticano Foto: Max Rossi/Reuters

Ao longo de seu discurso, o papa citou países considerados como riscos para a paz mundial. Nos últimos meses, a Santa Sé tentou mediar um diálogo entre a oposição e o governo de Nicolas Maduro, sem sucesso. 

Fontes diplomáticas sul-americanas confirmaram que, com os canais de comunicação interrompidos entre a Santa Sé e Caracas, a aposta hoje do Vaticano é de que a eleição possa ser uma oportunidade para dar legitimidade a um novo governo. Mas, para isso, a preocupação é com eventuais fraudes ou tentativas de manipulação. 

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Em novembro, Maduro anunciou que as eleições presidenciais vão ocorrer em 2018. “Em 2018, chova, troveje ou relampeie, vamos ter eleições presidenciais como manda a Constituição e confio o voto na consciência do povo”, disse. Alguns dias depois, o vice-presidente Tareck El Aissami anunciou queMaduro seria candidato à reeleição. 

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Oriente Médio

Franciscotambém se referiu à situação em Israel e nas cidades palestinas e à decisão do governo americano de transferir sua capital de Tel Aviv para Jerusalém. 

"A Santa Sé, ao exprimir o seu pesar por quantos perderam a vida nos recentes confrontos, renova o seu premente apelo a ponderar bem cada iniciativa para que se evite de exacerbar as contraposições e convida a um esforço comum por respeitar, em conformidade com as pertinentes Resoluções das Nações Unidas, o status quo de Jerusalém, cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos”, disse.“Setenta anos de confrontos tornam extremamente urgente encontrar uma solução política que consinta a presença na região de dois Estados independentes dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas.”

Armas 

O discurso do papa ainda foi interpretado por diplomatas na sala como um recado de que a política externa conduzida pelo governo de Donald Trump não é compartilhada pelo Vaticano. “É com negociação, e não com armas, que devem ser dirimidas as eventuais controvérsias entre os povos”», defendeu. 

Ele ainda destacou a incessante produção de armas cada vez mais sofisticadas e aperfeiçoadas e o prolongamento de numerosos surtos de conflito. “É o que eu chamo deterceira guerra mundial aos pedaços”, acrescentou. 

O recado era direcionado especialmente à situação da tensão entre a Coreia do Norte e o EUA. “É de suma importância que se sustente toda a tentativa de diálogo na península coreana, a fim de se encontrar novos caminhos para superar as contraposições atuais, aumentar a confiança mútua e garantir um futuro de paz ao povo coreano e ao mundo inteiro”, disse.

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Em seu discurso, Francisco ainda lamentou que, 70 anos depois da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “muitos direitos fundamentais são violados ainda hoje”. “E, primeiro dentre eles, o direito à vida, à liberdade e à inviolabilidade de cada pessoa humana”, completou.