PORT MORESBY - Papua Nova Guiné assinou um pacto de segurança com os Estados Unidos nesta segunda-feira, 22, em um esforço de Washington para aumentar a sua influencia na região do Indo-Pacífico e reduzir a presença da China na região.
“Passamos de um relacionamento genérico para um relacionamento específico com os Estados Unidos. Fechamos um acordo de cooperação em defesa”, disse James Marape, primeiro-ministro do país ao lado do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, antes do fórum EUA-Ilhas do Pacífico, que reunirá os líderes de 14 Estados insulares do Pacífico Sul em Port Moresby.
“Estamos trabalhando juntos para moldar o futuro”, disse Blinken, que assinou o acordo com o ministro da Defesa de Papua Nova Guiné, Win Bakri Daki.
O acordo permite o acesso dos Estados Unidos as águas deste arquipélago, próximo às rotas marítimas para Austrália e Japão. Em troca, Papua Nova Guiné terá acesso aos satélites de vigilância americanos.
Blinken disse que os dois países poderão embarcar nos navios um do outro, compartilhar suas experiências e “patrulhar melhor” o mar juntos.
Biden muda planos
A expectativa era que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participasse da assinatura dos acordos, mas o político decidiu retornar a Washington após a cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão, por conta de problemas relacionados ao aumento do limite do endividamento americano.
Biden deve se encontrar com o líder republicano na Câmara, Kevin McCarthy nesta segunda-feira para tentar negociar o impasse que impede a elevação do teto da dívida pública americana e ameaça o primeiro calote do governo federal na história.
Caso o presidente cumprisse a agenda e visitasse Papua Nova Guiné, seria a primeira visita na história de um presidente americano a uma ilha da região.
China
O pacto foi anunciado como um acordo para proteger as fronteiras do país, mas especialistas acreditam que o interesse dos Estados Unidos na região é motivado pelas ambições da China no Pacífico.
O primeiro-ministro da Papua Nova Guiné destacou que o acordo não privará seu país da possibilidade de firmar alianças semelhantes com outras nações, inclusive a China.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse nesta segunda-feira que o seu país não se oporia a “transações normais” entre as nações, mas advertiu contra o uso da cooperação “como pretexto para jogos geopolíticos” no Pacífico.
Saiba mais sobre os impasses diplomáticos entre Washington e Pequim
Relações China-EUA
As relações entre Washington e Pequim estão em seu nível mais baixo em décadas em meio a disputas sobre comércio, tecnologia, direitos humanos e a abordagem cada vez mais agressiva da China em relação a suas reivindicações territoriais envolvendo o governo autônomo de Taiwan e o Mar da China Meridional. As visitas de alto nível do governo foram suspensas e as empresas dos EUA estão adiando grandes investimentos.
Na semana passada, a China condenou um cidadão dos Estados Unidos de 78 anos à prisão perpétua por acusações de espionagem.
Em abril, a polícia americana prendeu duas pessoas acusadas de montar uma “estação de polícia” chinesa em Nova York, e 34 funcionários chineses de segurança pública foram acusados de vigiar e assediar dissidentes que vivem nos Estados Unidos.
As prisões e os indiciamentos indicam “planos de repressão transnacional dirigidos contra membros da comunidade da diáspora chinesa em Nova York e em outras partes dos Estados Unidos”, declarou o procurador-geral do Brooklyn, Breon Peace./AFP
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